Beijo do inferno - Capítulo 27
Depois do trabalho, a saúde de Yohan não estava boa. No começo, não pensou muito nisso porque estava chovendo alguns dias atrás. Mas não demorou muito para perceber que não era apenas um vírus do resfriado. O frio arrepiante e a sensação de uma leve febre aquecendo o interior de seu corpo era algo com o qual ele estava muito familiarizado.
Assim que chegou em casa do trabalho, Yohan foi direto ao banheiro e levou mais tempo do que o normal para se lavar. Quando levantou seu braço e cheirou, pode sentir o aroma do feromônio subindo levemente através do cheiro artificial do sabonete líquido.
Yohan, que estava meticulosamente coberto com loção com cheiro de almíscar por todo o corpo, cheirava a feromônio, caiu na cama sem nem mesmo sacudir a água que pingava de sua cabeça. A cada passo, a água caia como uma trajetória no chão frio de mármore.
‘Droga.’
Ficiu um tempo sem vir, então ficou vigilante, mas ultimamente tem se sentido estranho, mas parece que o cio está chegando. Graças ao seu uso compulsivo constante de inibidores, Yohan nunca teve um ciclo de calor desde sua primeira manifestação. No entanto, era impossível controlar completamente até mesmo com os inibidores.
Como prova disso, ele ainda estava em um estado de mistura de calor e frio dentro de seu corpo.
Um corpo com ciclos de calor irregulares era realmente incômodo. Como de costume, quase nenhum feromônio foi liberado, então Yohan ainda foi capaz de viver sua vida como um beta. A maioria dos bartenders de Lilin eram alfas, mas ninguém notou que Yohan era um ômega. Não queria nunca mais ser o objeto sexual dos alfas.
Foi uma sorte para ele. Então era melhor cuidar de si mesmo nesta temporada.
Yohan engoliu o inibidor e a pílula para dormir ao mesmo tempo e se jogou na cama confortável. O interior, que mantém automaticamente a temperatura ideal, era agradável e a roupa de cama macia e perfumada era extremamente confortável.
De repente, lembrou-se do apartamento no Queens. O apartamento estreito, velho e infestado de insetos era tão frio quanto no meio da Sibéria no inverno e quente como se tivesse caído no Saara no verão. Na cobertura, onde tudo é controlado em perfeitas condições, era impossível até comparar desde o início.
—Hmph….
Um desanimado gemido escapou de seus lábios. Sentiu uma raiva indescritível quando Valentine o tirou de sua casa, mas apesar disso, não era capitalista, porém o dinheiro parecia ser o melhor. A mente ainda estava desconfortável, mas o corpo magro parecia ter se acostumado ao conforto. Mesmo que seja algo que não deveria se acostumar.
‘Mas agora estou, honestamente, feliz…’
Em reconhecimento a esse fato, Yohan se cobriu com um cobertor macio. Amanhã estava de folga de qualquer maneira, e se ficar deitado na cama o dia todo, logo se sentirá melhor.
Assim que o efeito medicinal começou a fazer efeito, sua cabeça caiu pesadamente e sua razão gradualmente ficou turva. Yohan mergulhou no mundo do inconsciente. O sono forçado, tomando emprestado o poder das drogas, levava a uma sensação semelhante à letargia, em vez de revigorante.
No meio da confusão, como se apenas o tempo tivesse sido cortado, Yohan vagou por um pesadelo. Foi um toque débil que levantou a consciência que vagava sem rumo em várias direções. Alguém estava acariciando seu cabelo com uma mão gentil.
A mente, que havia afundado no fundo do inconsciente, foi trazida à superfície. As pálpebras fortemente fechadas tremeram e lentamente se ergueram. A primeira coisa que Yohan notou quando acordou foi algo loiro que refletia branco na luz fraca.
Será que os fragmentos da mente não foram completamente recuperados? Quando Yohan viu Valentine, ele sentiu que era o esperado e não se surpreendeu. Seu cabelo, ainda úmido, estava enrolado frouxamente em torno de seus dedos.
—Urgh…
Yohan afastou a mão de Valentine e inclinou a parte superior de seu corpo para o lado. Então, deitado de bruços, ele colocou a cabeça no travesseiro e murmurou como um gemido.
—Se vai entrar…
—Fiquei preocupado porque não atendia o telefone.
Depois de ouvir as palavras de Valentine e bocejar por um longo tempo, Yohan conseguiu abrir os olhos novamente. A sala, que estava coberta por uma cortina blackout, estava tão escura que era difícil dizer, exceto pela silhueta.
‘…Que horas são? Vendo o desgraçado aqui, deve ser por volta das sete horas.’
Yohan gaguejou, segurando o celular na mão, pensando ao acaso. E no momento em que ele verificou a hora no LCD, seus olhos se arregalaram. Inacreditavelmente, já passava das duas da tarde. Além disso, dezenas de chamadas perdidas foram gravadas, todas de Valentine. A última ligação foi às seis da manhã.
Não é possível que…
Yohan pensou que era impossível, mas perguntou a ele, incapaz de fazer qualquer coisa com suas sobrancelhas contorcidas.
—Você vai trabalhar?
—Irei em breve.
—Louco vagabundo.
Em resposta a uma resposta que não foi além das expectativas, Yohan cuspiu um palavrão reflexivo. Quer dizer que ele não foi trabalhar, e ficou assistindo-o dormindo desde da manhã? Arrepios e absurdos levaram Yohan a rir.
—Desde quando você está aqui?
—Bem, por volta das sete horas.
—Se fizer isso, a empresa não vai falir?
O sensor de luz ficou preso no dedo estendido. Quando toquei no interruptor, a sala que estava trancada na escuridão de repente se iluminou. Mesmo com a luz fraca, seus olhos estavam ofuscados, e Yohan soltou um gemido e virou a cabeça. Enquanto esfregava os olhos ardendo, Valentine perguntou com uma voz rouca.
—Você está preocupado?
—…
Valentine, que esperou por um momento por uma resposta no silêncio de descarado desprezo, acrescentou como se não tivesse escolha a não ser dar uma desculpa.
—De qualquer maneira, a empresa será minha, então, está tudo bem.
—…
—E coisas importantes foram feitas aqui.
Como ele disse, havia um laptop sobre a mesa. Ter um homem trabalhando no escuro com uma pessoa morta ao seu lado, era apenas deprimente. Yohan não escondeu seu descontentamento e saiu da cama. Valentine disse às suas costas, que se virou sem nenhum arrependimento.
—Eu estava preocupado com o que poderia ter acontecido com você.
—Argh. Você não fez as pessoas relatarem cada movimento que eu faço?
Observando Valentine fechar a boca como uma concha em resposta ao fato de que ele havia se virado, Yohan percebeu que ele realmente o havia vigiado. Então ele ficou quieto esse tempo todo. Yohan mastigou um sorriso de escárnio e enfiou as pernas nas calças que havia pendurado na cadeira. Ele nunca sonhou que Valentine viria, então ele estava vestido com apenas uma cueca boxer.
Estar quase nu o fez sentir impotente. Além disso, é na frente de Valentine. Um olhar relutante o apunhalou pelas costas, mas Yohan não mostrou nenhum sinal e abotoou a camisa na mesma velocidade de sempre. Parecia que ele iria morder a nuca se descobrisse que estava nervoso.
Enquanto Yohan passou os dedos no cabelo de qualquer jeito e se virou, seus olhos o seguiram como se estivesse esperando. Yohan disse para Valentine com os braços bem abertos de propósito.
—Agora que já viu que eu estou bem, pode ir.
—Eu não pude comer nada porque estava esperando você acordar…você gostaria de almoçar juntos?
—Não.
Yohan rejeitou sem rodeios a oferta de Valentine. Mesmo que ele estivesse na mesma condição de sempre, ele nem queria fazer uma refeição com ele. Quanto tempo dura o cio? Impaciente, Yohan apressou Valentine e o levou para fora do quarto. Percebendo que não havia espaço para concessões, Valentine tinha uma expressão insatisfeita no rosto, mas não conseguiu superar o impulso de Yohan e deu um passo relutante.
De pé na frente da porta da frente, Yohan avisou Valentine de forma taxativa.
—Da próxima vez, por favor, não entre sem avisar.
—Ok.
—Errei. Apenas não venha, é melhor.
—Não posso concordar com isso.
—Foda-se, vo…
—A propósito, Yohan.
—O que?
—Posso te perguntar uma coisa?
Valentine agarrou a maçaneta com a mão, rapidamente. Ao contrário de sua atitude calma como se não fosse contra a vontade de Yohan, o que apareceu em seus olhos azuis pálidos foi uma frieza que estava perto de congelar. Mas antes que Yohan pudesse reagir, Valentine, que voltou como era de costume, perguntou em um tom leve.
—Quem é Malissa?
—O que?
—Eu me pergunto por que ela quer te ver.
Ele deve ter olhado para o celular enquanto dormia. Considerando o temperamento de Valentine, não era muito surpreendente. No entanto, a ousadia de fazer perguntas sem esconder o fato de que aconteceu foi além das expectativas. Incapaz de decidir se ficava com raiva ou se ria, Yohan calou a boca.
Como disse Valentine, Malissa entrou em contato com Yohan alguns dias atrás. Foi uma saudação leve, como se preocupar em não vê-lo por um tempo, perguntar se ele estava bem e querer falar sobre coisas que não poderiam ser feitas mais cedo ou mais tarde. Terminaram a conversa com uma breve resposta de agradecimento, e parecia que ele havia lido.
Malissa era uma pessoa gentil por natureza e, acima de tudo, estava apaixonadamente em um relacionamento com Alexa. Yohan poderia ter graciosamente contado a Valentine sobre isso.
—Você provavelmente já sabe o motivo.
Yohan sabia que Valentine não estava perguntando porque ele realmente não sabia. Ele só queria ter esse fato confirmado por sua própria boca. Mesmo que ele não tenha mais o direito de se questionar dessa maneira. Não, ele nem sabia que tal direito não existia em primeiro lugar.
Sentindo que o julgamento foi distorcido, Yohan perguntou provocativamente.
—Se você for um encontro, o que você faria?
A expressão de Valentine endureceu ligeiramente. Na agitação momentânea que ele revelou, Yohan sorriu com uma sensação de satisfação.
—Não se preocupe com minha privacidade.
—Não minta.
A voz que veio em negação sem dar uma pausa foi resoluta. O tom assertivo que nem abriu a possibilidade tocou o senso de direito de Yohan. Os olhos de Yohan, que vinha mantendo uma atitude relaxada até pouco tempo atrás, mudaram.
—Você parece bem confiante, mas e se eu te decepcionar?
Yohan, que reprimiu seu coração zangado, deliberadamente fingiu estar sorrindo e inclinou a cabeça em um ângulo.
—Não é um encontro como eu disse, mas…você está certo de que ela está interessada.
Uma tempestade soprou nos olhos, que haviam afundado mais do que o normal. A emoção que o enchia era sem dúvida a hostilidade. Depois de um momento de silêncio, Valentine lentamente fechou os olhos e os abriu. Os lábios vermelhos se abriram lentamente e uma voz gélida saiu.
—Você acha que eu sou um idiota que não sabe de nada?
—…O que?
—Eu já sabia que aquela mulher era prima de Joseph.
Olhando para o rosto sério, Valentine sorriu.
—Malissa O’Connell, Parsons completando seu segundo nome. Seu pai é diretor do Departamento Federal de Educação dos EUA e sua mãe é professora do Departamento de Psicologia da Universidade de Nova York. Atualmente, moram separadamente perto de Greenwich Village, e há outra coisa.
Olhando para Yohan que estava congelado como uma pedra, Valentine ainda aumentou o espanto de Yohan.
—É uma ômega dominante.
—…
—Quanto você sabe sobre ela?
—…Não faça nada assustador.
Uma faísca brilhou nos olhos verdes de Yohan. O início foi uma brincadeira leve misturada com mal-humor. Mas não importa de onde veio o gatilho, Valentine estava pressionando Yohan seriamente. Ao contrário do passado, ele agora tem o poder de executar o que quer que tenha em mente. Como ele conhece esse fato? Valentine pressionou Yohan, que estava sem palavras.
-Me responda, Yohan.
Yohan contorceu os lábios. Valentine, que tinha terminado de pesquisar sobre Melissa no breve momento em que ele dormiu, não conseguia acreditar que havia algo mais do que amizade entre eles. No entanto, Valentine não pode tolerar o fato de Yohan ter demonstrado interesse por ela.
…Ela não merece isso.
Yohan queria rir de Valentine, mas se sentia distante do fato de que a possessividade que o sufocou no passado ainda está viva e passa bem. Como se o medo que havia sido suprimido o tempo todo estivesse esperando, subiu pelo tornozelo de Yohan e o fez sentir calafrios até os ossos. Sua respiração estava curta e seu coração estava batendo de forma irregular. Yohan evitou o olhar de Valentine e suspirou.
—Se não vai sair, pois então fique, eu estou saindo.
Um cão assustado sempre o mostra os dentes. Sabendo disso, Yohan, que perdeu a compostura, rosnou. No entanto, ao passar por Valentine, Yohan agarrou seu pulso. Olhos forçados se encontraram no ar. Os lábios de Valentine se curvaram enquanto ele examinava lentamente o rosto de Yohan, coberto de raiva e medo.
—…Me deixe ir.
Yohan não escondeu sua hostilidade e falou como se tivesse cortado sílabas. Mas Valentine estava imóvel.
—Você ainda não respondeu.
—Eu disse para você me deixar ir.
—Responde. O que ela sabe sobre você?
Após o reencontro, Valentine não perdeu para nenhuma provocação de Yohan. Mas, apenas ter o nome de uma mulher entre os dois faz sua paciência inflamar tão facilmente. A expressão de ciúmes de Valentine os lembrou de sua adolescência, chafurdando sem tabus. O momento em que trocaram livremente seus sentimentos crus um com o outro.
Os cantos dos olhos de Valentine refletidos na lânguida luz do sol da tarde estavam vermelhos e mais pálidos do que o normal com emoções não refinadas. Era melhor do que a expressão inexpressiva que ele normalmente usava como uma máscara, mas isso não o fez rir.
Parecia que os nervos que haviam sido estreitamente forjados iriam quebrar a qualquer momento. Yohan suprimiu sua raiva fervente e baixou os lábios. Levantando uma mão para seu cabelo, ele perguntou a Valentine zombeteiramente.
—Quanto você sabe sobre mim?
—…
—As coisas do passado? Eu já nem me lembro disso, me solta.
Como se fosse genuinamente engraçado, Yohan deu de ombros. Um desprezo agudo desenhou vincos no rosto de Valentine. Mas ainda assim, o aperto em seu pulso não enfraqueceu. Yohan deu um tapa no peito de Valentine rudemente.
—Porra, deixa pra lá! Me solta…!
No entanto, após uma breve luta, Yohan estava bastante livre e até suas mãos estavam contidas. Havia uma lacuna de poder intransponível entre os dois. Yohan perdeu a razão e lutou loucamente. Não importa o quão fraco ele fosse, ele ainda era um homem. No final, a força de preensão de Valentine foi liberada devido à força da rebelião, e o braço que não conseguiu superar a força centrípeta balançou descontroladamente no ar.
Paft—!
A cabeça de Valentine virou-se com um som agudo e opressivo. As costas da mão de Yohan também ficaram dormentes em um instante, como se estivesse pegando fogo.
—….
E quando Valentine virou a cabeça novamente, uma ponta de seus lábios macios se abriu e o sangue estava fluindo. Valentine, que lambeu o sangue em seus lábios, olhou para Yohan sem dizer uma palavra. Uma tensão diferente de antes, apertou o ar. Olhando para o pálido Yohan, Valentine sorriu suavemente. Havia uma voz fria e calma.
—Quanto eu conheço você?
—…
—Eu te conheço muito melhor do que você pensa.
—….
—Você está entrando no cio hoje.
Nesse momento, o tempo de Yohan parou, e em um instante tudo ficou quieto.
Fragmentos de memórias coaguladas caíram pelo cérebro endurecido. Lembrou-se vagamente do que aconteceu na primeira aparição. Na noite em que os músculos de todo o corpo se derreteram impotentes como uma boneca que se desprendeu das cordas, e o pavio da razão ardeu até o fundo, Yohan não era o Yohan, mas não era Yohan beta. Era o poder de um feromônio que só poderia ser chamado de demoníaco que o destruiu até o fundo.
Se algo assim acontecer novamente…
O interior de seu punho encharcado de suor frio estava escorregadio. Yohan, que ficou em pânico por um momento, soltou um suspiro curto que parou involuntariamente e abaixou a cabeça. O foco, estreitado pela tensão, fazia os objetos parecerem sobrepostos. Ele estava tentando acalmar sua mente de alguma forma.
‘Eu sou diferente do passado.’
Também tomou o inibidor e vai ficar tudo bem. Então, como prova disso, ainda está sendo racional…
—Yohan, você conhece a mulher que você está interessado?
Valentine está um passo mais perto de Yohan, que de alguma forma está tentando manter a sanidade. Ele olhou para o rosto endurecido de Yohan e sorriu suavemente. Lábios que estavam perto o suficiente para tocar seu ouvido sussurravam como se compartilhassem um segredo.
—O fato de você ser um ômega.
Com as palavras que soaram como uma frase, dois olhos se focaram nos olhos de Yohan.
Não que Yohan abraçasse totalmente sua identidade como um ômega, mas isso não significava que ele estava insuportavelmente envergonhado disso. A maior razão pela qual ele escondeu ser ômega daqueles ao seu redor era para se proteger.
No entanto, como um ômega definido por Valentine, ele alcançou seus ouvidos com um som muito desconhecido. Uma vergonha ultrajante agitou seu estômago, e a sensação de fraqueza ilimitada fez meus passos cambalearem. Yohan teve a experiência de ser desmantelado por Valentine por puro instinto, e a dinâmica ainda era válida.
Mas e daí?
…Estou bem agora.
Yohan cerrou os dentes, agarrando sua mente, tão enlameada de medo. Ele sentiu o medo de que Valentine o revelasse a qualquer momento, mas não tinha intenção de fugir como no passado.
Tentou afastar o medo, e forçosamente ergueu o canto da boca. Então levantou sua cabeça e pressionou seus lábios perto de sua orelha, como Valentine fez. Além disso, ele sabia como deixar Valentine bravo. O nome de Valentine foi sussurrado e o sentiu endurecer. Yohan continuou sem esconder seu escárnio.
—Por que você acha que um ômega não pode satisfazer uma mulher?
Era um lampejo de veneno que espreitava sob a suavidade superficial. Valentine baixou a cabeça. Olhares em linha reta foram direcionados um para o outro, e respirações turbulentas foram misturadas. Tão perto quanto a ponta de seu nariz podia tocar, Valentine disse em uma voz entorpecida com um sorriso.
—Você está errado, Yohan.
—Claro que você não está errado. Mas agora…estou entrando no cio, sendo assim quero simplesmente ser penetrado várias vezes
Assim que terminou de falar, Yohan, que havia tropeçado em Valentine, agarrou a porta da frente e a virou sem sequer deixá-lo falar. Assim que os pés de Yohan estavam prestes a dar um passo para fora do quarto, Valentine, que já o havia alcançado, o agarrou rudemente. Bang! Com um barulho alto, a porta se fechou atrás das costas de Yohan. Valentine, que havia aprisionado Yohan com os braços estendidos, perguntou com um rosto pálido.
—Onde você está indo?
—Que pergunta idiota.
—Perguntei para onde você estava indo.
—Para onde irá o ômega no cio? Eu preciso achar um alfa decente antes que acabe me deitando com qualquer um por aí.
Com essas palavras, Valentine endureceu como se estivesse coberto de água gelada. Quanto mais ele se agitava, mais satisfeito ficava a satisfação perversa de Yohan. Queria revirar um pouco mais as entranhas de Valentine e, se possível, perfurar seu coração com uma faca. Ele queria dar-lhe uma cicatriz igual ao que ele deixou para trás. Seguindo desejos descontrolados, respostas impensadas saíram da sua boca.
—Caso contrário, eu poderia ser estuprado por você novamente, não é?
Naquele momento, a tensão que estava arranhando seus nervos ao limite instantaneamente congelou. E Yohan sentiu um pouco de decepção.
Porque o que aconteceu naquela época não deveria mais significar nada para ele.
‘…Porra.’
Não deveria ter caído na provocação, mas foi arrebatado pela emoção do momento e revelou demais. Ressentimentos não resolvidos e resíduos de raiva. A sensação de estar nu aqueceu os cantos de seus olhos.
Yohan, que estava brincando com seus olhos vermelhos, finalmente se virou. Não tinha mais confiança para enfrentar Valentine. Foi quando ele saiu como se tivesse acabado de fugir.
—…
Braços estendidos por trás envolveram Yohan. A parte superior do corpo firme tocou as costas que haviam sido puxadas como estavam. Yohan, que momentaneamente endureceu, caiu em si e lutou. O calor do corpo envolveu seu corpo, e sua respiração irrompeu.
—Me solta…
Toda vez que Yohan se movia, feromônios como flores de fogo eram espalhados. Tomar o inibidor não lhe deu controle total sobre o aumento da temperatura. O feromônio não refinado fluiu do corpo, que perdeu o controle devido à excitação, em uma concentração maior do que o normal.
—Me deixa…
Yohan murmurou um pouco. Gaguejou por causa de sua língua endurecida como um pedaço de madeira. A voz fina e trêmula parecia fraca até para ouvir a si mesma.
—…Eu disse para você me soltar.
Yohan protestou, mas Valentine só deu força ao braço que o segurava. Sentindo o corpo convulsionando em seus braços, Valentine sussurrou.
—Desculpe.
—…
—É minha culpa.
—…
—Por causa da minha impaciência, eu errei.
Lentamente inclinando a cabeça, Valentine descansou sua testa na nuca. Cabelos loiros esvoaçantes espalhados sobre a pele pálida. Yohan gemeu, mas Valentine não relaxou os braços que o seguravam.
—Pode me xingar, me bater. Você não tem que aceitar minhas desculpas.
—Urgh…
—Mas,Yohan…me desculpa.
O constante derramamento de feromônio gradualmente enfraqueceu o corpo de Yohan. Quando estava estável até certo ponto, suas lágrimas fluiram sem parar. Yohan mordeu os lábios, tentando de alguma forma engolir as lágrimas. Porque não poderia mais provocar Valentine. E Valentine, que deve ter percebido, não disse nada.
Felizmente, foi capaz de evitar o choro. Preso nos braços de Valentine, Yohan soltou um longo suspiro, meio pesado e meio exausto. Estava se sentindo aliviado ou frustrado? Pensou mas não encontrou resposta.
Mas pelo menos uma coisa era certa. O medo que sentia quando estava com Valentine não se tornou realidade. Ele não estrangulou Yohan, o esmagou, ou tomou contra sua vontade e satisfez sua luxúria. Em vez disso, se desculpou pelo erro. O ombro, endurecido pela tensão, relaxou lentamente.
—…Solta.
Há quanto tempo estão assim? Yohan murmurou impotente, agarrando Valentine pelo pulso. Valentine, que queria resistir desta vez, caiu facilmente. Olhando um para o outro, Yohan apertou os olhos com força. Não havia mais energia para desperdiçar devido a luta inútil, e a voz que fluía pelos lábios seguindo esse sentimento estava travada.
—Eu preciso descansar.
—…Sim.
Valentine assentiu, e Yohan silenciosamente se virou. Ele estava prestes a ir.
—Yohan.
Quando Yohan virou a cabeça com uma expressão vazia no rosto, Valentine se aproximou dele. A mão que se estendeu cuidadosamente alcançou as costas da mão de Yohan como se hesitasse. Sem nenhum sinal de aceitação ou rejeição, Valentine, que segurava sua mão, inclinou a cabeça. Seus lábios macios perderam o sangue e tocaram as costas frias de sua mão.
—Para mim, você é a pessoa mais importante.
Uma voz baixa flutuou lentamente pela sala.
—Mas você pode me deixar a qualquer momento.
—…
—Irei apenas seguir com minha ansiedade.
Com a cabeça baixa, ele não podia dizer que tipo de expressão Valentine estava fazendo. Yohan, que piscou sem entender, torceu a sobrancelha. Como se uma pedra estivesse alojada em sua garganta, ele não podia negar nem afirmar as palavras de Valentine. Valentine não abriu a boca mais do que isso, se ele estava esperando uma resposta ou algo assim.
No vácuo depois que tudo foi varrido, as sombras dos dois se estenderam por muito tempo.
*
Naquele dia, Valentine não foi trabalhar. Não estava realmente fazendo nada. Ele apenas ficou sentado quieto com uma expressão caída e observou Yohan. Yohan se afastou dele, mas não o incitou a sair. Um dia como nenhum outro passou em uma estranha tensão.
Yohan se deitou novamente quando o sol se pôs e, quando estava prestes a adormecer, sentiu um toque suave em sua bochecha. No entanto, o sentido vago logo evaporou sem deixar vestígios. Na manhã seguinte, quando Yohan acordou, Valentine já havia desaparecido, e junto calor que ele havia sentido.
Graças a um bom descanso, sua condição voltou ao seu estado original. Yohan pendurou seu corpo na cabeceira da cama e caiu em silêncio em pensamentos.
‘Ainda tenho tempo antes de ir trabalhar, o que devo fazer…’
Depois de hesitar por um tempo, Yohan imediatamente deixou seu assento e se levantou. Depois de um breve banho, ele saiu da mansão. O sol do meio-dia queimava a cidade.
Yohan estreitou os olhos e olhou para o céu. Seu cabelo fino estava despenteado ao vento e brilhava intensamente. O lugar para onde Yohan se dirigia era o High Line Park. Como fazia em Monterrey, costumava observar as pessoas quando estava em apuros. O tempo voa quando pensa em quão diferente é deles e como eles são tão iguais uns aos outros.
Misturado com turistas, estudantes e cidadãos, Yohan caminhou lentamente pela estrada do parque. Transeuntes, as águas do rio Hudson brilhando ao longe, o sol abrasador do verão…gradualmente, a sensação normal voltou.
Já passava da hora do almoço quando Yohan, que estava andando pelas ruas, mudou-se para o Chelsea Pier. Com um sanduíche, água e um livro que comprou por impulso, caminhou até um banco vazio. Como já foi uma marina, perto do cais, grandes e pequenos iates estavam atracados e balançando ao longo das águas calmas.
Yohan deu uma grande mordida no sanduíche e abriu o livro. A escrita começou com uma introdução interessante para um romance de mistério para matar o tempo. Foi quando tinha acabado de ler sobre um capítulo do romance. Yohan levantou a cabeça para descansar um pouco e percebeu tarde demais que alguém estava olhando para ele.
—…
Um homem estava sentado no banco em frente. Devia ter trinta e poucos anos, era uma expressão imprópria para uma pessoa, mas parecia um cachorro derrotado. Seu cabelo ondulado estava desorganizado sem pomada, e seu terno estava amarrotado. Parecia que ele bebia álcool quando olhou aí redor, esbugalhou os olhos.
Ele não parecia uma pessoa normal. A convicção de Yohan foi reforçada pela grosseria de não virar a cabeça mesmo que seus olhos se encontrassem. Sabendo ou não de sua vigilância, o olhar do homem moveu-se lentamente do rosto de Yohan para o sanduíche. Ao mesmo tempo, a garganta do homem engoliu em seco.
‘Ah… será que ele está com fome?’
Era compreensível que o homem fosse um sem-teto por algum motivo e não pudesse lutar contra a fome. Depois de hesitar por um momento, Yohan sacudiu levemente a metade do sanduíche que não havia sido tocado. Então os olhos do homem se arregalaram. O homem, que estava rígido por um momento, caminhou até Yohan.
—Isso é para mim?
O homem que viu de perto era mais alto do que pensava e, surpreendentemente, sua aparência e voz estavam intactas. Não havia sensação de confusão nas roupas que ele estava vestindo. Então ele não é um sem-teto. Yohan assentiu em dúvida. Então um olhar interessante brilhou nos olhos do homem. Sem pedir sua permissão, sentou-se ao lado de Yohan e perguntou com curiosidade.
—Eu pareço um mendigo?
—E não…é?
Yohan parou de falar e franziu a testa. Parecia que ele havia bebido álcool, e o cheiro de álcool forte flutuou pelo hálito do homem. O homem tinha uma aparência limpa como se estivesse bem conservado, mas olhando para a vermelhidão e a tez escura característica de um homem bêbado, parecia que ele não estava saudável por dentro.
—Você estava olhando para o sanduíche com olhos cobiçosos.
O homem fez uma pausa como se tivesse ficado surpreso com a resposta direta de Yohan. Mas por um momento, ele explodiu em uma risada agradável. O homem que balançou a cabeça fez a pergunta com uma voz cheia de riso.
—Foi tão óbvio?
—Um pouquinho. Se estiver tudo bem e quiser comer…aqui está.
Quando Yohan ofereceu meio sanduíche empilhado em papel oleado, o homem que estava olhando para ele não hesitou e estendeu a mão. O homem que deu uma grande mordida no sanduíche resmungou e depois comentou: “O gosto é bom”.
Em vez de responder, Yohan deu de ombros. Era hora de trazer seu olhar de volta para o livro que estava lendo. Talvez ele estivesse interessado, o homem falou com ele novamente.
—Eu estava com fome, mas não era só isso. Um jovem lendo um livro e depois olhando para o rio Hudson a esta hora, na verdade, meus olhos estavam nele. Você é um estudante?
Yohan sorriu levemente e balançou a cabeça.
—Desculpe desapontá-lo, mas eu não sou um estudante. Para ser honesto, eu nem terminei o ensino médio direito.
O homem não escondeu sua expressão de surpresa e enxugou o queixo.
—A história parece bem longa, o que é surpreendente. Ah, não se ofenda. Na verdade, essa não é a questão principal. O que eu quis dizer é que a sensação de relaxamento que você sentiu foi boa.
Yohan sorriu brevemente, sem saber o que dizer. O homem virou a parte superior do corpo para ele como se fosse ter uma conversa séria. A luz do sol de verão caiu sobre seus ombros largos.
—Então o que você estava fazendo aqui? Descanso?
—Eu posso dizer isso. Mas não posso dizer o mesmo sobre você.
—…
—Eu acho muito suspeito encontrar alguém assim no parque ao meio dia.
—Bem, eu admito isso.
O homem ergueu os lábios obliquamente e reconheceu humildemente. Então ele olhou para Yohan com seus olhos perscrutadores e murmurou um som desconhecido.
—Onde você me viu antes?
—Hm? Te ver…eu?
—Ok. É o suficiente.
Ele é um homem difícil de entender. Com esse pensamento em mente, Yohan baixou o olhar para o relógio. Não foi muito agradável ter o descanso tão esperado sendo interrompido. Foi onde ele disse um adeus adequado e estava prestes a sair.
—Em um momento como este, não é muito bom ver um homem bêbado desleixado. Eu sei.
—…De fato.
—Alguma vez você já se sentiu assim?
—Como você?
Sem saber, Yohan perguntou, e ele calou a boca, mas era tarde demais. Na conversa que se seguiu, ele calmamente abaixou as nádegas no banco. O homem olhou para o rio com os olhos semicerrados como se quisesse organizar seus pensamentos. A superfície calma da água brilhava como pó de ouro.
O homem que ficou em silêncio por um tempo murmurou em voz baixa.
—Achei que eu era apenas um fardo para as pessoas ao meu redor, mas tenho medo de que não esperem nada de mim…
—…
—Ao mesmo tempo, sinto que a pessoa que me deixa mais infeliz sou eu mesmo.
—….
—É por isso que eu bebo, para fugir da realidade.
Uma conversa muito íntima para a primeira vez que se encontraram deixou Yohan confuso. Ainda assim, a razão pela qual ele não podia sair era porque ele também parecia entender até certo ponto a frustração que um homem sente.
‘Talvez seja…porque eu já passei por isso.’
Apesar de não ter uma personalidade tão emotiva, Yohan, cujo coração estava pesado por uma série de acontecimentos recentes, reagiu de maneira inusitadamente dócil.
—Eu sei como você se sente. Também tive alguns contratempos até agora.
O homem ergueu uma sobrancelha e fez uma pergunta.
—Isso significa que está no presente contínuo?
—Hm, na verdade, ainda não sei a resposta. ainda…
—…
—Primeiro de tudo, preciso sobreviver, se não, poderá ser o fim de tudo. Se você perseverar de alguma forma, outra oportunidade virá.
As últimas palavras não foram suficientes nem para ouvir a si mesmo. Yohan, que tinha ficado tímido, sorriu sem jeito e torceu a parte de trás do nariz. Seu próprio conforto e simpatia superficiais, ficou claro que não seria de nenhum conforto para aquele homem, mas pensou que tinha feito algo de valor.
—É sobrevivência…
No entanto, ao contrário dos pensamentos de Yohan, o homem permaneceu em silêncio por um momento com uma expressão séria no rosto, então gentilmente ergueu a ponta dos lábios.
—Isso mesmo. Quem sobreviver até o fim será o vencedor.
—O que…
—Tenho me sentido muito mal ultimamente, mas hoje me sinto um pouco confortado. Obrigado.
—Eu realmente não fiz nada.
—Estou falando sério.
Quando Yohan, que estava envergonhado, evitou seu olhar, o homem sorriu.
—Você disse que não era um estudante, então você está trabalhando?
Yohan revirou os olhos. Achou que seria melhor envolvê-lo com moderação, mas por algum motivo não queria fazer isso com esse homem. Nesse meio tempo, houve mesmo um sentimento de solidariedade entre os perdedores? No final, enquanto pensava em auto-ajuda, Yohan confidenciou honestamente.
—Hm, eu trabalho em um bar.
—Esse lugar é famoso?
—Chama-se Lilin e é um bar na cobertura perto da Madison Square.
—Ah…então você é garçom? Ou um gerente?
—Nem um e nem outro, eu sou um barman. Então, hum…se vier fora do horário de expediente dia de semana, posso oferecer-lhe um coquetel de cortesia. O que me diz?
A favor de Yohan, o homem sorriu e acenou com a cabeça de boa vontade. Então, de repente, ele estendeu a mão.
—Meu nome é Finn.
—Eu sou Ethan.
—Ethan, foi um prazer conhecê-lo. Também fiquei grato por não ter perdido a gentileza com convidados indesejados.
Deve ter havido uma sensação de incomodo. Yohan sorriu amargamente e apertou levemente sua mão estendida. Mas agora, realmente, não havia mais nada para conversar com ele. Yohan se levantou e disse para Finn, que olhou para ele.
—Acho que devemos ir devagar agora. De qualquer forma…espero que o que você está fazendo agora dê certo.
—Haha, obrigado. Que a deusa da fortuna esteja com você também.
Depois que Yohan desapareceu, Finn sentou-se sozinho e comeu o resto do sanduíche. Pão, presunto e preço baixo eram óbvios, mas a verdade era que eram comestíveis.
—Eu sou Ethan…
Finn, que tem forte auto-estima, não era muito bom em aceitar conselhos de outras pessoas. No entanto, a sensação de ser consolado por um estranho não era inesperadamente ruim. Ele disse Ethan? Foi uma reunião única, mas ele era um cara legal. Finn enfiou o último pedaço de pão na boca e tirou um celular vibrando, limpando o molho de mostarda de seus lábios com o polegar. O nome de Hobbes estava circulando.
—O que aconteceu?
[Vice-presidente, acho que deveria voltar ao escritório.]
Com as próximas palavras de Hobbes, os olhos de Finn, que estavam lânguidos um momento atrás, mudaram. Mesmo que ele fosse um incompetente sem habilidades de gerenciamento, a base básica era a lei inata.
—Vamos.
Finn se levantou de seu assento, e os guarda-costas que estavam esperando fora da vista dele o seguiram. Finn deixou o Pier 45 sem demora. O pesado Lincoln parou na frente dele como se estivesse esperando.
Finn lentamente escovou o cabelo dele para cima enquanto suas pernas se dobravam na porta que o motorista abriu. A pequena pausa acabou.
Mais uma vez, uma luta para salvar um pouco de carne daquele maldito cardume de piranhas iria começar.
***
A última vez que Joseph, depois de um tempo sem aparecer em Lilin, apareceu depois de muito tempo, foi por volta da meia noite, a transição de sexta para sábado. De pé, ele fez contato visual com Yohan e perguntou: ‘Você está ocupado?’ Yohan balançou a cabeça levemente e murmurou, ‘Espere por mim.’ ele tirou o avental e chamou a atenção de seus colegas batendo na mesa.
—Vou descansar por uma hora. Está bem?
—Sim, tudo bem, venha ao final dessa hora.
—Ok, obrigado.
Yohan saiu do bar e se aproximou de Joseph. À medida que a distância diminuía, a expressão determinada de Joseph tornou-se mais clara. Yohan, que tinha um senso de humor brincalhão em sua flagrante falta de jeito, inclinou a cabeça e encontrou seu olhar de baixo, como havia feito antes. Seus olhos dourados vibraram como se ele tivesse sido atacado por um golpe repentino.
—Por que você está agindo como da primeira vez que nos conhecemos?
Em vez de responder, Joseph desviou o olhar. Yohan, que parecia ser capaz de adivinhar o motivo de seu comportamento estúpido, engoliu uma risada. Parece que a última reunião, que foi desajeitada, o deixou rígido. Mas Yohan fez o contrário. Assim que abriu seu coração, a intimidade que havia sido deliberadamente reprimida veio à tona.
—Você comeu?
—Eu comi antes…
—Estou com fome. Você não vem?
Joseph esfregou a barriga com a mão, raramente confuso.
—Sério?
—Então vamos sair um pouco.
Sem esperar pela resposta de Joseph, Yohan saiu primeiro do bar. Eles foram para um restaurante de fast food 24 horas perto de Lilin. Quando puxou a porta de vidro com impressões digitais, um cheiro úmido e oleoso tomou conta dele. Parado no final da fila, Yohan virou-se para Joseph e deu de ombros.
—Não tem para onde ir a esta hora. Eu sou um jovem mestre como você, jamais comeria em fast food assim.
—Não fala assim.
Vendo Joseph franzir a testa, Yohan riu. Embalando um conjunto de hambúrgueres, os dois foram para o Madison Square Park. O calor do meio-dia havia diminuído e a atmosfera estava um pouco mais fria. Era uma noite com o cheiro de grama fresca em cada brisa. Sentado no banco em frente ao parque, onde a porta estava firmemente trancada, Yohan agitou o saco de papel. Então ele entregou o hambúrguer para Joseph, que ainda estava de pé.
—Pega.
—…Obrigado.
Joseph, que parecia hesitante, finalmente aceitou o hambúrguer que Yohan havia oferecido. Então eles se sentaram lado a lado e começaram a comer hambúrgueres. Se conheceram há mais de dez anos, mas foi a primeira vez que comeram juntos dessa maneira. Depois de perceber esse fato, Yohan sentiu uma sensação estranha.
Ele, que engoliu a Coca e limpou a boca, olhou para Joseph. Talvez um hambúrguer barato não agradasse ao seu paladar, então Joseph estava pensando intensamente em algo, segurando o meio pão na mão. Yohan jogou as batatas fritas, Joseph franziu a testa e limpou o sal de suas roupas. Seu rosto descontente o lembrou de seus dias de Heritage. Yohan sorriu brilhantemente.
—Por que está tão sério?
Joseph não disse nada. Olhando para ele com a boca fechada e olhando para longe, parecia que algo o estava incomodando. No entanto, ele não parecia disposto a dizer se perguntasse, então Yohan mudou de assunto.
—A propósito, por que você está aqui tão tarde? Beba também.
Ao ouvir essas palavras, Joseph fez uma pausa e esfregou sua bochecha com vergonha.
—É chá?
—Tem cheiro de álcool.
—Porra.
Em resposta à resposta de Yohan, Joseph cuspiu um palavrão ultrajante. Ele pendurou os braços sobre os joelhos e inclinou a cabeça. Yohan olhou para Joseph com um humor incrédulo, mas as costas largas cercadas por uma camiseta branca não davam nenhuma dica. Joseph, que estava calado, murmurou melancolicamente.
—Eu sou um idiota.
—O que?
—Você veio até aqui depois de beber.
—Por que? De qualquer forma, vim aqui para uma bebida…
—Não é desse jeito.
Joseph levantou a cabeça. Então ele continuou falando com uma voz que estava cheia de hesitação.
—Quero dizer, você…você me chamou de amigo.
Yohan assentiu sem pensar duas vezes.
—Sim, foi.
—Você sabe que traçou um limite.
—O que?
—Eu…o que você acha?
Com a pergunta direta, Yohan endureceu sua expressão como se tivesse sido atacado. Lendo a resposta silenciosa do embaraço que ele havia revelado, Joseph ergueu um canto da boca.
—Não se preocupe. Porque eu já sabia.
—…
—Só achei que deveria ter certeza.
A voz que respondeu assim era bastante mundana. Yohan piscou os olhos lentamente com a clareza de não sentir nenhum remorso. Esse era realmente o único propósito? Parecia estranho pensar assim, mas Yohan assentiu lentamente.
—Ok…
Mas logo Yohan teve que quebrar sua expressão. Foi por causa do fato de que ele apertou o mais forte que pôde, e um punho branco cheio de força apareceu em cada articulação entrelaçada. Joseph fingiu ser ingênuo, mas suas mãos tensas revelaram o que ele estava tentando esconder.
Sentindo o olhar de Yohan, Joseph afrouxou o punho cerrado e bagunçou seu cabelo. A boca de Yohan olhando para ele estava quebrada.
Por que Joseph não consegue esconder seus sentimentos íntimos?
A honestidade e a falta de jeito de Joseph eram armas eficazes. A parede forte de Yohan, que nem sequer foi arranhada, não parava de tremer na frente dele. Uma emoção que só poderia ser chamada de impulso penetrou em um canto do meu coração amolecido.
Yohan sabia que Joseph era, e sempre será, uma pessoa muito diferente. Ele achava que seus sentimentos por ele também eram uma ilusão. Desde que ele testemunhou uma pessoa cair no inferno, ficou claro que seu circuito emocional foi afetado de alguma forma.
Mas ao contrário da razão pela qual ele disse isso, seu coração sussurrou e encorajou Yohan. Será que Joseph poderá esperar um pouco? Talvez ele possa entender…sem um tempo para controlá-lo, seus lábios, movidos por um impulso momentâneo, moveram-se por conta própria.
—Joseph, na verdade eu…
—…
—Encontrei Valentine.
A expressão de Joseph congelou com a confissão inesperada.
—…O que?
—Não, melhor dizendo, ele me encontrou.
Yohan baixou o olhar e continuou falando. Misturando risos intencionais na esperança de que sua história fosse ouvida um pouco mais leve.
—De alguma forma ele me encontrou. Aquele desgraçado apareceu bem do lado de fora, mas…você sabe que ele totalmente louco.
—…
—Bem, de qualquer forma, o importante é que Valentine me encontrou. O que é irritante é o fato de que está mais louco do que naquela época.
Ele falou levemente como uma piada, mas Joseph não mostrou uma expressão dura em seu rosto. Com uma força mais hedionda do que esperava, a voz de Yohan apagou como uma vela encurtada.
—É…isso.
Foi quando Yohan, que não sabia como falar, terminou a história de uma maneira casual. Joseph, que estava em silêncio por tanto tempo, perguntou em voz baixa.
—Aquele filho da puta tocou em você de novo?
Yohan, que momentaneamente endureceu com a pergunta que continha muitas coisas, balançou a cabeça um pouco atrasado.
—Não, não é isso. Isso que você está imag… não aconteceu nada.
De repente, a voz de Valentine, pedindo-lhe para ficar ao seu lado, passou pela sua cabeça. Como se tentasse se livrar das memórias que faziam cócegas em seus ouvidos como alucinações, Yohan soltou um longo suspiro. As palavras, que ele nem tinha certeza de poder ouvir, fluíram em uma batida lenta.
—Pode ser que…isto nunca mais aconteça.
Joseph, que estava inexpressivo o tempo todo, deu um sorriso torto.
—Você confia naquele desgraçado?
—…Não é isso.
Um silêncio frio se arrastou entre eles. Foi Joseph quem quebrou o silêncio desconfortável primeiro.
—Você gostaria de ir para minha casa?
—O que…?
—Acho que seria bom.
Yohan não conseguiu esconder sua expressão trêmula com a sugestão inesperada. Esperava tanto conforto e interesse quanto perguntar se estava tudo bem ou o que fazer a seguir. Porque isso parecia ser o suficiente. Mas…Joseph acrescentou como desculpa como ele interpretou o silêncio de Yohan.
—Só estou dizendo isso por precaução, mas não duvide da intenção. Pelo menos estou dizendo isso porque acho que é mais seguro do que ficar sozinho. Porra…por que eu tenho que inventar desculpas para isso?
Como se suas palavras não fossem suficientemente claras, Joseph torceu a testa e fechou a boca. Um leve sorriso como fumaça pairava sobre o rosto de Yohan, que o encarava.
—Joseph.
—…
—Você deve ter realmente se tornado um filantropo.
Com as palavras de Yohan, Joseph fez uma expressão que ele conhecia. Ele murmurou para si mesmo com uma voz rouca.
—Você sempre foi assim.
—Obrigado.
—…
—Sou grato…sinto que já estou melhorando.
Yohan ergueu os joelhos e os colocou no banco, cruzando os braços sobre eles. Ele murmurou lentamente enquanto olhava para o prédio em frente, com o queixo erguido frouxamente, como se tentasse organizar seus pensamentos.
—… Eu vou ficar bem, por enquanto.
Não era algo muito bom, mas queria acreditar que sim. Em vez de dizer a verdade, Yohan continuou seu discurso em um tom para convencê-lo.
—Não tenho certeza, mas sei que não posso simplesmente fugir para sempre.
—…
—Isso vai acontecer de novo e de novo até ver Valentine e o verdadeiro fim, de alguma forma. Eu ainda estou perdido, mas…mas eu não vou fugir disso. Estou cansado de sentir que minha vida está sendo influenciado por alguém. É isso que eu quero dizer Joseph.
Yohan olhou para Joseph com a bochecha no braço. A brisa fresca sacudiu seus cabelos finos. Os olhos de Yohan se iluminaram por um instante com o farol de um ônibus que passava por eles, depois se apagaram vagamente.
—Não posso me dar ao luxo de me preocupar com mais nada porque estou muito sobrecarregado com minha situação atual. Até mesmo sobre você.
—…
—Desculpe.
Numa recusa mais direta do que antes, Joseph encarou Yohan com uma expressão incompreensível no rosto. Depois de ficar em silêncio por um tempo, ele abaixou a cabeça e encontrou seu olhar da mesma altura que Yohan. Foi um leve sorriso que roçou os brilhantes olhos dourados.
—Eu sei o que você quer dizer.
—…
—Então, não vou mais falar sobre isso, não pense mais nisso.
Enquanto Yohan fazia uma pausa, uma mão se aproximou e afastou o cabelo que caía de seus olhos. Yohan piscou com o toque que tocou seu rosto e se afastou por um momento.
—Pense na minha proposta. E se for muito difícil, me diga.
Yohan acenou com a cabeça perplexo, e Joseph sorriu. Ao contrário do habitual, Yohan baixou a cabeça enquanto olhava para um sorriso que não tinha emoção. Desconforto não identificado pressionou seu estômago. Ele lambeu os lábios, tentando evitar o desconforto.
—Sabe que você é um perdedor, não é?
—Eu sei. Eu vejo isso nos seus olhos.
Yohan começou a rir com as palavras de auto-afirmação. Ambos os olhos estavam curvados e os lábios finos desenhavam uma curva suave sem resistência. Joseph, que estava olhando fixamente para o sorridente Yohan, apertou a parte de trás de sua cabeça. Não conseguia ver o rosto de Joseph porque forçou sua cabeça para baixo, mas a voz que vinha em seu ouvido tinha uma ressonância mais baixa do que o normal.
—Não ria assim.
—Por que…quer brigar por causa disso?
—Porque me faz sentir estranho.
No final, Yohan conseguiu remover à força o pulso de Joseph, sacudindo o resto de sua risada. Joseph continuou, segurando-o pelo pulso.
—É normal se se sentir assim quando se tem alguém com quem você se importa bem na sua frente.
—…
—O que eu quero dizer é… não importa o quanto você acha que sabe.
Yohan, que estava julgando as palavras de Joseph, imediatamente sorriu levemente e balançou a cabeça.
—Não, Joseph. Você está errado.
—…
—Essa pessoa não sou eu.
Joseph não respondeu, e Yohan permaneceu em silêncio. De repente, sentiu uma batida forte ao longe. Quando se aproximava uma hora, o laser foi ligado em Lilin e luzes coloridas foram espalhadas pelo céu noturno sem nuvens.
Os dois olharam para a luz, pois estavam longe da rua solitária e desolada que contrastava com o telhado esplendidamente brilhante. A rua silenciosa e escura era solitária, mas a atmosfera entre eles era pacífica. Era uma noite sem agressividade.