Irmãos do desejo (NOVEL) - Capítulo 01-2
Capítulo 01-2
-Episódio 1.2-
O Desejo do Meu Irmão Mais Novo
“Não há nada de errado com sua saúde. Para a memória voltar, o tratamento ambulatorial* pode ser melhor do que a internação. As células da memória também são ativadas quando estimuladas no dia a dia. É necessário verificar o andamento da cirurgia, então, por favor, volte em uma semana. Vou te ajudar a marcar o retorno lá fora.”
NT*O tratamento ambulatorial ocorre em clínicas de saúde mental, consultórios de conselheiros, clínicas hospitalares ou consultórios de departamento de saúde local. Ao contrário do tratamento hospitalar, o paciente não passa a noite.
Kyubin teve que dirigir para o hospital, já Eun-bin exigiu vigorosamente alta após quatro dias no hospital. Eun-bin, que esteve chorando e atrapalhando o trabalho das enfermeiras o dia todo por estar frustrado, sorriu alegremente enquanto tirava seu uniforme de paciente, que tinha na estampa o nome do hospital. Vestindo o jeans e a camisa que o irmão mais velho lhe trouxe, ele entrou no carro e se sentou. O irmão mais novo sorriu enquanto Kyubin ajustava pessoalmente a posição da cadeira para ele.
“Uau, eu adoro o seu carro. Você é incrível.”
“Bem, é do meu pai.” Além de seu irmão não ter dinheiro para ter um, ele também não tem dinheiro para pagar o seguro.
A culpa de Kyubin se somava à aparência infantil de Eun-bin, que agora não entendia nada sobre a vida patética de um adulto. Ele ficou pensando no que o médico disse quando perguntou quanto tempo levaria para recuperar sua memória.
“Ele precisa de muito apoio da família. Manter contato com objetos e pessoas que via frequentemente no dia a dia o estimulará e o ajudará a lembrar.”
No final, isso significava apenas que ele não tinha certeza de quando sua memória retornaria. Ele não poderia saber disso mesmo sendo médico? Que merda! Graças a isso, a culpa de Kyubin só aumentou.
Em seu estado atual, Eun-bin não podia nem fazer pós-graduação nos Estados Unidos. O primeiro semestre começa em setembro, ou seja, ele tinha cerca de um mês e meio para recuperar a memória de alguma forma. Caso contrário, se isso continuasse, ele teria arruinado a vida de seu irmão mais novo para sempre.
“Estou com fome”.
Vendo Eun-bin sem o cinto de segurança, Kyubin estendeu a mão.
“Tem alguma coisa que você queira comer?”
Ele puxou o cinto de segurança. Eun-bin olhou com os olhos arregalados para Kyubin, que se aproximou para fechar a fivela. Era a primeira vez que ele passava um tempo sozinho com seu irmão mais novo dessa maneira, exceto quando eles eram muito jovens, então se sentiu desconfortável a ponto de querer morrer. Eun-bin, que tinha se tornado um estudante do ensino fundamental, segurou firmemente o rosto de Kyubin em suas mãos de uma maneira muito natural, pois ele estava familiarizado com esse gesto quando iam para a escola, assim como iam de mãos dadas todos os dias.
Ele se assustou.
Kyubin arregalou os olhos de surpresa. Eun-bin o agarrou quando ele estava tentando ajustar o cinto de segurança e pressionou seus lábios na bochecha de seu irmão mais velho. Foi tão assustador que todo o seu corpo congelou imediatamente. O toque suave dos lábios opostos permaneceu vagamente na memória de Kyubin.
“Qualquer coisa está bem. Tudo o que eu comer com hyung será delicioso!”
Como aceitar tranquilamente a ação fofa de seu irmão mais novo, jovem e inocente? Era embaraçoso, já que não estava acostumado com isso. O desejo de empurrá-lo ardia como uma fogueira, mas ele não podia mostrar nenhuma rejeição.
Ele temia que, quando abrisse os olhos, gritasse com seu irmão mais novo por quão alto e corpulento ele era. O médico também o alertou que a depressão pode afetar facilmente uma criança se, em vez de receber o apoio de sua família, ela for tratada incomodamente por viver em um corpo adulto. Era algo que Kyubin tinha que se acostumar.
“Bem, vamos comer as costeletas de porco japonesas que você gostava?”
Quando ele mencionou as costeletas de porco ao estilo japonês que costumava comer com as mãos quando criança, Eun-bin sorriu amplamente.
“Batatas fritas também!”
“Ok, vamos comer isso.”
Havia muitos restaurantes de costeleta de porco ao estilo japonês, mas era difícil encontrar um agora. Mesmo que no final tenha conseguido encontrá-lo, havia uma longa fila e lhes disseram que tinham que esperar uma hora.
“Não vamos poder comer.”
Visivelmente deprimido, Eun-bin, que perdeu a energia, resmungou.
“Não, compre um para mim.”
“Disseram que temos que esperar uma hora.”
“Compre!”
“Vamos comer outra coisa, ok?”
“Se você não comprar para mim, eu vou contar tudo para a minha mãe!”
Esse bastardo!…
Ao tentar repreendê-lo, lágrimas brotaram dos olhos de Eun-bin.
“Quero comer costeleta de porco, quero comer, compre, compre para mim!”
Que tipo de olhar as pessoas lhe dariam se um garoto adulto do seu tamanho usa esse tipo de chantagem?
Kyubin consolou desesperadamente Eun-bin.
“Você gostaria de comer em casa? Hein?”
Eun-bin bufou com a proposta.
“Em casa?”
“Sim, vamos fazer isso nós mesmos, que tal?”
Eun-bin, que estava angustiado há alguns minutos, assentiu cuidadosamente.
“Certo.”
Kyubin pegou seu celular engolindo dois palavrões.
“Oi tia*. Aqui é Kyubin.”
NT* Ele se refere como tia à Ahjumma que faz o serviço doméstico.
Ele falou com a empregada que passava três vezes por semana para limpar e cozinhar. Perguntou para ela ansiosamente de uma forma tão educada que nunca havia feito antes:
“Estou prestes a ir para casa com Eun-bin. Mas eu queria saber se… Você poderia fazer costeletas de porco ao estilo japonês?
No início, a tia* estava irritada com Kyubin por pedir uma refeição para a qual eles não tinham os ingredientes necessários para preparar em casa, mas se deu por vencida quando Kyubin disse: “Eun-bin quer comer”.
Graças à consideração da tia, eles pararam no supermercado para comprar os ingredientes de que precisavam.
Ao sair do carro, Kyubin disse:
“Eun-bin, vamos fazer em casa. É muito melhor do que comer os vendidos nas barracas.”
O irmão mais novo piscou enquanto olhava para as longas filas de pessoas, com um olhar ansioso. Ele estava olhando fixamente pela janela do carro, cheio de uma inocência e alegria que não combinava com sua aparência e idade. Kyubin queria virar a cabeça para não vê-lo porque se sentia sufocado, mas por outro lado, ele estremeceu de remorso por ter arruinado a vida de seu irmão. Kyubin, que normalmente teria saído sem prestar atenção nele, aceitou o olhar de Eun-bin até o fim.
Se sabia dos esforços de Kyubin ou não, Eun-bin sorriu para ele novamente.
“Sério? Tem que ser gostoso. Se não tiver um gosto bom, terá que assumir a responsabilidade.”
Ele estendeu a mão pela janela do carro e rapidamente Kyubin a segurou. Eun-bin olhou curiosamente para a mão de seu irmão, que era menor que a dele, enquanto brincava com ela. Pensando que levaria muito tempo para se acostumar com esse toque, Kyubin reagiu com a maior calma possível.
“Ok, eu assumo a responsabilidade.”
“Depressa, vamos comer costeletas de porco! Vamos cozinhar e comer!”
“A tia vai ajudar.”
“Sim, sim, vamos logo!”
Foi uma sorte que ele rapidamente tenha recuperado a energia. Eun-bin parecia feliz quando passou pelo supermercado, comprando os ingredientes que a tia havia mandado por mensagem de texto.
Eun-bin pegou a mão de Kyubin e não a soltou. Até agora, ele não sabia o quão bonitas e macias eram as mãos de seu irmão mais velho.
“Costumávamos levar nosso dinheiro à loja para comprar doces. Agora vamos comprar outra coisa em vez de doces. Né?”
Kyubin voltou seu olhar para as pessoas, que estavam olhando para o homem adulto que falava infantilmente. Um suor frio correu por sua testa. Ele se sentiu envergonhado porque de uma forma ou de outra, era culpa dele que seu irmão mais novo estivesse assim, então não podia fugir. Não queria ser uma pessoa tão cruel.
“Eun-bin” – Kyubin puxou seu irmão mais novo, que inclinou a cabeça e olhou para ele, um pouco mais perto dele.
Ao empurrá-lo para um canto para que as pessoas não o vissem, deu a impressão de ser como os casais que via na rua, atraindo sua namorada, que estava caminhando pela pista, para protegê-la com segurança na calçada.
O vento levou a ligeira mudança na expressão de Eun-bin. Quando o sorriso infantil desapareceu de seu rosto por um momento, ele pareceu ter os olhos de um adulto. Foi uma mudança que aconteceu muito rápido para Kyubin julgar a reação, então ele apenas pensou que estava surpreso ao puxá-lo de repente em seus braços.
“Segure minha mão com força para não se perder.”
Embora tenha notado algo estranho em sua aparência, foi o próprio Kyubin quem decidiu assumir que essa reação era normal para uma criança.
Como o coração de uma criança poderia ser facilmente ferido se ele o afastasse, fazendo com que parecesse um fardo, ele decidiu que priorizaria cuidar da memória do seu irmão mais novo em vez de prestar atenção aos olhares das pessoas. Eun-bin apertou as mãos que seguravam as suas. Ele abriu os dedos e procurou a mão de Kyubin para entrelaça-las. Eun-bin respondeu em voz baixa enquanto sentia sua temperatura corporal atingir seus ossos.
“Certo.”
Kyubin, que estava arrastando Eun-bin com uma mão e o carrinho de compras com a outra, não conseguia olhar para trás, para seu irmão mais novo, que tinha uma expressão estranha enquanto caminhava no meio da multidão. Ele simplesmente não soltou a mão que segurava com força, oferecendo alívio para a criança.
Continua…
Tradução: Bruxinha
Revisão: Meniazul
QC: Pepita