No Jardim Das Rosas - Capítulo 13
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- Capítulo 13 - ÀS VEZES, O DESTINO SIMPLESMENTE FLUI
O Visconde de Derbyshire era um aristocrata alfa na casa dos 60 anos com boa aparência e uma personalidade intocável: um magnata com grande reputação entre a nobreza tanto quanto os Taywinds. No entanto, se havia algo a reclamar sobre esse homem, era que ele gostava de se intrometer e tinha um senso de investimento um tanto violento.
Ele foi o primeiro empregador de Klopp, e, gostando tanto do jovem investidor e sabendo que ele era solteiro, seu temperamento fofoqueiro começou a se manifestar, tentando apresentá-lo um bom ômega de qualquer forma. Várias vezes, usando os negócios como desculpa, convidou Klopp para sua casa e o fez tomar chá com diversos ômegas aleatórios.
— Visconde. Por favor… evite me convidar para reuniões como esta, sim? Sempre sou obrigado a recusar e o senhor sabe que isso prejudica minha reputação. Eu não estou pronto para me dedicar a um relacionamento dessa forma ainda. Quero dizer, eu gostaria de me dedicar ao trabalho antes de estar em um relacionamento.
— Garoto, antes de qualquer coisa, você tem que encontrar alguém certo se quiser ter sucesso na vida. Quero dizer, esse é o sonho de qualquer alfa! Todo mundo quer começar uma família hoje em dia! Apenas confie em mim! Tenho certeza de que você vai me agradecer mais tarde.
Ao ver o visconde sorrir com entusiasmo, Klopp suspirou de pura frustração. Então, sem poder recusar, meses depois o visconde o convidou para o casamento de um parente distante.
Os casamentos aristocráticos eram como grandes eventos casamenteiros. Assim que ouviu o objetivo da festa, ele imediatamente tentou se esquivar, mas de alguma forma o visconde descobriu como sequestrar Klopp em uma carruagem a caminho do evento, mesmo o rapaz alegando estar extremamente ocupado.
— Mesmo que você não queira, está começando a se encontrar com nobres! Por isso, o melhor é você se casar com um. Contanto que seja talentoso e bonito, você vai se destacar em qualquer lugar, garoto! Vai ser perfeito se você se tornar genro de uma família sem alfas. Dessa forma, herdaria um bom título!
— Não estou interessado em títulos.
— Por que não? Você só tem a ganhar!
Quando o visconde de Derbyshire apresentou Klopp, que havia perdido seu ar campestre a ponto de ser agora um maravilhoso nobre solteiro, os ômegas transbordavam de puro interesse.
— Olá, Sr. Bendyke.
— Klopp. Apenas Klopp.
Ele estava cansado desde a primeira vez que teve que se apresentar a noite, mas ainda o cumprimentou educadamente, com um sorriso gentil. Era de grande importância para o visconde que Klopp encontrasse um futuro pretendente, então ele teve que manter a boca fechada e se portar da melhor forma possível até a hora de voltar para casa. O visconde Derbyshire, que interpretou o silêncio do rapaz como um ato arrogante, pegou seu braço e arrastou Klopp para apresentá-lo a um número incontável de belos rapazes e moças. Enquanto isso, havia pessoas interessadas na capacidade de Klopp como investidor e ele formou uma boa rede de negócios.
O sacrifício de hoje valeu a pena.
Mas antes do fim do dia, Klopp foi apresentado ao filho ômega de um amigo do parente do visconde Derbyshire. Um jovem chamado Rafiel Westport, que se parecia muito com alguém que Klopp conhecia bem. Mas, embora tivesse os mesmos cabelos loiros, olhos azuis e feições muito parecidas com o conde arrogante, a personalidade do jovem era completamente diferente. Ele era cortês e cuidadoso na escolha das palavras, não lançava olhares grosseiros e sempre parecia puro e caloroso.
[N/Rize: Eu não sei vcs mas eu já tenho um ranço enorme desse casal.]
Ele gostou do rapaz imediatamente. Rafiel disse que sentiu o mesmo. E bem, era muito melhor ter um ômega simpático e gentil do que um alfa mal-humorado. Além disso, o corpo de Rafiel era imaculado. Ele parecia limpo e modesto. Klopp achou adorável ver o rapaz vestindo roupas quentes. E, se ele havia começado a ter sentimentos por homens loiros, então Rafiel era muito melhor para sua estabilidade emocional e um futuro saudável.
[N/Rize: Mas que FDP escroto, ele visivelmente gosta do Arok, mas prefere ficar com um ômega casto, que ódio desse homem! Vai tomar no CU! klopp.]
O visconde Derbyshire, percebendo que Klopp estava interessado no outro rapaz, deu meia-volta e conduziu o povo para o outro lado. Com os dois sozinhos na sala, Klopp começou a se sentir tão envergonhado que engasgou.
— O visconde é muito impulsivo. Sinto muito.
Rafiel apenas riu um pouco. Era um som completamente diferente e despretensioso daquele barulho desagradável que o Conde fazia.
— Ouvi dizer que você também é um investidor…
— Rafiel.
— Claro, Rafiel.
Enquanto os dois conversavam, eles caminharam vagarosamente pelo lindo jardim decorado para a cerimônia de casamento, começando com uma conversa despretensiosa sobre o clima e passando por diversos assuntos. E mesmo conversando um pouco, era possível julgar que Rafiel era um bom ômega: ele era culto e, acima de tudo, o ouvia. Ao vê-lo sorrir inocentemente sem qualquer pretensão, o coração de Klopp pareceu derreter em algum momento. Quase como se fosse nostálgico.
— De certa forma, Klopp… Parece que te conheço há muito tempo.
— Eu também acho. É como se já tivéssemos feito isso.
— Quem sabe, em nossa vida anterior…
— Sim, talvez…
Klopp respondeu com um sorriso. Mas por dentro estava fervendo.
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O que eles tinham não era realmente um amor apaixonado, mas era óbvio que havia uma atração clara entre os dois desde a primeira vez. Como se suas palavras românticas fossem verdadeiras e eles já estivessem juntos há muito tempo. Eles se davam tão bem e se encaixavam de maneira tão perfeita frente de todos que Klopp, que se sentia tranquilo ao seu lado, pensou em estar com Rafiel de uma forma um pouco mais… formal. Na verdade, era muito cedo, mas eles eram um alfa e um ômega que haviam chegado à idade de casar e namoravam há alguns meses. Era natural que estivessem prontos para dar o próximo passo. As pessoas que os rodeavam também ficaram satisfeitas, dizendo ser raro um casal se dar bem tão rápido e, em particular, o visconde Derbyshire estava fazendo um alarde impressionante sobre o relacionamento dos dois, como se tivesse a certeza de que os dois iriam se casar a qualquer momento. Mas, para Klopp, deixar que rumores se espalhassem parecia uma verdadeira dor de cabeça. Pensando nisso, o alfa quase não falava sobre o relacionamento deles em público. Mesmo entre os membros da família Westport, que ainda não pareciam conhecer Klopp de maneira mais íntima, fizeram o possível para manter tudo o mais discreto e privado possível até o noivado oficial.
No entanto, os dois rapidamente se tornaram próximos. Eles se davam as mãos, juntavam seus rostos e se beijavam sempre que tinham a chance. Ainda na faculdade, era natural que todos os alunos se deixassem levar pelos hormônios a ponto de irem para a cama assim que se encarassem, não esses dois não eram assim. Não é que eles não tivessem desenvolvido desejos um pelo outro, mas eles estavam em um relacionamento sério e queriam ser cuidadosos. Especialmente Rafiel.
Ele não sabia explicar, mas o jovem sempre dizia que queria que sua vida fosse perfeita. Ele próprio praticava trabalhos domésticos, passava roupa, varria, limpava, cozinhava e estudava, tudo ao mesmo tempo. Dadas as circunstâncias de Klopp, que ainda não tinha dinheiro para contratar muitos empregados. E esse fato pareceu servir de motivador para o ômega trabalhador, ao ponto de cuidar até dos banheiros e do jardim. Klopp obviamente pensou que Rafiel não precisava fazer tudo isso sozinho, mas, tendo crescido como um ômega de uma família que não era das mais ricas, ele parecia ver o trabalho doméstico como um dever. Ele até insistiu que isso servia para treinar as habilidades que o ajudaria a explorar o mundo no futuro.
Klopp riu ao vê-lo com uma faixa enrolada no dedo.
— Não ria. É difícil fazer peixe.
— Você não precisa fazer peixe o tempo todo, você sabe disso, certo?
— A família Bendyke cozinha salmão para feriados especiais, então quero fazer o mesmo.
Rafiel cobriu o dedo enfaixado com a outra mão enquanto evitava seu olhar. Klopp achava muito fofo ver suas orelhas redondas avermelhadas e considerava encantador o quão determinado era o rapaz em tudo que se propunha a fazer. Esperando que seu futuro marido não precisasse continuar cortando suas mãos, Klopp decidiu ganhar dinheiro rapidamente para dar a ele e sua família uma vida muito mais digna. Ele queria comprar uma casa maior, contratar uma cozinheira, alguém para lavar e… Alguém para cuidar dos filhos.
Ele decidiu propor casamento ao ômega.
Afinal, se eles se casassem, poderiam viver em harmonia pelo resto da vida. Talvez fosse um pouco chato porque Rafiel era um homem infinitamente calmo, mas uma casa plane e um ambiente descontraído era o que Klopp mais desejava.
Ultimamente, a família começou a ser um assunto muito importante para ele.
Ele nunca havia contado isso a ninguém, mas havia momentos em que ele acordava no meio da noite após ter pesadelos dos quais nem conseguia se lembrar. Era assustador. Não, mais do que isso, era monstruoso. Crianças, bebês chorando, homens chorando e ele coberto de sangue. Ele temia que isso fosse uma previsão de seu futuro ou que fossem as imagens de um súbito infortúnio que acabaria com tudo o que um dia considerou importante. Ficou sem palavras, era estranho e não tinha fundamento porque nunca se envolveu com isso. Ele cresceu em uma família chata e quieta no interior, tinha apenas um irmão mais velho e nunca teve filhos.
Mas o sentimento presenciado em sonho era tão vívido que ele se agarrou ao trabalho em busca de estabilidade, dormindo cada vez menos, focando sempre em ter um bom lucro.
Mas quanto mais ele trabalhava, mais rumores se espalhavam sobre suas habilidades e mais nobres o procuravam para promover seus negócios. Como resultado, Klopp vinha aumentando sua fortuna vertiginosamente e, se o tempo passasse sem grandes problemas, ele poderia propor casamento a Rafiel no início do próximo ano.
Graças ao aumento do trabalho, ele estava incrivelmente ocupado. Como resultado, tinha cada vez menos tempo para sair com o namorado. No entanto, o ômega nunca ficou com raiva, dizendo que entendia. Ele sabia o suficiente sobre o que Klopp estava fazendo, mesmo que nunca falassem sobre isso em casa. Além disso, o futuro dos dois como casal era tão estável que até mesmo Rafiel parecia estar se preparando diligentemente para um casamento. De tempos em tempos, ele levava ao namorado sanduíches caseiros ou lanches do tipo.
— Está delicioso.
— Sério? Então eu vou trazer mais da próxima vez.
— Eu deveria te dar algo também.
— Tudo bem, não se preocupe. É apenas um passatempo, então não precisa fazer o mesmo por mim.
Mesmo tendo ouvido isso, Klopp foi até a maior joalheria do centro da cidade e comprou um anel de noivado que já havia encomendado secretamente para Rafiel. Já fazia algum tempo, mas o pedido foi o de uma joia elegante e sofisticada sem ser muito chamativa, que considerasse o formato e o tamanho do seu parceiro e fosse tão bela como a cor de seus olhos.
Assim que recebeu uma mensagem informando que o anel estava completo, foi buscá-lo imediatamente.
A joalheria em que estava agora, usada principalmente por nobres, era um lugar onde jamais teria entrado se não fosse pela indicação do visconde Derbyshire. E graças a isso, foi possível comprar por um preço bem menor do que o padrão teria.
— Aqui está, senhor: safiras em platina.
Um trabalhador educado trouxe o anel para Klopp, que estava sentado em um sofá no aguardo. Devo dizer que foi melhor do que eu esperava. Dirigiu-se ao balcão junto ao gerente para assinar o cheque a pagar e, enquanto esperava o homem procurar o seu nome no livro de registos, ouviu a conversa de um casal de mulheres que reconheceu como esposas de uma das famílias mais nobres da cidade. Elas apreciavam as joias coloridas expostas no armário, enquanto conversavam:
— Você ouviu? A família do conde Taywind vai leiloar todas as suas joias este ano.
— É mesmo?
— Aparentemente, o pai de Arok investiu em uma mina de pedras preciosas no leste desde antes de seu marido morrer… mas agora, eles enfrentam uma investigação e podem ir a julgamento.
— Pobre Arok.
Ao ouvir isso, Klopp ficou impressionado. Havia apenas uma mina de joias no leste que ele conhecia bem, mas a maioria das reservas já havia sido escavada e extraída, então certamente não valiam o investimento. Por vezes, saía uma ou duas joias, mas a maioria era de baixa qualidade, sendo nada lucrativa. No entanto, se havia sido desejo de seu pai, então Arok não poderia fazer nada a não ser aceitar o que estava por vir.
Bem, não foi culpa dele. Devido à sua reputação de longa data, muitas vezes havia pessoas que investiam sem refletir apropriadamente e o resultado acabava sendo uma catástrofe.
— Oh…
Mas quando ele se aproximou, percebeu que a conversa entre as mulheres já havia mudado rapidamente para outro tema. Ele queria saber um pouco mais sobre o assunto anterior, então por pouco não interrompeu a conversa da dupla para perguntar mais detalhes sobre o investimento falho, mas, nesse momento, o gerente mostrou-lhe o recibo do livro de contas e o saldo total. Enquanto Klopp escrevia a quantia correta no talão e o assinava, outro funcionário escoltou as senhoras até o lavabo e disse que seus colares estavam prontos. Fecharam a porta.
Klopp também saiu da joalheria e guardou o anel no bolso, que estava embalado em uma caixinha de seda.
Taywind é uma família grande, então eles administraram seus investimentos por conta própria. Não é como se ele fosse uma criança. Com certeza ele tem um plano e, com certeza, até contratou um bom advogado. Além disso, o que isso tem nada a ver comigo? Por que estou me preocupando?
Imediatamente buscou clarear seus pensamentos. Pegou uma carruagem e se dirigiu ao escritório, tocando a caixa do anel no bolso o tempo todo.
Estava trabalhando até tarde. Recentemente, ele conquistou mais novos clientes e alguns documentos precisavam ser preparados urgentemente. As propostas de investimento para revisar estavam amontoadas num canto e ele nem conseguia contabilizar o quanto lhe restava para ver antes de sair e meter-se entre os lençóis da cama e dormir até o sol raiar. Planejava ir para casa após processar mais alguns casos e carimbá-los, quando, de repente, ouviu uma batida na porta:
— Quem será a essa hora da noite?
Klopp, que acabara de preencher a papelada e colocara uma nova pilha sobre a escrivaninha, jogou para trás os cabelos soltos e suspirou com voz aborrecida, observando a porta. Ele queria fingir que não estava lá, mas sabia que era impossível pela luz refletida na janela. Além disso, era impossível ignorar o visitante, pois o som dos golpes tornou-se ainda mais desesperado.
Ele afrouxou a gravata, desabotoou um pouco a camisa e se levantou. Ele nem puxou para baixo o pano que tinha dobrado sobre os braços e até parou para pensar no fato de que estava vestido inadequadamente para receber um cliente. No entanto, a outra pessoa, procurando por ele no meio da noite, também não foi muito educada. Na verdade, o homem estava prestes a gritar para o cliente sem modos para ir embora antes que ele o expulsasse, mas…
Tirou o cadeado, baixou a trava e não demorou muito para abrir a porta, reclamando:
— Você está louco!? Se é tão urgente, então por que não…?
— Sinto muito.
Parado no corredor escuro, vestindo um terno mal ajustado e cartola, estava o jovem conde loiro, que mesmo nessas circunstancias, carregava consigo uma aura deslumbrante. Surpreso com sua aparição inesperada, Klopp apoiou o braço no batente da porta e o olhou de cima a baixo. Com um sorriso incômodo, porém firme, Arok disse:
— Só vai levar um minuto. Eu sei que é horrível aparecer tarde da noite, mas… podemos conversar?
— Você não acha que aparecer tarde da noite assim é meio rude?
O homem não estava sendo sarcástico: essa era exatamente a situação. Se tivesse tempo, até poderiam conversar, mas nas circunstâncias presentes, queria ignorar o visitante inconveniente. Mesmo o outro sendo Arok.
— Tenho trabalhado até altas horas da noite, então gostaria de descansar. Aparecer assim sem um convite, é deveras inapropriado, sabia?
Apesar do discurso, Klopp abriu totalmente a porta e o deixou entrar. Eles não eram muito próximos e não eram particularmente amigos, mas supôs que deveria haver uma razão muito importante para o conde o procurar tão tarde da noite.
Arok cumprimentou Klopp e entrou no escritório.
Klopp, que havia trancado a robusta porta, olhou para Arok com as mãos nos bolsos das calças e sua má postura. Apontou para uma cadeira com o queixo. Mas olhando para a cadeira, ele pareceu ignorar o convite e, então, simplesmente vagou pelo escritório.
Ao contrário da pequena, mas bem-organizada sala do lado de fora, o escritório era bem grande, com uma escrivaninha e duas cadeiras. Todas as paredes eram forradas de estantes e arquivos, exceto pela janela que dava para a escrivaninha. Klopp insistiu que o escritório deveria ser arrumado à sua maneira. No entanto, para ser sincero, o lugar não estava limpo. Afinal, ele dificilmente trazia clientes para cá e quando precisava falar com aristocratas, ele os atendia no seu salão principal. Por causa disso, o homem que usava o perfume mais caro do mundo estava parado em um espaço vertiginoso com odor forte de papel seco e tinta, fazendo-o se sentir um tanto desconfortável.
— Que cheiro amargo…
Ele queria dizer a Arok para sair caso não estivesse satisfeito, mas não tinha energia para se envolver em uma briga trivial em plena madrugada, então Klopp foi até sua mesa e abriu o arquivo que estava prestes a revisar. Socializando com muitos patronos aristocratas, ele entendeu um pouco melhor o comportamento dos nobres da cidade, então deixou o visitante de lado e continuou seu trabalho. Arok estava deliberadamente tomando seu tempo para aprender sobre o espaço da outra pessoa e evitar o comportamento vulgar de ir direto ao ponto. Normalmente, quando estava com outros clientes, Klopp, pessoalmente, passava um tempo com eles, trocando conversa fiada sobre assuntos leves como comida, livros ou música e, em seguida, lhes servia petiscos bem apresentados. Mas com Arok, Klopp não viu o menor sentido de querer lhe dar esse nível de cortesia, especialmente levando em consideração que o outro apareceu de repente tão tarde, sem o menor aviso.
Klopp largou o relatório que acabara de ler, pegou outro arquivo e ergueu os olhos para observar o homem andando de um lado para o outro no escritório.
Arok olhava em volta com curiosidade. Seus olhos pareciam brilhar como os de uma criança que acaba de descobrir um mapa do tesouro. Ele olhava atentamente para as lombadas dos livros antigos que Klopp usava desde a faculdade, traçava os títulos com os dedos e os folheava lentamente. Pelo menos ele estava de bom humor.
— O que faz aqui?
Arok, que olhou para lá com um pouco de surpresa, como se tivesse acabado de perceber que Klopp estava no escritório com ele, aproximou-se lentamente com um leve sorriso. A cadeira vazia ainda estava à sua frente, mas ele não se sentou. Em vez disso, ele olhou para Klopp e, humildemente, confessou o propósito de sua visita:
— Meus pais investiram em um negócio há um tempo atrás e…
— Eu sei, a mina de pedras preciosas do leste.
—… Como sabe isso?
O sorriso do conde ficou um pouco estranho. Como se estivesse com medo.
— Você é…?
Mas então Klopp inclinou a parte superior do corpo para trás e se inclinou para trás enquanto continuava:
— As palavras são rápidas nesta indústria.
— … Então me ajude. Preciso de um agente de inversões.
— Eu não aceito mais clientes. Não aceitamos clientes chatos e tolos. Temos nobres reais que vão ter dinheiro amanhã para servir.
Klopp apoiou o cotovelo no apoio de braço, apoiou o queixo na mão e sorriu para ele. Arok franziu os lábios, provavelmente com o orgulho ferido, e puxou uma carta rígida da frente de sua jaqueta de couro bem cortada.
— O que é isso?
— Eu sabia o que isso poderia acontecer, então me preparei com diversas cartas autenticadas de recomendação de todos os nobres do país.
— Hum… Você já sabia, é? Vamos ver.
Ele recebeu o que lhe foi entregue e abriu. Nada foi escrito extensivamente. Klopp mordeu os lábios. O papel artesanal amassou em algum ponto porque as pontas dos dedos de Arok estavam um pouco tensas.
— Não tenho intenção de fazer um contrato com um selvagem como você. Mas não é educado recusar a recomendação do visconde Derbyshire.
Observando seus lábios deslumbrantemente sedutores formando um arco suave, Klopp amaldiçoou interiormente e lamentou o que estava prestes a fazer. O homem realmente não podia pagar por seus serviços, mas era um pedido vindo de alguém de alta valia, então, na verdade, ele era obrigado a obedecer. Era uma carta realmente autenticada, com selo e tudo. Mas se não fosse pela recomendação do visconde Derbyshire, ele alegou que nunca aceitaria um serviço que tivesse a ver com o rapaz. Klopp estava ocupado, já tinha uma vida e planos. Saber que ainda teria que lidar com um sem educação, que tinha a coragem de o visitar à noite para ficar fazendo ele se sentir estranho, não era nada animador. Eu iria salvá-lo e ele iria continuar sendo um…
Bom, que se dane.
— Olha, não sei por quê. Mas tenho que te dizer que sempre que te vejo me sinto culpado.
— …
— Eu não iria ajudá-lo. Se você permanecesse pobre, eu poderia rir de você. Mas como sou forçado a fazer isso a pedido do visconde, te ajudarei. O agradeça amanhã.
Após mostrar toda a condescendência que tinha, Arok contraiu os cantos da boca como se estivesse se sentindo triste novamente.
— Sinto muito.
— …Huh?
— Eu tinha prometido não o incomodar mais, mas… eu continuo voltando até você.
Ele iria recusar se Arok reclamasse de alguma coisa, mas ficou surpreso com sua resposta submissa. Ele estava fingindo não se importar, mas se o orgulhoso conde veio visitá-lo secretamente à noite… então ele começou a suspeitar que há vários outros problemas além da mina de jóias. Talvez ele estivesse com problemas consideráveis.
— Bem, hum…
Enquanto Klopp o olhava de cima a baixo, refletindo sobre o assunto, Arok sorriu novamente, como resposta.
— Já está tarde, então falo com você depois. Preciso saber sobre sua situação financeira primeiro, Arok.
— Quando posso lhe visitar novamente?
— Talvez depois de amanhã.
— Fico no aguardo, então.
— …
— Peço perdão por aparecer tão tarde da noite.
Como se estivesse satisfeito com o resultado, Arok saiu apressado do escritório.
Olhando pela janela, para a carruagem que se afastava, Klopp sentiu o resquício do perfume fresco deixado para trás e suspirou. Olhando para baixo, ele notou que a almofada da cadeira que estava sentado apresentava um vão no meio, talvez por estar ali por tanto tempo. Ele sentou, se recostando no móvel, e suspirou. Pegou uma caneta e tentou ler os documentos, até que, de repente, pulou do assento e abriu a janela para arejar o quarto antes de sufocar.
— Ah… ah…
O desejo que ele tinha de tornar Arok seu não foi embora. Pelo contrário, mesmo após tantos anos, parecia apenas crescendo. Por que diabos ele é um alfa!? Se ele fosse um ômega, se ao menos…
Se ao menos ele…!
— Eu não posso continuar com isso… preciso ir.
Klopp, então, pegou sua bolsa, jaqueta e chapéu. Tirou o anel de noivado de uma gaveta e, antes de guardá-lo, olhou para ele como se tivesse se esquecido de que ou porque o havia comprado naquela tarde.
— …
No entanto, olhar para a safira azul brilhante à luz das lanternas o fez se sentir um pouco melhor. O guardou de volta na caixa e voltou a trabalhar nos documentos que não conseguiu terminar devido ao súbito convidado indesejado que o reteve durante toda a noite.
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Continua…
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Tradução: MiMi