Pontos de sutura - Capítulo 01

   — E então ele só… me chutou.

   Um homem alto e bonito estava sentado à sua frente. Seu nariz, pontudo, belo como uma escultura de museu, tinha a parte posterior avermelhada e uma bola de algodão enfiada em uma das narinas. Seu cabelo estava grudado na testa e seu rosto estava completamente vermelho do álcool. Além disso, o algodão estava ficando carmesim graças ao sangramento intenso.

   — Acho que ele saiu… Em um carro.

   — Deve ter sido terrível.

   — Não valeu a pena.

   Um homem igualmente belo, vestido com um terno reto, com o cabelo penteado para trás e um par de óculos no rosto, estava sentado na frente do bêbado que falava abobrinhas.

   O ruivo, gritando sobre tudo de ruim em sua vida, parecia ter vindo de um bar local que ele sempre frequentava nas noites de sexta-feira sem falta. Mas agora, ironicamente, ambos estavam em um salão de hotel. Apesar de não haver sinais de violência em seu rosto ou corpo, exceto por aquela hemorragia escandalosa, o homem descaradamente pediu ao cara de óculos para examiná-lo porque, como ele mesmo disse, o companheiro era  “o único em quem eu posso confiar. “

   Ambos eram incrivelmente lindos. Eram homens que se destacavam mesmo em uma sala escura. Perfeitos, com uma altura considerável, um estilo moderno e um bom corpo. Claro, eles não só tinham uma aparência atraente, mas era possível sentir uma atmosfera divertida ao redor deles. Com isso, era óbvio que as mulheres, homens e ômegas que estavam sentados nas mesas ao redor deles imediatamente sentiam como que seus olhos fossem atraídos pela dupla.

   — Ei! Kang Hyewon…

   Quando o homem ruivo empurrou o rosto em sua direção, o cara de óculos empurrou seu corpo para longe e tomou outro gole de seu copo. E entristecido com a recusa do amigo, ele não conseguia parar de gritar seu nome:

   — Hyewon! Por que diabos você faz isso comigo? Eu não sou um estranho. Eu sou Dohan! O seu Dohan!

   Ao contrário de Lim Dohan, que ficou bêbado o suficiente para chutar a mesa, Kang Hyewon respondeu ao seu grito com uma expressão calma e um tanto contida. Ele franziu os lábios:

   — Você um dia vai se dar mal se continuar vivendo assim, sabe?

   — Como assim se dar mal?

   — Bom, você já tem uma hemorragia nasal.

   Como se ouvisse algo desagradável, Dohan, que estava deitado na mesa, levantou a cabeça em sua direção mais uma vez e o olhou de cima a baixo. Hyewon era um beta, então o homem, que estava emitindo um feromônio alfa que ele não podia sentir, parecia completamente ridículo. E a situação só piorava, já que o homem escandaloso continuava a sangrar pelo nariz graças a um chute que recebeu devido a sua própria imprudência.

    — Um sangramento nasal não é nada. Não merece ser chamado nem de castigo, querido.

   — Eu não sou querido.

   Dohan balançou a cabeça, como se dissesse que não podia aceitar as palavras de Hyewon.

   — Além disso, você teve a audácia de chamar outro homem para a sala onde você estava fodendo…

  — Hahahaha. Você é um… Cale a boca. Você nem sabe de nada! De repente, aquela mulher me disse: “Você quer ficar comigo?” E eu disse a ela que obviamente não podia e… O que a filha da puta fez? Ela me bateu! Bem, sim, ficamos juntos por cerca de um ano. Nos encontramos algumas vezes, então… eu só… eu não sei. Eu não pensei que fosse tão sério…

   — Fale isso por você. Você só queria ela como parceira sexual.

   Dohan esfregou o rosto, com uma expressão de arrependimento genuíno.

   Hyewon, que tinha um horário de trabalho duro, ouvindo o som dos monitores o tempo inteiro, se sentia exausto e tão irritado de ouvir o colega que parecia impossível que ele tivesse bebido apenas um copo. Na verdade, pensando que o culpado por seu cansaço era ninguém menos que Dohan, que não tinha uma boa resposta para nenhuma de suas perguntas, Hyewon tirou os óculos e cerrou os dedos com força ao redor dos olhos.

   — Acho que até me arrependo de ser seu amigo.

   — Ai… Ei, não é como se eu fosse fazer sexo todos os dias com todos os homens e mulheres que eu encontro por aí. Não, não faça essa cara! Kang Hyewon, olhe para mim.

   — Pra quê?

   Hyewon olhou para ele com relutância, com uma expressão lamentável em relação a esse amigo que, em vez de se tornar alguém mais sério à medida que envelhecia, estava se tornando ainda mais imaturo. Então, ele olhou diretamente para aquele homem bonito que tinha sobrancelhas grossas e olhos lindos, um nariz afilado e um queixo moderadamente angular e pensou… apenas pensou por um momento que se sua especialidade fosse cirurgia plástica, então ele gostaria de armar para ter ele como seu modelo.

   — … Por que você me olha assim? Meu nariz está realmente ruim?

   — Não.

   Hyewon bebeu do álcool ao ouvir a pergunta estúpida, então ele retrucou também. Quanto mais ele ficava bêbado, mais ele sentia vergonha daquele homem por quem ele tinha sentimentos e que, há alguns instantes atrás, teve um ômega chutando-o na cara como consequência do sexo casual. Ele pensou em como… Toda vez que ele levantava os braços, seus peitorais modelados e propositadamente grandes inchavam como se estivessem prestes a perfurar sua camisa.

   Ele imaginou o que faria em seu lugar…

   — Então… eu tenho três olhos agora? Ou meu rosto desmoronou de repente? Você está me deixando nervoso.

   — É o mesmo de sempre, exceto que seu rosto está tão vermelho quanto o Dr. Choi.

   O doutor Choi, que era careca, costumava ficar calmo e quieto o tempo todo. Mas em jantares de hospital, seu rosto começava a ficar parecido com tomate com apenas um pouco de cerveja. Dohan se lembrou daquele rosto e ignorou as palavras de Hyewon enquanto bufava como se estivesse muito ofendido por ele. E como se ele não estivesse pedindo a Hyewon uma resposta em primeiro lugar. Dohan falou sem parar sobre o que ele queria:

   — Como alguém pode chutar esse rosto? Como diabos alguém pode me chutar? Hoje com certeza foi a maior humilhação da minha vida.

   — Eu quero aplaudir aquele ômega que te chutou. Se quer minha opinião, ela tomou uma boa decisão.

   — Infeliz, bastardo.

   — Sou seu chefe.

   — Meu chefe é um bastardo.

   Não importa o quão igualitária fosse a sociedade, o alfa Dohan tinha seu próprio senso de superioridade em sua vida diária. No entanto, os dois homens, que sempre estiveram juntos (exceto no ensino médio), não eram tão superficiais ao ponto de que seus “gêneros secundários” afetassem a maneira como se viam.

   O enfermeiro da sala de cirurgia, Lim Dohan, era o assistente do cirurgião geral Kang Hyewon. Na verdade, ele sempre foi seu superior (exceto naqueles anos em que Kang Hyewon de repente saiu da escola e foi direto para a faculdade).

   Os dois homens, que estiveram juntos desde a escola primária até a faculdade e até mesmo na vida profissional, eram os melhores amigos do planeta. Inseparáveis. Não era só porque tinham tantas coisas em comum, mas porque se complementavam.

   — E eu ainda reservei uma suíte Royal…

  — Você deveria parar de brincar com o coração das pessoas.

   — No começo, nós nos conhecemos e concordamos em ser apenas parceiros sexuais, mas… eu não sei. Ela surtou ou algo assim.

   — Você com certeza a fez se sentir desconfortável se exibindo.

   — O que significa isso?

   — Os alfas não são todos assim?

   — E o que um beta sabe?

   Quando Kang Hyewon arrumou seus óculos de aro prateado no nariz e mencionou que ele “não queria mais falar sobre isso”, Lim Dohan, que estava olhando para ele atentamente, de repente estalou a língua.

   Dohan teve um tempo relativamente tranquilo desde que entrou no Hospital Universitário Deokwon no ano passado. A filial não era tão apertada quanto o hospital principal, e o número de pacientes era relativamente pequeno. Mas foi ótimo que quando Dohan estava lá, Kang Hyewon o seguiu como sua sombra. E, de fato, por quase um ano, ele se sentiu como se estivesse nas nuvens: sem aborrecimentos e com seu melhor amigo ao seu lado. Mas este ano, as coisas mudaram completamente. Talvez porque o número de pacientes que visitavam o pronto-socorro aumentava à medida que o número de residentes também, ou porque havia ganhado popularidade, mas o tempo estava se esgotando. Embora fosse basicamente um trabalho de três turnos, a filial, que ainda não havia sido organizada. Não havia pessoal suficiente para responder a emergências repentinas. Como resultado, a maioria dos novos médicos seguiu Dohan e o promoveram a enfermeiro-chefe. Por esse motivo, o enfermeiro-chefe Dohan frequentemente recebia ligações quando um paciente de emergência aparecia, mesmo que ele não estivesse de plantão.

   Havia um sistema em que era exigido ao profissional solicitado chegar ao hospital em 30 minutos após receber a chamada de emergência, mas isso sempre se aplicava apenas a Dohan. Especialmente esta semana.

   Dohan, que planejava liberar o estresse e o desejo sexual que se acumularam nos últimos dois dias, reservou um quarto na suíte real por duas noites em vez de ir direto para casa. O rosto de Dohan estava cheio de alegria até que ele foi para a cama com um dos ômegas que conheceu enquanto trabalhava na filial. E foi só quando ela, que estava deitada nua na cama e estendeu os braços em sua direção, falou em “ligação”. Em primeiro lugar, eles se conheceram há apenas um ano através de um aplicativo na internet. Segundo, era para o mais simples entretenimento e, terceiro, eles tinham sido parceiros sexuais por consentimento mútuo. Eles só conversavam sobre fazer sexo e esquecer um do outro no dia seguinte. Dohan não tinha vontade de viver com alguém e ficar preso a apenas uma pessoa. A estranheza de relacionamentos profundos era sua maior fraqueza. Além disso, álcool e sexo eram as duas coisas que ele precisava.

   E essa pessoa estava agora deitada na cama, o olhando e dizendo “se liga comigo”. Dohan respondeu: “Estamos apenas fodendo” e abriu suas pernas. Embora a sensação de diversão estivesse arruinada, ele queria se aliviar. Mas desapontada e furiosa, aquela ômega acabou de chutar seu lindo rosto. Dois dias na suíte, que deveriam ter sido acompanhados de sexo fantástico, foram tão decepcionantes que Dohan chamou outra pessoa para o quarto onde os vestígios do que ele estava prestes a fazer eram evidentes. O segundo companheiro, que já havia verificado o estado do quarto e o quão cheio ele estava dos vestígios de outro, deu um tapa na cara de Dohan com a palma da mão ao ponto do sangue jorrar de seu nariz. Então, Dohan convocou Hyewon para ajudá-lo. E despejando álcool na boca repetidas vezes, ele reclamou que certos ômegas o haviam espancado duas vezes em menos de três horas.

   — Você é bom, Kang Hyewon. A notícia de que estamos aqui juntos já se espalhou por todo o hospital. De nada.

   — …

   Dohan, que derramou o líquido amarelado do copo diretamente em sua boca, arregalou os olhos e apontou o dedo para Kang Hyewon como se quisesse começar a dizer outra coisa. Mas ele não disse nada.

   Ao contrário de Dohan, que vagava procurando por algo mais “estimulante” e “divertido”, a vida privada de Hyewon era pura e perfeita. No entanto, seu amigo julgou ser uma falha ele ser  muito meticuloso até mesmo para esse tipo de coisa. Embora fosse um beta, ele era famoso por ter uma aparência física melhor do que qualquer alfa que conheceu no hospital. Além disso, ele tinha uma personalidade calma e séria, inteligente, com uma formação acadêmica e familiar perfeita, então o número de mulheres que queriam reivindicar o lugar vazio ao lado dele era bem mais de dez (até onde Dohan sabia). Mas só aqueles com coragem e determinação, poderiam conquistar essa beleza abrasadora com belos olhos e carinha de “quero te matar”. Era quase como colher uma rosa em um jardim, mesmo sabendo que os espinhos iriam machucar.

   Mas, mesmo que ele fosse como um cavaleiro solitário em um conto de fadas, Hyewon, inesperadamente, nunca rejeitou as confissões das mulheres que o abordaram tão inesperadamente durante o horário de trabalho. No entanto, após passar alguns dias juntos, as meninas, cansadas de sua indiferença e frieza, eram sempre as primeiras a anunciar sua infeliz separação.

   Kang Hyewon era como um troféu. Um troféu grande, pesado, brilhante e bonito. Se você o tivesse, seria invejado por todos e as pessoas definitivamente falariam sobre você e sua enorme façanha. No entanto, a razão pela qual não havia chance com ele e que não havia nenhum boca a boca para manchar sua reputação, era porque Hyewon trabalhava na sala de cirurgia o dia todo, toda a semana.

   — Às vezes os rumores podem ajudar sua reputação a melhorar.

   — Eu não acho que isso ajudaria muito. Quero dizer, olhe ao seu redor. A maioria dos homens da minha idade já são casados. As mulheres também. Eu gostaria de fazer o mesmo.

   Com as palavras de Dohan sobre como os rumores poderiam torná-lo um troféu ainda mais brilhante, Hyewon primeiro colocou a palavra “casamento” em sua boca. Lim Dohan olhou para Kang Hyewon com uma expressão estúpida, como se ele tivesse ouvido algo incrivelmente inesperado.

   — Você quer se casar?

   — O que foi? Acha ruim?

   — Não, é que… quero dizer, é chocante.

   Dohan nunca havia considerado tal coisa. E como nunca havia pensado nisso, ele naturalmente acreditava que Hyewon, que sempre foi apegado a ele, fosse como ele.

   Mas Hyewon pensava em se casar.

   Dohan se sentiu muito estranho, como se estivesse enfrentando um choque cultural. Dohan então olhou para Hyewon com uma expressão séria no rosto e começou a sentir como se estivesse flutuando. Como um balão de hélio, que se soltou da mão de uma criança e agora estava prestes a explodir. E como se estivesse lendo algo da expressão sutil de Dohan, Hyewon fez um som estranho enquanto servia mais álcool.

   — Bem… você ainda é o único enfermeiro solteiro da área cirúrgica. Você deveria pensar em casamento também…

   Com as palavras de Hyewon, Dohan pensou nos colegas com quem sempre se deparava nos corredores. Ele estava se perguntando se ele realmente era o único que restava solteiro. Lembrou-se de um colega de rosto redondo que teve que usar um banquinho na sala de cirurgia devido à sua baixa estatura. Ele se sentiu estranhamente aliviado por haver alguém em uma situação semelhante.

   — …Kim Nayoung vai se casar no outono.

   — O quê? Como você sabe o que eu estava pensando sobre ele?

   — Porque é super óbvio.

   — E como você descobriu?

   — Me disseram.

   Era um fato óbvio que Kang Hyewon não tinha amigos além de Lim Dohan. Ele estava intrigado que ele soubesse algo que ele próprio não sabia.

   — Quem diabos diria uma coisa dessas para uma pessoa de sangue-frio como você?

   — Doutor Choi.

   Quando o nome daquele homem surgiu, Dohan se recostou na cadeira e exalou com muita frustração. Se ele estava falando sobre Choi Ki-joon, que gostava de falar independentemente de os outros ouvirem ou não, então era óbvio que ele teria dito isso sem prestar atenção na reação de Hyewon.

   — Bem, e com quem?

   — Com a secretária.

   — Não é possível!

   Por mais descontraída que fosse a filial, às vezes era comparada ao escritório principal por ser rigorosa quanto aos padrões gerais de trabalho. Enquanto isso, ele disse a ela que eles aparentemente se conheceram e até se apaixonaram em um piscar de olhos. Era compreensível. Para a secretaria, era muito mais fácil e menos oneroso passar a noite com a pessoa por quem ela se sentira atraída mais cedo naquele dia do que despejar todas as suas emoções, tempo e responsabilidades em uma só pessoa. Ainda assim, o tema “casamento” era um território que não havia sido totalmente explorado.

   Ele bebeu novamente e então pensou em Kang Hyewon, que se casaria e começaria uma família. Mas não importa o quanto ele pensasse, não conseguia nem imaginar.

   Ele bebeu licor, uma dose atrás da outra, como água potável, até chegar a um ponto em que seus olhos começaram a ver pequenas luzes. E à medida que sua embriaguez aumentava, Lim Dohan, que falava menos, finalmente apoiou o queixo na mão e olhou diretamente no rosto de Hyewon. Mesmo no meio de um clima tão vertiginoso, o rosto de Kang Hyewon, que se encaixava bem na palavra “arrumado”, estava perfeito apesar daqueles óculos horríveis de nerd.

   Dohan e Hyewon eram filhos de famílias de médicos. Por conta disso, se envolveram em um relacionamento escolar um tanto complicado. Eram duas crianças que, em seu primeiro encontro, tiveram que se cumprimentar forçadamente ​​por conta de seus pais, que eram colegas no mesmo hospital. Após se formarem no ensino fundamental, no início do ensino médio, o Kang Hyewon, que ele conhecia como uma criaturinha feia, ficou tão bonito que ele até começou a acreditar que era uma menina. Segundo o próprio Dohan, “Era tão lindo e precioso!”. E mesmo depois de descobrir que era realmente um homem, acreditou que se manifestaria como um ômega e que um dia aquele rapaz seria seu destino. Foi uma época em que ele era imaturo, mas ele podia dizer que, mesmo assim, Hyewon se tornou seu primeiro amor. Um amor curto e não correspondido, é claro. Isso porque descobriu pouco tempo depois que  Hyewon era um beta e que ele mesmo era um alfa. No entanto, eles sempre fizeram tudo juntos. Dohan foi o primeiro a seguir o sonho de seu pai de se tornar médico e, como se isso tivesse passado de pai para filho, Hyewon também começou a querer entrar na área médica. Mas Dohan, que sonhava mais do que estudava, tornou-se um tanto… Incompetente.

   No ensino médio, enquanto Hyewon estava ansioso e estudando com afinco, Dohan parecia bastante ocupado, flertando com ômegas e levando-os para a cama. Naquela época, Hyewon desapareceu repentinamente devido a problemas familiares e, quando eles se encontraram novamente, muita coisa tinha mudado. Kang Hyewon agora era um estudante do segundo ano de ciências pré-médicas, enquanto Lim Dohan havia se tornado um estudante do primeiro ano de enfermagem. Hyewon não tinha mais um rosto feminino, mas se tornara ainda mais esbelto, com um corpo perfeito, carregado a imagem de alguém que ridicularizaria muitos alfas quando o assunto era aparência. Vendo-o assim, Dohan ficou surpreso por um momento, chegando até a engasgar. De qualquer forma, ao contrário de seu corpo forte, ele ainda tinha aquele rosto galante e bonito que o caracterizava.

   — Kang Hyewon, quer se casar comigo?

  Dohan franziu a testa e perguntou a Hyewon algo que soou muito estúpido. Uma vez que ele começou a beber, a embriaguez tomou conta de seu corpo inteiro em um instante até que ele se tornou inútil.

   — Definitivamente não.

   — Então isso significa que toda a coisa do casamento foi uma farsa.

   — … Se houver uma pessoa adequada, eu me caso.

Hyewon estava verificando a tela do telefone e respondendo brevemente, então Dohan também fez o mesmo. Sentindo-se ansioso que uma ligação do hospital pudesse ter chegado até ele no momento em que estavam bebendo. Por mais que ele fosse um bêbado, havia algo chamado responsabilidade.

   — Bem, eu acho que é o suficiente por hoje…

   Dohan esvaziou seu último copo e se levantou.

   Ele não sentiu nada quando estava sentado, mas assim que se levantou, o teto começou a girar tão rápido que era difícil ficar em pé ou mesmo manter a concentração. E quando Dohan tropeçou e parecia que estava prestes a vomitar, Hyewon soltou um longo suspiro e se encaixou atrás dele.

   Hyewon, que era um pouco reticente ao beber: não demonstrava embriaguez, mas também era bastante desajeitado. No entanto, ao contrário de Dohan, que desabotoou a camisa e arregaçou as mangas, Hyewon, estava com uma aparência impecável. Não havia nem mesmo um botão mal colocado ou gravata torta. E então, aqueles dois homens saíram do quarto, ombro com ombro.

°

°

Continua…

Tradução: MiMi