Pontos de sutura - Capítulo 08
Enquanto os dois homens lutavam na cama, o colchão sacudia violentamente de um lado para o outro. Dohan, que estava bêbado, não conseguiu mais se mexer quando Hyewon, que era mais alto que ele, o pressionou com todo o seu peso. Normalmente Dohan era um homem rude em situações como essa. Logo, com certeza teria socado e chutado Hyewon até deixá-lo inconsciente e o insultado por ofender sua honra como alfa. Mas, agora, parecia tão mal que, honestamente, não conseguia nem mesmo manusear o próprio pênis adequadamente.
Hyewon agarrou os ombros do amigo com firmeza e o segurou antes que ele tentasse dar uma cabeçada novamente. Ele não sabia nada sobre feromônios alfa, mas pelo menos podia sentir o cheiro típico da pele de Dohan naturalmente. Hyewon então colocou os lábios junto aos lábios do amigo e chupou até que o gosto amargo do álcool permeou sua saliva. No entanto, isso não era algo que o incomodasse. Em vez disso, ele poderia dizer que gostou tanto, que seu coração, que havia esfriado devido ao nome do desconhecido “Taemin”, começou a bater rápido novamente.
Atacou Dohan porque estava com raiva dele, isso era um fato. Mas assim que começou, Hyewon descobriu que não conseguia mais parar.
Era irresistível.
Hyewon enfiou a língua no pequeno espaço da boca de Dohan, mas aquele alfa não parecia querer receber um tratamento gentil. Em vez disso, Dohan pareceu aproveitar o momento para se sentir bem. Começou a cariciar Hyewon, chupá-lo, beber dele e mimá-lo. Surpreso com uma reação tão inesperada, o médico, sempre tão controlado, se viu respirando fundo. Obviamente, foi ele quem o atacou primeiro, mas foi bom sentir que Dohan também estava se envolvendo nisso.
A boca de Dohan estava muito quente. Estava tão quente que era como se a saliva, que escorria pela fenda em sua boca, fosse secar e evaporar a qualquer momento. Sua língua, se contorcendo como uma cobra faminta, subia e descia tão encantadoramente que até a respiração que tocava sua bochecha fazia Hyewon suspirar.
— Uh huh…
Quando Hyewon agarrou as mãos de Dohan e as fixou na parte de trás de sua cabeça, seus músculos e ombros, que eram perfeitos não importa para onde você olhasse, se destacaram tão perfeitamente que ele ficou pasmo. Seus braços estavam erguidos, revelando seus deltóides rígidos e seus grandes músculos peitorais salientes devido ao exercício diário. E quantas vezes ele havia pensado nesse corpo, em nosso espaço, onde não havia ninguém além de nós dois gritando por nossos nomes? Era perfeito. Hyewon colocou os lábios cuidadosamente em seu peito, seguindo a ilusão que ele havia reproduzido inúmeras vezes em sua mente. Da clavícula aos mamilos, que já haviam endurecido o suficiente sob sua boca, Hyewon começou a acariciá-lo usando a ponta de uma língua quente. E quando Hyewon chegou a erguer os dentes e morder o mamilo sensível, Dohan exclamou: — Aah! —, soltou um gemido e virou o corpo para o outro lado quase inconscientemente. Como consequência, seus flancos retorcidos apareceram, com os músculos fortemente entrelaçados, em conjunto das costelas marcadas, como se quisesse mostrar a ele como era bonito, não importando o ângulo que se observasse.
Hyewon não conseguiu mais se segurar depois disso.
Ele não conseguia se livrar de todas aquelas emoções e sensações passando por sua cabeça e, mesmo por um momento, era como se a ferida em seu peito finalmente estourasse e começasse a supurar.
— Dohan…
Hyewon chamou o nome de Dohan em voz baixa. Ao contrário do habitual tom frio e seco que sempre usava no hospital, desta vez sua voz parecia quebrada e transbordava calor.
Dohan, então, virou-se para um lado e balançou as costas no ar, fazendo com que seu pênis bem ereto ficasse mais exposto e as covinhas aparecessem e desaparecessem daqueles belos quadris dos quais ele era tão orgulhoso. Hyewon chamou seu nome mais uma vez, mas Dohan não respondeu. Houve apenas um som baixo de dor que fez sua garganta latejar.
O homem olhou para seu gesto atrevido por um momento, então cuidadosamente agarrou seus órgãos genitais, com a mão branca, e o acariciou até que Dohan tremesse, como havia feito antes. O brilhante pênis úmido aparecia e desaparecia repetidamente enquanto se agarrava à pele úmida de suas palmas e então, como se estivesse engolindo um gemido, era possível perceber a força que Dohan havia colocado nas linhas de sua mandíbula para tentar resistir.
Hyewon agarrou aquele pênis com ainda mais força e passou a outra mão entre suas nádegas. De quem era a mão que Dohan acha que estava fazendo isso com ele? Desse Taemin? Deus, ele não queria substituir Taemin esta noite, mas parecia que não tinha outra escolha. Hyewon espalhou cuidadosamente seus longos dedos entre o corpo do amigo e, enquanto mexia em seus quadris, torceu seu torso mais uma vez se perguntando se o homem o estava sentindo corretamente.
Dohan virou o corpo para baixo, levantou as nádegas bem alto e começou a agarrar os lençóis com as mãos, como se essa fosse a maneira que ele havia adotado para não enlouquecer. Hyewon agarrou os quadris trêmulos com as duas mãos e abriu bem suas pernas na cama. Os testículos que balançavam em suas coxas eram claramente visíveis e a entrada rosada parecia começar a se contrair intermitentemente. Então, Kang Hyewon olhou para aquele ânus que ninguém havia penetrado antes dele e, gentilmente, empurrou seu longo dedo indicador. Naturalmente, ele enfiou apenas a ponta da unha, mas quando Dohan não o apertou, ele decidiu se inclinar para colocar a língua em conjunto.
— Aaah!!!
Dohan, que estava balançando as costas por um longo tempo, parou por um momento, e então respirou incrivelmente fundo quando algo quente e úmido tocou aquele lugar. O homem agarrou a bainha amassada do lençol com as duas mãos e repetidamente apertou e soltou aquela parte de acordo com o prazer que sentia entre as nádegas.
A respiração de Hyewon, que estava agitada e áspera, atingiu a pele da bunda de Dohan, que agarrou o colchão e tremeu com a estranha sensação que sentiu quando a língua pontiaguda sondou ao redor do seu buraco e finalmente se empurrou para o fundo. Então, quando ele parou de se mover, Hyewon colocou a mão entre as pernas dele e agarrou seus órgãos genitais para voltar a masturbá-lo novamente. Ele podia sentir seu pênis crescendo, inchando a carne que estava entre aqueles dedos.
— Ah, ah, é… é estranho…
Dohan, que agora cerrava os dentes e falava de maneira contida, parecia ter atingido o ponto perfeito de excitação sexual. Porém, por vezes, ele abria os lábios e soltava um pequeno gemido. Estendia as mãos ou deixava a testa cair contra o lençol quando começava a gritar.
Hyewon, que estava olhando para Dohan fixamente, perdeu a cabeça: distorceu sua impressão e enfiou três dedos de uma vez. O buraco, que estava relaxado enquanto ele se contorcia com o prazer que estava fazendo o homem balançar até suas costas, se fechou com a súbita intrusão. Seu órgão latejou de novo, fazendo Dohan abrir a boca de um jeito que pareceu um pouco exagerado. Ele caiu no lençol, fazendo um som estranho e comentou que aquilo era “algo totalmente novo para ele”. E que “era constrangedor”. Mas Hyewon ainda queria cuidar de Dohan. O fato de ser um beta não significava que ele não sabia o que era sexo anal, então ele moveu os dedos suavemente mesmo com seu amigo gritando com toda a força e se movendo para cima e para baixo sem parar. As fortes coxas de Dohan tremeram quando ele foi aberto manualmente um pouco mais e, em seguida, seus testículos, que pareciam bastante pesados devido às pernas abertas, estremeceram até que, em determinado momento, ele vomitou uma carga de sêmen na palma da mão do amigo. Mas o líquido branco espesso era tanto e tão exagerado que continuou derramando por um tempo.
Hyewon abriu as nádegas de Dohan novamente com uma mão apressada e desajeitada.
O sêmen em sua mão atuou como um lubrificante quando ele inseriu seus dedos molhados no buraco. Em seguida, os retirou lentamente como se para fazê-lo se acostumar com o movimento. Então, Dohan, que estava deitado na cama, exalando sua respiração forte e ofegante, fez uma tentativa de se ajoelhar e se acomodou de forma que aquela mão pressionasse justamente aquele ponto que ele parecia gostar muito.
Hyewon foi excitado até o âmago devido à aparência sexy de Dohan. Era como se ele fosse um rio exposto em uma seca. Seus órgãos genitais estavam dolorosamente excitados, seu peito ardia e ele sentia uma sede incrivelmente louca por aquele homem. Quando Dohan torceu seu corpo novamente e tentou se levantar um pouco mais, Hyewon, bastante impaciente, começou a inserir seu pênis voluptuoso dentro da pequena entrada rosada, agora carente. Não havia como o membro caber no ânus que ele mal havia dilatado com suas mãos desajeitadas, mas ele entrou tão lentamente quanto sua mente lhe dizia para fazer.
Hyewon e Dohan soltaram um gemido ao mesmo tempo.
— Uh…
— Hmm…
Quando Hyewon tentou enfiar seu pênis com força, Dohan jogou o rosto no travesseiro e soltou uma voz estranhamente mais alta. Então, Hyewon deu um tapinha na parte inferior do abdômen de Dohan com a mão que parecia bastante urgente, agarrou o pênis do amigo e começou a sacudi-lo, enquanto fazia o mesmo movimento por trás dele. Foi, então, que ele descobriu que Dohan, que era muito promíscuo, também era extremamente fraco para o prazer.
Quando a entrada, que era apertada como se fosse cortar seu pau de uma só vez, ficou tão solta quanto quando ele enfiou os dedos, Hyewon se empurrou até afundar no corpo de Dohan.
— Ah, ai… ai…
— Dohan, ah, Dohan…
A quente parede interna envolveu seus órgãos genitais até o ponto onde Hyewon gemeu e gritou o nome de Dohan com todas as suas forças. O interior estava tão quente que não seria estranho se o fizesse ejacular a qualquer momento e, embora estivesse um pouco apertado, era infinitamente macio. Era como água fervendo. Sentiu um breve sentimento de êxtase acompanhado de arrependimento e ressentimento junto ao o prazer que o fazia cócegas em todas as direções.
— Me desculpe, ah… me desculpe…
Em primeiro lugar, ele não queria ter tal relacionamento com Dohan. Mas, ao contrário do que sua mente dizia, seu coração parecia começar a partir no centro do peito. E toda vez que Hyewon se afundava em seu buraco, Dohan soltava um gemido reprimido e lamentoso que soava como:
— Aaah! Ah, ah, ah!
Hyewon inconscientemente ejaculou dentro de Dohan de uma forma incrivelmente pesada. E toda vez que ele entrava e saía de seu buraco depois disso, o sêmen branco jorrava até manchar todo o seu pênis. Então, ele tentou colocar o dedo ao mesmo tempo.
— Oh, waaaaa… Ah, ah…
— Dohan, Dohan… Ah, Dohan…
— Ah, mais um pouco… Ah!
Kang Hyewon sentiu como se seu coração estivesse prestes a explodir. Ele exalou tão violentamente que seus ombros tremeram e, então, agarrou a cintura de Dohan com as duas mãos e o puxou um pouco mais para perto dele para que pudesse senti-lo melhor. Então, quando a pélvis de Dohan foi segurada firmemente por seus antebraços grossos, os movimentos do homem começaram a aumentar e aumentar cada vez mais até que, de repente, o estreito buraco se encheu de sêmen mais uma vez. Hyewon, que não parecia notar como sua expressão facial era desconexa, apenas abraçou Dohan, como se ele fosse uma fera e se moveu com ele como ele tanto desejava.
Hyewon, que abraçou a cintura de Dohan com os dois braços como um cachorro no cio, enlouqueceu e deu um tapa na bunda de Dohan com força enquanto ele parecia atingir seu próprio orgasmo. E como eram nádegas bastante musculosas, um estalo ressoou por todo o quarto do hotel.
— Ai! Ah, ah, Deus… Ah!
Assim que Hyewon enfiou seu pênis longo e grosso no buraco de Dohan até a raiz, houve um estranho som de guincho e, ao mesmo tempo, os testículos de Hyewon pareceram bater com muita força contra sua carne.
O homem chamou o nome de Dohan quase como se estivesse chorando. Embora não fosse a primeira vez, o corpo promíscuo de seu melhor amigo sentia um prazer tão constante que ele começou a sugar seus órgãos genitais com muito mais força do que da primeira vez. Incapaz de engolir a saliva começou a escorrer de sua boca escancarada e o suor que começou a escorrer pelo seu rosto e peito, Dohan agarrou o antebraço de Hyewon, que sustentava sua cintura, e começou a dizer:
— Oh, Kang Hyewon… Hyewon, Hyewon…
O nome de Hyewon de repente saiu da boca de Dohan.
Hyewon, que foi acordado pela voz que o chamava tão suavemente, virou-se para Dohan e tocou seu rosto:
— O que você disse?
— Uh…
— Dohan?
— Hyewon… Hum…
Hyewon virou o rosto, fechou os olhos e acariciou lentamente a bochecha de Dohan ao ouvi-lo dizer seu nome. Um monte de cabelos vermelhos estava grudado em seu rosto igualmente avermelhado, de modo que Hyewon teve de dar alguns tapinhas no rosto do amigo para confirmar se ele estava bem. No entanto, Dohan não abriu os olhos e continuou murmurando para si mesmo: — Hyewon… Mais. Quero mais… Hyewon… Hyewon…
Antes que Dohan pudesse terminar de falar, Hyewon o penetrou novamente, embora parecesse ter parado por um tempo. Foi um gesto tão violento que a cabeceira da cama se chocou contra a parede do hotel durante toda a noite.
***
Hyewon levou um momento para recuperar o fôlego e, então, se virou com a mesma expressão séria que ele normalmente tinha.
Ao verificar os pacientes que ele operou, Hyewon não sorriu ou mudou sua expressão nem uma vez. Embora os outros médicos e enfermeiras sorrissem gentilmente e se alegrassem com a recuperação de um paciente, apenas Hyewon estava sério como uma pedra contra o concreto. E graças a situações como essas que Hyewon era o médico menos popular do hospital. É claro que as reservas de pacientes ambulatoriais nunca davam certo para ele. Por mais bonito que fosse, poucos pacientes gostavam de ser tratados por um médico tão frio. Muito raramente, havia pacientes que confiavam nele com base em sua atitude, mas ele ainda era péssimo em lidar com as pessoas.
O centro cirúrgico era o departamento mais relutante para estudantes de medicina, mas a maioria dos residentes que escolheram este lugar, como Hyewon, suportaram bravamente tempos muito difíceis com o único propósito de se tornarem “cirurgiões da elite mundial”. Então, embora fosse assustador e não demonstrasse sentimentos, as habilidades cirúrgicas de Hyewon eram tão marcantes, tão maravilhosas, que todos começaram a elogiá-lo, o chamando de “Grande Cirurgião” em sua presença desde seu segundo ano como bolsista. Com seu sólido treinamento e habilidades cirúrgicas, os residentes e o corpo docente nunca duvidaram que Hyewon se estabeleceria como um conceituado médico de cirurgia geral. No entanto, os residentes também apelidaram Hyewon de “ROBODOC”. Na verdade, esse era o nome de um robô cirúrgico usado por cirurgiões ortopédicos para realizar cirurgias nas articulações, mas as semelhanças com o doutor era inevitável… No fim, o apelido estranho se tornou uma forma de reconhecimento a Hyewon e a suas habilidades, que pareciam ser guiadas sem emoções ou sentimentos. Ele era exatamente como um robô.
Mas não deixava de ser um pouco desconfortável.
Não eram apenas os pacientes que ficavam nervosos, mas os residentes, que agora estavam atrás de Hyewon todo o tempo, além dos médicos que sempre ficavam com ele na sala de cirurgia. As enfermeiras não queriam fazer turnos com ele. Afinal, como se sentiria se seu colega de trabalho, com quem você passa horas, cara a cara, nunca sorrisse na sua frente? Obviamente, isso faria seu cabelo ficar em pé.
Hyewon, que recentemente terminou a última rodada de procedimentos com uma paciente de 40 anos que teve sua tireoide removida, foi brevemente chamada ao pronto-socorro. Após atender um paciente com vários ferimentos na cabeça, Hyewon, que teve um breve momento para recuperar o fôlego, pegou uma xícara de café da máquina de venda automática na sala de descanso dos funcionário. Em seguida, sentou em um banco duro e frio, com o café quente na mão, e ficou completamente em silêncio. Em pouco tempo, chegaria a hora de Dohan deixar o hospital. Ou era o que se esperava, afinal, não havia cirurgias agendadas ou emergências, então, como ele era um enfermeiro cirúrgico, não havia necessidade de fazer rodízio de emergência. No entanto, lembrando-se de Dohan, começou a ter aquele pensamento estúpido que o vinha incomodando recentemente:
Naquele dia, no quarto do hotel, Dohan chamou o nome de um homem que não conhecia. Um tal de Taemin. Mas, no final, ele disse claramente o seu nome. E quando ele mencionou isso, ele sorriu tão brilhantemente que seu coração até se esqueceu momentaneamente das feridas que carregava. Então, o abraçou com força pela cintura e beijou sua nuca, chamando o nome de Dohan enquanto ele repetia: “Hyewon!”, “Kang Hyewon!”. Inferno, ele ainda se lembrava que, naquele momento, seu coração começou a bater muito forte. Quase ao ponto de suas costelas começarem a doer. Todo o seu corpo estava cheio de uma satisfação que ele não sentia desde criança. Então, houve um momento em que quis perguntar a Dohan: “Por que você ejaculou gritando meu nome?” e “Por que você me disse para não parar?” No entanto, assim que Hyewon, que havia adormecido como se estivesse morto de fadiga acumulada, acordou, a primeira coisa que viu foi uma cama vazia. A figura de Lim Dohan não foi encontrada em lugar nenhum e, embora tenha cogitado ligar para ele, não teve coragem de fazê-lo. Ele tinha medo de que Dohan estivesse com raiva dele e tinha mais medo ainda de que o amigo não quisesse mais falar com ele. Era verdade que, embora parecesse inevitável, Hyewon não queria ser atingido pela realidade.
Então, o tempo passou. E na segunda-feira eles não teriam escolha a não ser se encontrar pessoalmente. Ele disse a si mesmo: “Tenho que perguntar a ele sobre essa noite” e também comentar sobre coisas um pouco mais arriscadas, como “Tenho que ter certeza dos seus sentimentos”, mas Dohan de repente se desconectou do mundo.
Foi aí que Hyewon percebeu que Dohan não queria vê-lo e, na verdade, queria jogar fora tudo da noite que passaram juntos.
As feridas que haviam desaparecido, como se tivessem sido lavadas após ouvir seu nome sair daquela boca, se abriram novamente e dilaceraram o coração de Hyewon. Ele sentiu como se de repente tivesse se tornado um paciente crônico. Um paciente crônico que estava muito tempo internado e sabia que em algum momento iria morrer.
Assim como um homem que foi repentinamente atropelado por um carro enquanto caminhava calmamente pela rua, Dohan sempre foi muito bom em infligir um grande ferimento no ego de Hyewon quando ele menos esperava.
Mesmo doendo, ele agarrou o próprio peito e pensou que nunca mais iria se deixar machucar por ele. Mas quando mostrou a Dohan um pouco de interesse, o homem olhou para ele novamente como se nada tivesse acontecido.
No fim, Kang Hyewon sempre foi aquele doente terminal que foi hospitalizado e liberado novamente para repetir o ciclo de danos.
O homem olhou para seu rosto refletido na placa de acrílico da máquina de venda automática. O que há de errado, seu idiota? Por que você está tão quieto enquanto volta a sangrar de novo?
Desde o momento em que se conheceram, Kang Hyewon começou a gostar de Lim Dohan. Claro que, naquela época, não era um sentimento sujo que misturava desejo sexual e paixão como é agora. Era uma emoção pura que também chegou a um ponto simplesmente perfeito.
Assim como ômega e alfa eram inconscientemente atraídos um pelo outro, Kang Hyewon também foi irremediavelmente cativado por Dohan desde a tenra idade, assim que ele tocou sua mão. Ele nunca havia considerado as razões ou condições pelas quais isso aconteceu com ele, mas sempre pensou que essa atração era tão forte que era como se estivesse se ligado a ele desde que nasceu neste mundo. Porém, Dohan não sentia o mesmo.
Hyewon bebeu o café em um só gole. O gosto amargo da nata, o qual não gostou, e a doçura do açúcar que pusera quase exageradamente diante da máquina, permaneceram em sua boca por muito tempo, mesmo depois de esfregar insistentemente a língua no céu da boca. Ele teria que ficar de plantão a maior parte do dia hoje, então, enquanto Hyewon estava pensando sobre isso e aquilo, ele amassou o copo de papel vazio e o jogou no cesto de lixo.
Houve incontáveis momentos em que odiou Dohan, mas nunca houve um momento em que ele pensou que seria melhor não conhecê-lo.
Até esse dia.
Ele não queria mais ver o rosto de seu amigo por um momento.
Obviamente, ele ficaria bem novamente em breve porque era assim que Hyewon estava acostumado a trabalhar. Amanhã ele encararia aquele rosto sorridente e aceitaria suas piadas como se nada tivesse acontecido entre eles. Parecia perfeito, embora fosse um pouco complicado.
Hyewon caminhou lentamente em direção à UTI.
— Ei, você vai operar?
Droga.
Hyewon, que estava subindo da sala de emergência no primeiro andar para o terceiro andar, onde ficava a UTI, encontrou Dohan, que estava saindo da sala de descanso e agora estava parado em frente ao elevador. Ele o cumprimentou com um olhar casual, como se nada tivesse acontecido, e até parecia um pouco mais aliviado do que quando estavam no refeitório. Aparentemente, ele aceitou perfeitamente que Hyewon também não se lembrava de nada.
Quando Hyewon não respondeu à sua saudação, Dohan se atreveu a pegar a mão dele para perguntar novamente.
— Você vai operar?
— … Não, estou indo para a UTI.
Naquele momento ele o odiava e não queria vê-lo. Mas, assim que ele encarou o rosto de Dohan, a expressão endurecida de Hyewon suavizou um pouco. Se outras pessoas vissem, elas se perguntariam qual parte do seu rosto frio realmente mudou, mas estava ali. Era uma mudança sutil.
— Eu queria ir para a cirurgia para te mostrar aos residentes.
Dohan, que parecia estar repassando mentalmente o horário do turno da noite, soltou um suspiro que mostrava como tudo isso era decepcionante. A maioria dos trabalhadores do turno da noite eram enfermeiras novas, então ele achou que seria ótimo se eles entrassem em alguma cirurgia mais difícil. E quando Dohan sorriu brilhantemente e disse: — Pelo menos vai ser algo tranquilo —, mostrando seus dentes perfeitos, Hyewon sussurrou a razão pela qual não iria para a sala de cirurgia esta noite:
— Vou ver o que aconteceu com o Carcinoma Heptocelular da última vez.
— Ah, aquele paciente…
Foi a cirurgia que ele fez com Dohan alguns dias atrás. Um paciente com câncer de fígado em estágio terminal foi submetido a um transplante e estava sendo tratado na unidade de terapia intensiva. Embora ele operasse muitos pacientes por dia, a razão pela qual ambos se lembravam dele era porque o rapaz era particularmente jovem. Foi um paciente na casa dos 30 anos que também pediu a Dohan, que o desinfetou, que o amordaçasse porque tinha a certeza que iria gritar e tentar fugir. Ele estava com muito medo e tremendo até a medula. Nesse momento, ele sorriu levemente para o paciente e disse que ocorreria tudo bem na cirurgia, mas certamente era um caso muito incomum.
— Ele está se recuperando bem?
— Sim. Ele é jovem.
— Então se cuide. Vejo você mais tarde.
Ao receber a saudação de Dohan, Hyewon olhou para o relógio. Já passava das 12 horas, mas, como ele disse, não era um “até amanhã”, mas um “até logo” e, como de costume entre eles, Dohan deu um tapinha no braço de Hyewon e se despediu. Então, Hyewon permaneceu por um longo tempo no meio do corredor, olhando para as costas do amigo, que se distanciavam.
°
°
Continua….
Tradução: Rize
Revisão: MiMi