Pontos de sutura - Capítulo 12
— Ah, ah, ah, mmmm… eu amo isso, é muito gostoso. Ah..
Dohan ofegou e ergueu o queixo com a sensação de calor que estava sentindo na parte inferior do corpo.
Gotas de suor brilhavam naquele lindo peito, branco como a neve e tão macio como a casca de um pêssego. Então, seus braços se estenderam em sua direção e ele acariciou o belo rosto:
— Ah, Kang Hyewon… Mais. Mais..
— Ahhhh, Dohan… caramba, Dohan
— Sim, Hyewon, aqui estou. Eu… Umm!
Dohan, sentindo-se como se estivesse derretendo na cama, moveu a pélvis com ainda mais vigor, como se desejasse que aquele pênis enorme fosse mais fundo dentro dele. Então, ergueu levemente o olhar e logo avistou o rosto de seu querido amigo Hyewon, com a testa enrugada e as bochechas, orelhas e pescoço completamente vermelhos sob os cabelos ondulados de suor, seus lábios soltaram um suspiro impressionante, e então os suspiros desapareceram quando ele pressionou a boca contra a boca do homem. Os óculos do médico, que estavam embaçados pela umidade do quarto, estavam empoleirados na ponta do nariz como se fossem cair a qualquer momento, e quando Dohan olhou nos olhos dele, os lábios vermelhos de Hyewon se abriram em pares e então ele disse:
— Dohan, preciso te contar uma coisa…
— Diga…
— Ei, eu sempre te-….. “Ding, Ding, são 5h35 da manhã.”
Dohan ficou surpreso com o som mecânico da voz de uma mulher, que saiu inesperadamente da boca de Hyewon. E então, visivelmente confuso, ele acordou do sonho.
Dohan saiu da cama, suspirou profundamente e olhou para a tela do celular. Lá, o despertador flutuava em seu papel de parede preto, com um número embaixo que dizia “5h35” e um monte de mensagens desejando “Bom dia”.
Seu corpo estava sonolento e suado, como se ele tivesse acabado de ter uma aventura sexual, e seu coração continuava batendo forte sob o peito. Por precaução, ele deu uma olhada no cobertor. Naturalmente não havia ninguém embaixo dele, mas havia um pênis que o cumprimentou dignamente com uma reação diferente daquela que algo fisiológico teria.
Então Dohan deu um tapa na bochecha com tanta força, tão abruptamente, que pareceu ter causado uma pequena explosão em seu rosto. Foi tanto que a silhueta de seus dedos começou a ficar bem visível em sua pele e no queixo lindamente aangulado.
—Você é… Você é um idiota, Dohan! Que porra está acontecendo com você?
Dohan, plenamente consciente da situação em que se meteu, soltou um suspiro longo e terrível, depois puxou o cobertor amassado sobre a virilha, agarrou a cabeça e cuspiu um monte de palavrões um pouco desagradáveis. Isso era prova de que ele estava sexualmente insatisfeito? Dohan coçou o cabelo de forma irritante e franziu as sobrancelhas enquanto seu peito parecia completamente cheio. Suas sobrancelhas se uniram o mais firmemente possível até criarem rugas muito profundas e ele disse novamente: — Merda! — Mais vezes do que poderia contar. Ele não era um adolescente então, sonhar com seu melhor amigo era tão…
Então…
Mesmo depois que o alarme disparou, Dohan sentou-se na cama sem entender completamente o que aconteceu. Todo o seu corpo estava sonolento e de repente ele sentiu como se sua energia tivesse sido sugada dos pés para o centro da cabeça. Foi constrangedor ver Hyewon penetrando sua bunda, e foi ainda mais chocante descobrir que ele estava terrivelmente excitado por estar com o homem.
Mas não foi a primeira vez que ele sonhou com Hyewon.
No ensino médio, Dohan iniciou seu desenvolvimento sexual com a ajuda de seu melhor amigo Kang Hyewon. Na época, ele era jovem e não tinha dúvidas de que Hyewon emergiria como um Omega absolutamente maravilhoso alguns anos depois. E como sempre foi tão apegado a ele, não ficou tão surpreso quando Kang Hyewon começou a aparecer em sua cabeça tão constantemente todos os dias, ofegando e dizendo que gostava do jeito que ele fazia amor. Agora era diferente. Essa era uma situação em que o número de parceiros sexuais que ele tinha em sua lista de celulares chegava a 30. Ele não precisava de outro Ômega ou de outro parceiro em sua vida, mas mesmo com tantas opções, parecia que seu corpo continuava precisando terrivelmente do corpo de Hyewon.
Dohan então balançou a cabeça vigorosamente, como um cachorro com o pelo molhado. Aparentemente, foi mais chocante do que gostaria de aceitar isso de ter passado a noite com Hyewon recentemente.
Foi um pouco assustador.
Dohan soltou um gemido: — Ugh… — Ele saiu da cama, com a virilha coberta por um cobertor, e caminhou imprudentemente em direção ao banheiro. O edredom, sujo de sêmen, era arrastado pelo chão como um rabinho saindo de entre suas pernas e se estendendo até onde ele andasse. E então, Dohan, que saiu do banho, (no qual havia passado muito tempo para se livrar do desconforto), secou os cabelos molhados com o secador e ajeitou o rosto para não parecer tanto com um “cadáver.”
Devido à mudança de horário do hospital, passou a trabalhar no turno diurno. E é claro que ele achava muito difícil ir trabalhar tão cedo numa segunda-feira. A luz do sol estava apenas começando a raiar e, além disso, estava muito frio do lado de fora da janela.
O hospital estava lotado hoje. Houve um relato de que a enfermaria estava um caos terrível devido à falta de pessoal e ao fluxo de médicos residentes ocupando todos os departamentos de anestesia e sala de cirurgia.
Originalmente, era atribuída um estudante a cada enfermeiro de base, sendo comum receberem três semanas de treinamento especial. Por esse motivo, a semana passada foi a última de formação para Jiho Yoon, e, muito gentilmente, Dohan a liberou completamente de qualquer responsabilidade existente. Os hospitais universitários tinham um cronograma fixo para novas contratações e, mesmo que passassem pela entrevista inicial, era muito comum esperar até que o comunicado oficial fosse emitido, em vez de ingressar na empresa imediatamente. Após fornecer a Jiho Yoon um treinamento laboral rigoroso, ela foi designada a um novo preceptor e iniciou outras três semanas de treinamento, mas em um nível mais avançado.
No hospital, a proporção de novos estudantes e médicos Beta sempre foi muito alta, mas desta vez, havia mais Omegas do que Dohan conseguia contar. Ao entrar na sala de espera para dar as boas-vindas aos novos estudantes de enfermagem, Dohan parecia estar se sufocando o tempo todo devido às terríveis ânsias de vômito causadas pelos feromônios. Ele apertou a máscara firmemente na tentativa de se acalmar, mas as náuseas persistiram durante toda a discussão.
Dohan ensinou sequencialmente os parâmetros de uma cirurgia organizada, começando pelos conceitos básicos para verificar um cronograma e os passos exatos que deveriam seguir antes, durante e ddepois.
—Então, vamos começar a aula aprendendo com o Dr. Kang. É a ele que vamos assistir hoje. Façam o que eu disse e verão que tudo ficará bem.
Kim Heejae, um dos novos alunos, ouviu atentamente e concordou rapidamente com a cabeça. Ele era um Omega muito bonito e inocente e sexy até demais. Logicamente, o que ele estava pensando se revelou em seu rosto, e ele sentiu como se estivesse liberando sua parte animal.
—Você está nervoso?
—Na verdade, um pouco.
— Bem, é uma colecistectomia laparoscópica muito simples. É moleza.
— Sim, senhor!
—Então, preparemos a mesa agora.
Dohan verificou a disposição da sala e deu instruções muito específicas para a desinfecção. Em certo momento, Dohan de repente entregou um jaleco ao aluno que segurava sua pequena caderneta entre as mãos. Como o ambiente do centro cirúrgico era um pouco frio, os recém-chegados, que estavam entrando pela primeira vez, frequentemente diziam que estavam com muito frio o tempo todo. Além disso, às vezes tinham que ficar parados no centro cirúrgico por várias horas sem fazer nada, então Dohan via como tremiam de frio até a mandíbula doer.
—Está frio aqui dentro, então coloque isso. Não quero que você fique doente.
— O-…Obrigado.
Já tinha dito que não poderia apagar seus velhos hábitos? Dohan tinha um sorriso incrível, o único que mostrava ao flertar com os Ômegas. E então, mesmo coberto por uma máscara do nariz até o queixo, seus olhos estavam sutilmente curvados, tornando-o tão bonito quanto um modelo em um drama de televisão. As pontas das orelhas de Heejae ficaram um pouco vermelhas, evidenciando seu nervosismo.
Após confirmar que Ji-ho entrou, Dohan levou Heejae para lavar as mãos, mostrando-lhe a maneira correta. Heejae, com as pontas das orelhas ainda vermelhas, se aproximou demais da parte inferior da escova cirúrgica.
—Senhor Heejae, por favor, não se aproxime muito. Lembre-se de que pode se contaminar novamente.
—Ah, sim…
Depois, Dohan, que adentrou a sala de cirurgia, concluiu o processo de vestimenta com a assistência de Jiho e iniciou a preparação da mesa e dos campos esterilizados. Ao observar Kim Heejae, ele transmitiu discretos avisos sobre o que esperar a seguir. Considerou que seria desconfortável para Heejae, sendo um Ômega magro e de estatura pequena, assistir à cirurgia, especialmente porque Hyewon era notavelmente alto e sempre ajustava a mesa de operação para a mesma aaltura.
—Enfermeira Jiho, traga um banco, por favor.
Dohan, que havia estimado aproximadamente a altura de Heejae, pediu a Jiho um ponto de apoio para o novo enfermeiro. Então, quando ele lhe deu uma mão para ajudá-lo a subir a plataforma de dois degraus, percebeu que certamente era a coisa certa a fazer.
—Diga, Dohan. Por que está tão amável hoje?
— Sou amável por natureza.
Assim que terminaram de preparar a mesa, o paciente e o restante da equipe médica entraram pontualmente. Novamente, a responsável pelo departamento de anestesia era a senhorita Kim Jung-ah, que, evidentemente, sempre estava bem envolvida no mesmo centro cirúrgico que Hyewon. Chegou ao ponto de se questionar se ela vinha de propósito para vê-lo.
Enquanto Dohan a observava, monitorando a tela à sua direita, Hyewon entrou imediatamente para iniciar a operação. O paciente adormeceu antes mesmo de contar até dez, e então começaram a se movimentar como uma orquestra bem organizada. Pode-se dizer que Hyewon e Dohan formavam uma dupla fantástica quando estavam na mesma sala. Dohan não hesitava em fornecer o que era necessário, e como colegas de longa data, antes mesmo de Hyewon estender a mão para iniciar o próximo procedimento, Dohan já tinha suas ferramentas prontas para ele. Não trocavam palavras; em vez disso, substituíam todas as comunicações por olhares intermitentes e pequenos gestos que mais ninguém conseguia decifrar. Embora tenha sido uma operação fácil, a sincronia dos dois, sem a necessidade de palavras e com uma única voz, era impressionante aos olhos de Ji-ho, ainda estudante, e de Heejae, um recém-chegado.
Na semana passada, devido a um incidente entre eles, Dohan se sentiu tão desconfortável com Hye-won que nem queria vê-lo. No entanto, na realidade, nada era mais estimulante para Dohan do que entrar em cirurgia com ele. Dohan já conhecia todas as ferramentas e hábitos frequentemente utilizados por Hyewon, pois, ao estudar para ser médico, era frequentemente submetido a várias sessões de treinamento prático. Obviamente, o mesmo acontecia com Hyewon.
Então, quando a cirurgia estava prestes a ser concluída, Hyewon fez uma revisão final com o endoscópio e perguntou a Dohan:
— Você vai para casa depois do seu turno, senhor Dohan?
— Não imediatamente. Combinei de sair para beber algo com meus colegas, doutor. Quer se juntar a nós? Será divertido.
Dohan respondeu enquanto organizava o equipamento.
— Tenho um compromisso hoje.
—… Ah.
— Então seremos apenas nós.
Disse o residente, que estava ouvindo atentamente aos dois. Ele era um médico popular muito amigo de Dohan, na verdade, as únicas pessoas que não eram próximas a Dohan neste hospital eram Kim Jung-ah e os recém-chegados.
—Tem uma reunião importante para tratar, doutor?
— Pode-se dizer que sim.
Como ainda estava na sala de operações, Dohan usou palavras respeitosas com Hyewon tentando estabelecer uma linha clara. Ele levantou levemente as sobrancelhas diante das palavras de Kang sobre seu suposto “encontro” e depois as baixou para ajudar o residente a contar todo o material. Em seguida, começou a estender a gaze e, finalmente, cortou a sutura ao som de “primeiro corte”.
Ele olhou para Hyewon novamente, não era muito familiar para ele que Hyewon tivesse um compromisso para atender. Além do mais, Dohan engoliu a pergunta “Namorando alguém?” e “O que exatamente você quer dizer com encontro?” e olhou para ele pela quarta vez em menos de dois minutos. Hyewon olhou para ele também.
— Há algo errado, Sr. Im?
Não sei diga-me você.
— Nada.
Após a cirurgia, ele explicou ao novo aluno sobre a contagem e a limpeza, e também sobre a importância de fazer tudo em voz alta para manter um bom registro da situação. O trabalho foi finalizado quando os últimos itens utilizados foram meticulosamente embrulhados em um pano azul de ferramentas.
— Doutor Kang.
— Diga.
—…Você vai terminar o seu encontro rápido? Gostaria da sua opinião sobre as casas disponíveis na região. Sabe, já que você mora por aqui…
— Casas?
— Sim, quero morar com um colega de trabalho para economizar dinheiro. Mas embora ele tenha me dito que eu poderia ficar na casa dele, pensei, bem, seria bom se… encontrássemos uma nova.
Afinal, ele realmente achava que seria mais emocionante se eles tivessem um contrato completamente novo e maiores responsabilidades conjuntas. Kang pareceu entender imediatamente.
— Claro, Sr. Im. Farei o meu melhor para aconselhá-lo bem.
Depois de sair da sala de cirurgia, Dohan olhou a hora e disse a Kim Heejae, que o seguia, que ele não precisava se esforçar demais porque era o “cara novo”. E, afinal de contas, um recém-chegado não tinha responsabilidades que o mantivessem acordado até tarde, organizando ou cuidando da papelada.
À tarde, o centro cirúrgico estava silencioso. Dohan, meio deitado na sala de espera, sentiu uma sensação de relaxamento que não experimentava há muito tempo. Ele se levantou e caminhou lentamente em direção à máquina de café. Uma figura familiar capturou imediatamente os olhos de Dohan enquanto passava pelo primeiro andar: Hyewon, um homem alto, bonito e em boa forma, ainda vestindo sua bata branca. Ele estava conversando com alguém, mas a pessoa não estava visível devido ao ângulo que os dois haviam tomado. Dohan manteve as mãos nos bolsos, balançando a cabeça para um lado e para o outro, tentando ver com quem Hyewon estava falando, acontece… que era Kim Jung-ah, a maldita anestesiologista.
Dohan parou de andar e olhou para os dois à distância. As costas de Hyewon estavam viradas, então ele não pôde ver sua expressão. Mas havia um sorriso deslumbrante no rosto de Jung-ah, que sempre parecia bastante frio. Era uma expressão típica que só acontecia em quem estava apaixonado.
Dohan se encolheu um pouco e se aproximou mais. Agora que pensava nisso, da última vez que compraram uma xícara de café na cafeteria do hospital, ele disse que ia convidar Kim Jung-ah para sair.
Mas que maldito infeliz, ele vai mesmo ter um encontro com ela?
— Ah, sim, super importante.