Pontos de sutura - Capítulo 18
Quando estava prestes a ir dormir, os pensamentos, que se precipitavam como uma onda durante a maré alta, o enchiam como se quisessem arrastá-lo ainda mais fundo. Não, era mais como se sua mente estivesse zombando de cada decisão tomada por Dohan ao longo de sua vida. E à medida que a noite avançava, sua mente ficou tão embaçada que ele simplesmente suspirou e mordeu a boca. Talvez porque fosse essencialmente um homem noturno, Dohan não conseguia adormecer facilmente e, em vez disso, acabou se revirando e revirando na cama várias vezes.
Quando o sono finalmente apareceu, ele percebeu que a sensação que o acompanhava era na verdade muito ruim. Embora suas pernas nuas entrelaçadas no edredom lhe dessem uma sensação estranha de estabilidade, ao mesmo tempo, fazia com que Dohan se sentisse incrivelmente sozinho. E ficou pior quando ele se virou e olhou pela janela. Enquanto observava o céu noturno, escuro e sem estrelas, as luzes da cidade começaram a cintilar no topo de todos os prédios de uma maneira bonita. E embora não pudesse ver a vista movimentada e glamorosa da cidade porque estava deitado, pelo menos percebeu como tudo brilhava apaixonadamente mesmo da sua posição.
—Realmente parece um pouco solitário…
Era um sentimento ambíguo. Afinal, “solidão” era uma palavra inadequada para ele, que passava o dia ocupado no quirófano e rindo alto com seus colegas Ômegas em um bar. Nunca tinha ficado quieto por tanto tempo, então, quando finalmente proferiu a palavra solidão, sentiu como se tivesse sido deixado de lado. Quando o silêncio chegou, a escuridão também se instalou em sua mente, e embora houvesse silêncio por um tempo, ele riu alto porque era uma maneira muito emotiva de ver as coisas para um cara que acabara de se masturbar imaginando seu melhor amigo chupando seu pau.
Dohan enterrou o rosto no travesseiro.
—Por que isso está acontecendo comigo?
A voz de Dohan foi abafada porque sua boca estava pressionada contra o travesseiro. Então ele gritou, se revirou várias vezes na cama e, por fim, levou as mãos ao rosto como se estivesse desistindo. Com as pálpebras cada vez mais pesadas, ele ponderou por um longo tempo sobre os três departamentos para os quais poderia ir: urologia, medicina hormonal e psiquiatria. No final, Dohan adormeceu completamente, pensando que teria que arranjar tempo para consultar um médico para tirar suas dúvidas.
***
Enquanto escrevia o registro da cirurgia com Kim Hee-jae, Dohan concluiu que sua mente estava ficando muito mais atrevida do que antes. Na semana passada, Dohan se masturbou todas as noites, lembrando do rosto de Kang Hyewon e seus lábios suavemente tocando os dele. Suas mãos, sua voz…
Então, casualmente, no dia seguinte, almoçaram juntos e foram ver mais três casas juntos! Eles até se encontraram no quirófano! Mas isso não significava que Dohan não ficava terrivelmente nervoso toda vez que o olhava.
—… Ok. Preciso manter distância entre nós dois. Isso não está funcionando.
—Professor?
—… Estou falando comigo mesmo.
—Entendi. Você anda falando muito consigo mesmo ultimamente.
—Porque estou ficando louco!
—… Sinto muito. Vou tentar melhorar no trabalho.
Kim Hee-jae, que não parecia entender bem Dohan, se desculpou da melhor forma que pôde e até mesmo pediu para “confiar nele daqui para frente”. Afinal, todos no hospital sabiam que as ações de Kim Hee-jae eram muito mais lentas que as do resto da equipe do quirófano. Ele era um típico estudante que agia devagar e precisava perguntar a todo momento sobre seus próximos passos. Na semana passada, por exemplo, quando o programa de cirurgias estava apertado, sua lentidão causou repreensões de outros médicos, e é claro que cada movimento de sua inexperiência tinha que ser corrigido o tempo todo por Dohan e seus superiores. Além disso, Dohan teve que fornecer educação suplementar a Hee-jae por um tempo extra.
Então, a cabeça de Hee-jae se inclinou para baixo. Embora estivesse realmente reclamando da situação com seu melhor amigo, também era verdade que ele estava se sentindo mal por causa de Hee-jae, então Dohan não corrigiu seu mal-entendido.
—É melhor mesmo.
Dohan respirou fundo e olhou para Hee-jae, que parecia completamente exausto após a última operação. As horas regulares de trabalho já haviam passado e, devido ao inventário, já passavam das 6.
—Professor, está com fome?
—Muita. Já está quase na hora do jantar.
—Se estiver tudo bem, gostaria de ir jantar comigo?
Dohan refletiu por um momento sobre a sugestão de Hee-jae. Era o momento em que Kang Hyewon ia entrar em contato com ele para jantarem juntos, então, preocupado, Dohan concordou prontamente com a sugestão do novo enfermeiro. Ultimamente, estava passando muito tempo com Kang Hyewon, então, tentando controlar o que estava começando a sentir por ele, ele tentou manter a maior distância possível. No começo, estavam sempre juntos: “Vamos almoçar”, “vamos a um café”. Mas agora, não importava o quão desinibido fosse seu comportamento habitual, era difícil enfrentar Hyewon depois de passar uma noite quente com ele em sua mente. Todas as expressões faciais lascivas que havia imaginado na noite anterior e nas noites anteriores bagunçaram tanto sua cabeça que não havia como estar bem ao lado dele.
Ele precisava… precisava de tempo.
No entanto, assim que Dohan aceitou a proposta de Hee-jae, seu celular tocou com uma melodia um tanto clássica. Eram três caracteres que escreviam o nome «Kang Hyewon» e ocupavam toda a tela.
—Vocês dois devem ser bem próximos.
—… Parece?
Kim Hee-jae, que conferiu o nome nas notificações, perguntou isso com um sorriso verdadeiramente gigantesco. No entanto, contrariando o que ele pensava que faria, Dohan olhou para Hee-jae e então pressionou o botão para rejeitar a ligação.
—É porque… Bem, o senhor Hyewon sempre o espera para comer ou sempre avisa se vai chegar tarde.
—Haha. Minha relação com ele é próxima. Nos conhecemos desde muito pequenos.
—Quando o senhor Hyewon está na minha frente, eu… Na verdade, me sinto muito assustado. Ele tem essa imagem que grita que não tolera nenhum tipo de erro.
—É verdade. O apelido dele é Robodoc, afinal de contas.
O recém-chegado, Hee-jae, começou a rir e aplaudir como se fosse a primeira vez que ouvia o famoso apelido de Kang Hyewon. Dohan sorriu.
—Bem, hoje eu quero comer em um restaurante elegante, o que você acha?
—Claro!
Os dois, que trocaram suas roupas de “hospital” por roupas “civis”, saíram pela porta principal e começaram a procurar por um menu de comida que pudesse ser acompanhado por uma cerveja gelada. Eles não sabiam se queriam comida exótica ou comida coreana apimentada, então atravessaram um longo corredor e passaram pela sala de operações. Mas quando a porta automática se abriu, com as letras vermelhas eletrônicas, os dois se depararam com um tigre furioso.
—Dohan…
—Ah!
Kim Hee-jae gritou diante da repentina aparição de Kang Hyewon, que parecia estar esperando por ele em frente à sala de operações há um bom tempo. As sobrancelhas sempre retas de Hyewon se ergueram e é claro que ele tinha uma expressão mal-humorada em todo o rosto. Além disso, a imagem dele gritando o nome de DoHan e clicando no celular que segurava, parecia tão desconfortável que Dohan se sentiu como se estivesse tremendo como gelatina. No entanto, Dohan respondeu com uma expressão muito descarada.
—Ops, você ligou? Não sabia, estava ocupado.
Hyewon o encarou. Para outras pessoas, ele poderia parecer tão inexpressivo como sempre, mas aos olhos de Dohan, o que ele queria dizer estava desenhado em todas as direções. Aparentemente, ele não acreditava que Dohan não tinha ouvido sua ligação, então, sem perceber, logo se sentiu como se tivesse cometido um grande erro. Enquanto isso, Hee-jae, que viu Dohan rejeitar deliberadamente a ligação de Hyewon quando estavam falando sobre onde comer, deu um passo para trás para não se envolver na briga deles. Mas Dohan o agarrou pelo braço e o puxou para frente.
Quando as bochechas de Kim Hee-jae ficaram um pouco vermelhas, o olhar de Kang Hyewon se voltou para a mão de Do-han.
—Ah… Eu… Doutor, você gosta de sashimi?
—Desculpe?
—Há um restaurante japonês de luxo na rua principal, você gosta…?
—Eu sei qual restaurante você está falando, obrigado. Não gosto de sashimi.
—… Desculpe.
—Bem, acontece que estamos indo para lá, não é? Para comer, nós dois.
Quando Hee-jae assentiu, Dohan naturalmente deu um passo à frente e se virou. Hyewon segurou seu pulso antes que ele avançasse mais.
—Dohan…
—Vamos conversar depois, tudo bem? Tenho um compromisso e não quero me atrasar. Você entende, já teve um encontro da última vez, não é?
Quando Hyewon o chamou pela segunda vez, Dohan acenou com a mão como se estivesse brincando, mas nunca mais o encarou. Então ele colocou a mão no ombro de Hee-jae e saiu do hospital tão tranquilamente como se nada tivesse acontecido. Mas mesmo depois que Dohan desapareceu, Hyewon ficou ali por um longo tempo e olhou ferozmente para o lugar de onde os dois haviam partido. Seus olhos atrás dos óculos eram afiados. Em termos de estar ocupado, Hyewon estava enlouquecendo. Ele tinha cirurgias para fazer, uma dissertação para escrever, ajudar um médico com sua pesquisa e sempre recebia avisos de emergência dos residentes. De vez em quando, quando pacientes críticos chegavam, ele tinha que cooperar e também era seu dever atender pacientes ambulatoriais. Custava muito a ele sair do quirófano e comer com Dohan, então se alguém no hospital soubesse o que ele fazia para estar com ele, teriam dito que ele parecia muito dedicado e até um pouco apaixonado por seu amigo. Mas é claro, ele não era um Ômega, então nada disso importava.
Hyewon desviou o olhar do corredor vazio e olhou para o seu celular.
—Oi! Já comeu?
—Sim.
Nesse momento, a porta da sala de operações, onde Hyewon estava de costas, se abriu para dar passagem a um residente com um rosto bastante familiar. Mas diante da pergunta do médico, que tentava ser gentil, Hyewon expressou sua recusa com um vento frio que soprou diretamente em sua voz.
Ele havia perdido o apetite.
***
—Senhor, eu… Por que fez isso antes?
—O que?
Sabendo sobre o que Hee-jae estava perguntando, Dohan fingiu ignorância e pegou um copo com gelo para enchê-lo com cerveja.
—Com doutor Hyewon. O senhor não atendeu sua ligação de propósito.
—É daí… Sabe, às vezes eu só quero comer sozinho.
—Ah, então fui usado.
—Hahaha, não fale assim. Você me faz parecer um cara mau.
Dohan deu de ombros diante da expressão exageradamente sombria de Hee-jae. Afinal, ele estava certo. Kim Hee-jae foi uma vítima das circunstâncias. Ele foi um escudo que Dohan usou porque era difícil encarar Kang Hyewon por tanto tempo.
Kim Hee-jae estalou a língua, deu uma grande mordida nos camarões fritos em seu prato, e continuou a falar como se realmente tivesse perdoado Dohan pelo que acabara de fazer. E enquanto conversavam um com o outro, Dohan descobriu que na verdade Kim Hee-jae era muito mais agradável do que ele havia pensado. Popular entre muitos alfas, moderadamente desajeitado, moderadamente distante, moderadamente indiferente, mas encantadoramente sociável.
—Há rumores no hospital de que o doutor é um tipo bastante… Durão.
—Possivelmente.
Era uma palavra familiar, então Dohan sorriu. Heejae, que parou de usar os palitos, olhou para Dohan e mudou de assunto:
—Vocês dois brigaram?
—Kang Hyewon e eu?
—Sim.
—Não, não… É só um pouco desconfortável, eu acho.
Para ser preciso, Im Dohan evitou Hyewon porque estava se sentindo completamente sobrecarregado em sua presença. Mas ele não deu nenhuma explicação específica para a pergunta de Hee-jae. O jovem assentiu, embora estivesse claramente surpreso:
—Então vocês brigaram sim.
—Bem, as pessoas podem viver sem brigar?
—É que não consigo imaginar o doutor Hyewon… Não sei, levantar a voz, insultar ou algo do tipo.
—Ah, não, não. Quando aquele idiota fica bravo, ele simplesmente fica calado. Eu sou o único que fica realmente irritado. Depois eu me aproximo e falo com ele e… Tudo se resolve.
—Entendi.
—Tem sido assim desde a infância…
Outros amaldiçoavam, outros batiam… Mas Kang Hyewon olhava para Dohan em silêncio com os braços cruzados. Era assim desde criança. Então, Dohan, que não suportava o silêncio e como se nada tivesse acontecido para começar, começava a falar e a fazer piadas como sempre e depois disso, tudo estava resolvido. Agora que pensava sobre isso, realmente não conseguia ficar bravo com ele por muito tempo. Mesmo que não falasse com Kang Hyewon por meio dia ou uma semana inteira, seu coração se afogava e suspirava profundamente para voltar na direção dele. Sempre havia muitos amigos ao redor dele, Dohan era barulhento e animado seria muito fácil estar sem Kang Hyewon. O problema era que ele não conseguia suportar por muito tempo é que, a única pessoa com quem conseguia falar e passar o tempo, sempre foi Kang Hyewon.
—No começo, quando vi os dois, pensei que eram como os personagens principais de um drama.
—Pela beleza?
Im Dohan, que tinha uma expressão séria no rosto, piscou várias vezes, depois ergueu o queixo para Kim Hee-jae e sorriu ao vê-lo abrir muito os olhos e fazer exatamente a mesma expressão que ele. Depois de uma breve explosão de risos e algumas piadas sem sentido, o assunto mudou abruptamente para a vida hospitalar de Kim Hee-jae. E enquanto ouvia sobre as dificuldades e preocupações que um novo enfermeiro enfrentava, Dohan de repente pensou em Kang Hyewon.
‘Ele já tinha comido?’
Embora tivesse trazido Kim Hee-jae aqui para evitá-lo, ainda havia uma sensação de inquietação com tudo relacionado a ele. Devido à sua personalidade, ele não poderia ter comido com outras pessoas e era completamente evidente que, ou ele iria comer sozinho, ou iria pular a refeição completamente. Já eram nove em ponto, mas Dohan estava convencido de que Hyewon ainda estava no hospital.
Ao ver Hee-jae empacotando suas coisas depois de terminar de comer, Dohan mostrou um sorriso verdadeiramente maravilhoso.
—Enfermeiro Hee-jae, vá primeiro e tenha uma boa noite.
—… Sim! Tenha uma boa noite também!
Na frente do Hospital Universitário Deokwon e depois de três ou quatro copos de cerveja, Dohan deu um passo à frente e olhou para dentro através da pequena janela ao lado da porta da sala de monitoramento. Dois residentes estavam comendo macarrão, uma enfermeira estava cochilando e a mulher da administração estava separando seus palitos para começar a comer um sushi. Dohan, que encontrou Hyewon sentado no final, com os braços cruzados na frente da tela cheia de letras pretas e gráficos, o observou em silêncio por um momento que parecia um tanto exagerado. Seu rosto estava pálido e cansado e seus óculos estavam um pouco sujos, provavelmente cheios de suas próprias impressões digitais. Também havia muitos residentes lá, mas Dohan, envergonhado de entrar sozinho para entregar a comida que havia comprado para ele, procurou em seu bolso seu celular para poder ligar. Ele sorriu. E justo antes de apertar o botão de ligar, Dohan olhou para Hyewon novamente. Ele franziu as sobrancelhas espessas, como se fosse parte de um desenho animado, e enviou telepaticamente uma mensagem para a parte de trás da cabeça de Kang Hyewon:
‘Olhe para trás.’
‘Olhe aqui, Kang Hyewon.’
E então, Hyewon realmente se virou e olhou para a porta onde Dohan estava parado. Seus olhos se encontraram através da estreita janela e então, como se nada tivesse acontecido, Dohan franziu a testa e levantou um saco de papel que tinha na mão. Eram bolinhos de arroz, bolinhos de queijo, pão quente e salada do restaurante onde ele havia comido com Kim Hee-jae. Ele sabia que Hyewon não gostava muito de comida japonesa, mas como já era bastante tarde, ele não tinha outra opção.
Hyewon, ao encontrar Dohan, se levantou de sua cadeira e saiu lentamente da sala de monitoramento. Não havia expressão em seu rosto enquanto caminhava, mas Dohan podia ver o leve sorriso refletido em seus olhos.
—Você comeu?
—… Sim.
—De qualquer forma, pegue.
Os dois se sentaram em um banco no corredor, no canto mais distante do departamento de cirurgia geral e ficaram olhando para a extremidade oposta. A luz da máquina de venda automática no meio era a única fonte de brilho que tinham sobre suas cabeças.
—Você jantou algo?
—Sim. Nossa, você comprou arroz para mim.
—Está dizendo que comeu sozinho? mentiroso!
Hyewon olhou alternadamente para a composição do jantar que Dohan tinha preparado e para o rosto dele.
—Por que está me olhando assim?— perguntou Dohan.
—Não sei…
—… Venha aqui.
Dohan franziu a testa diante do olhar tão penetrante de Hyewon, então tirou seus óculos. Como esperado, havia muitas marcas de impressões digitais em seus óculos e algumas manchas de suor. Sempre que se deparava com um paciente difícil ou estava no limite e precisava se concentrar, Hyewon sempre tocava a testa e também os óculos. E mesmo que Dohan os tivesse tirado de repente, Hyewon não se surpreendeu nem evitou seu toque minimamente.
—Você tem… Essa expressão estranha que sugere que me acusa de algo. Você sabe que não saio com pessoas do hospital, não é?
—… Acho que sim.
Dohan pegou um pano azul do bolso e começou a limpar os óculos de Hyewon. Na verdade, ele os limpou muito meticulosamente, como se não pudesse permitir nem a menor impressão digital neles. E então, como era a comida que havia comprado para ele, Hyewon a colocou na boca, mesmo que fizesse uma careta.
—Por que está tudo tão bagunçado por aqui? — Perguntou Dohan, apontando com o queixo para as mesas espalhadas pelo corredor.
—Disseram que iriam construir uma sala de médicos em tempo integral.
—Desde quando nosso hospital precisa de uma sala em tempo integral? Querem um campo de escravos ou algo assim?
—Você disse ao seu pai que o hospital precisava de coisas novas. Ele é muito amoroso e complacente.
Diante das palavras de Hyewon, Dohan explodiu em risos. Na verdade, ele não podia dizer que estava completamente errado. Sempre havia escassez de mão de obra na filial e a maioria das pessoas que saíam da sede precisava voltar imediatamente, então o bem-estar dos médicos era um desastre. Por exemplo, Hyewon parecia estar completamente preso aqui há muito tempo.
—Talvez sirva para você dormir.
—Pode ser. Dizem que também vão mudar o uniforme.
—O quê? Como?
—Para jalecos curtos.
Os jalecos curtos eram usados apenas pelos médicos devido à política do hospital. No entanto, hoje em dia, os enfermeiros também preferiam jalecos curtos para prevenir infecções. Ele supôs que deveria ser por isso.
—Pronto.
Dohan entregou os óculos limpos a Hyewon, mas, em vez de estender a mão para recebê-los, ele levantou a mão que segurava o saco e apontou para Dohan.
—O que está fazendo? Está insinuando que não quer mais?
—Só queria que segurasse por um momento.
—Muito convincente.
Enquanto falava, Dohan colocou os óculos em Hyewon e até afastou os cabelos que estavam pressionados contra as têmporas dele. Mas então, Hyewon teve a maravilhosa ideia de fechar os olhos diante do toque de Dohan.
—… N-não feche os olhos. É estranho.
—Por quê?
—Eu não… Só não feche os olhos!
O rosto de Dohan ficou vermelho. As sombras dos longos cílios projetadas sobre o rosto de Hyewon, com as pálpebras levemente fechadas, o lembraram de delírios do passado que ele havia esquecido por algum tempo.
Dohan, ainda desperto, exclamou e se levantou de sua cadeira.
—Se não quer comer, apenas entre. E trabalhe moderadamente.
—Não há moderação quando se trata de atender pacientes.
—Então apenas… Não se mate. Até mais tarde.
—Tchau.
Hyewon se sentou no banco e observou Dohan se afastar. No entanto, depois de alguns passos, Dohan se virou, retrocedeu lentamente e acenou.
—Oh, recebi uma ligação do corretor de imóveis. Precisamos decidir logo.
—Entendi. Se cuida.
—Igualmente.
Hyewon e Dohan se olharam e acenaram levemente mais uma vez. Depois que Dohan saiu, Hyewon comeu toda a comida, embora não tenha gostado.
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Continua…