Pontos de sutura - Capítulo 22
—É sério?
—…
Dohan olhou para as caixas empilhadas no chão enquanto colocava as mãos na cintura. A caixa empoeirada diante dele aparentemente era a bagagem de Hyewon. O problema era que era TODA a bagagem de Hyewon.
—Como você tem vivido até agora?
—Não tenho muito tempo para sair do hospital.
—Mesmo assim, isso é um pouco exagerado. Parece que nem sequer está vivendo como uma pessoa.
Hyewon não havia desfeito a bagagem que embalou quando seguiu Dohan para esta filial, então, em outras palavras, esta caixa diante dele estava lá há dois anos. E desde então nunca mais a abriu. Mesmo naquela época, Dohan ajudou Hyewon a se mudar, então ele descobriu que as notas que ele mesmo deixou na caixa para uma organização fácil ainda estavam lá.
Hyewon, que vivia, comia e dormia na sala de plantão, saía apenas uma ou duas vezes por temporada, então havia casos em que ia ao hospital no inverno e saía no auge do verão. Então, as roupas que Hyewon tinha eram apenas um conjunto de terno para uma ocasião importante e algumas peças para se proteger do frio ou calor. Talvez ele tivesse dormido em casa algumas vezes, mas duvidava, pois até o cobertor estava embalado a vácuo.
Dohan suspirou, pegou uma faca e desempacotou a bagagem de Hyewon, que tinha escrito “roupa”. Obviamente, ele chamou a atenção para todas aquelas roupas acromáticas cuidadosamente embaladas e as meias que pareciam quase novas. Se Dohan não tivesse pedido para morar com ele, ele teria certeza de que Hyewon teria continuado arrastando essa bagagem empilhada em caixas até a eternidade.
Sem dizer uma palavra sobre isso, Dohan desfez a bagagem de Hyewon e começou a pendurar as roupas no armário. Tinham decidido compartilhar exatamente meio a meio, mas, na verdade, ao contrário de Dohan, que gostava de se vestir de forma elegante e chamativa, as roupas de Hyewon eram muito sóbrias. Discretas.
—Oh, olha isso. É uma camiseta bonita.
—Se você gostar, pode pegar.
Em resposta às palavras de Hyewon, Dohan pressionou a camisa de seda azul-marinho contra o próprio peito. Não era muito do estilo de seu melhor amigo, mas era feita de um material elegante e muito brilhante. Ele podia dizer que definitivamente era uma camisa que ficaria perfeita em seu rosto.
—Fica melhor em você.
—Eu troco de roupa uma vez a cada mil anos mesmo.
—Não importa. Tenho certeza de que você deve ficar muito bonito com ela.
—… Você acha?
Dohan abriu um pouco mais os olhos e olhou para Hyewon, que havia puxado a camisa azul marinho contra o abdômen. Com ela, ele pensou que poderiam ir juntos à boate beber um bom vinho ou até mesmo a um daqueles restaurantes que servem caviar puro. Mas, embora ele realmente gostasse da figura de “porte cavalheiresco” de Hyewon, ele tinha que dizer que estava mais fascinado pela aparência relaxada que estava usando agora. Ou seja, em vez de arrumar cuidadosamente os cabelos e abotoar a camisa até o último botão, sua aparência atual, um pouco desgrenhada, era tão fresca e natural quanto o vento trazendo um sopro de menta.
Depois de organizar as roupas e desfazer todas as outras caixas, Dohan esticou as costas e reclamou da dor nos músculos depois de tanto tempo encurvado. Então, sorrindo, ele ficou observando Hyewon tirar um livro bastante grosso do fundo de uma caixa.
—Isso é um álbum?
—Sim.
—Por que você tem um álbum?
—É da minha mãe. Mas acho que acabou se misturando com o resto da bagagem.
Dohan mostrou interesse no grosso álbum que estava na mão de Hyewon, então se aproximou um pouco mais para poder bisbilhotar. Era um álbum grosso que ele já tinha visto várias vezes quando estavam na escola primária.
—Uau. Isso é bem antigo.
—Já tem muito tempo, é verdade.
Dohan pegou o álbum da mão de Hyewon e se jogou no chão para poder dar uma olhada desde o primeiro capítulo: Lá estava Kang Hyewon, que teve um sangramento nasal na escola primária. Seu rosto estava vermelho e, atrás dele, Dohan começou a fazer uma expressão travessa. Era uma foto tão antiga que nem sequer conseguia lembrar o que aconteceu naquela época, mas tentou adivinhar. Certamente, o próprio Dohan convenceu Hyewon a fazer algo perigoso e o homem acabou se machucando por causa dele.
Como os pais de Dohan estavam muito ocupados desde que ele se lembrava, houve muitas vezes em que nem sempre puderam participar de eventos ou viagens ou momentos escolares importantes. No entanto, graças a isso, havia muito mais fotos da juventude de Dohan na casa de Hyewon do que na própria casa dele.
—Hahaha. Kang Hyewon, olha seu cabelo.
Dohan mostrou outra foto a Hyewon. Deve ter sido durante as férias de verão do primeiro ano do ensino médio. Ele havia obrigado Kang Hyewon, que não queria descolorir o cabelo com ele, a ir ao salão que ficava na esquina. Afinal, Dohan nunca fazia nada sozinho e, embora Hyewon sempre dissesse: “Faça você mesmo” ou “Não vou participar disso”, a realidade era que ele nunca falava sério. Quando Dohan riu novamente, Hyewon suspirou e acabou sentando ao lado dele para ver o álbum: Kang Hyewon, com o cabelo amarelo brilhante, como uma banana, realmente parecia muito engraçado porque aquela cor não combinava nada com o tom de pele dele. Também havia uma foto dos dois indo juntos na praia e outra foto dos dois encharcados até os ossos. Havia muitas fotografias, então acabaram chegando ao ensino médio e, em seguida, começando de novo na universidade.
E é que Hyewon estava ao seu lado em todas as mudanças de imagem. Ele estava ao lado dele, às vezes às suas costas e outras vezes no canto. Mesmo na foto da cerimônia de formatura da universidade, Dohan pôde notar que ele estava atrás, caminhando com seus pais e segurando uma enorme caixa de presente entre as mãos. Dohan soltou uma risada bem fofa. Se fosse antes de perceber que estava apaixonado por ele, simplesmente teria zombado dizendo algo como “É óbvio que você não consegue viver sem mim” ou “Você é tão assustador.” Mas, não agora. Ele realmente gostava desses pequenos momentos juntos de cada um deles.
—Nós realmente nos damos bem, né?
—Acho que foi em parte porque nossos pais são excelentes amigos e sempre nos arrastavam para as festas deles.
Dohan assentiu em resposta às palavras de Hyewon.
—Ei, e… Você já me odiou?
—O quê?
As fotos estavam cheias de puros momentos bons, mas ele se perguntava internamente se houve algum momento em que Hyewon sentiu algum sentimento ruim em relação a ele. Ele pensou que certamente os pecados que cometera no passado eram bastante enormes, mas, mesmo assim, se a resposta fosse um “Sim”, seria doloroso.
—Eu… Sempre fui aquele que quebrava suas promessas e quem costumava zombar de você com piadas muito ruins.
—Às vezes eu pensava que você não passava de um idiota.
—Ei!
As sobrancelhas de Hyewon se curvaram ligeiramente diante do som alto de Dohan.
—Mas não. Não houve um momento assim. Mesmo que eu ficasse zangado e chorasse, quando olho para trás… Acho que tudo foi divertido e precioso para mim. Ainda é.
O rosto de Dohan corou com a resposta de Hyewon. Isso só significava que as memórias passadas, assim como seu amigo, eram agradáveis para ele, mas, de qualquer forma, ele parecia muito envergonhado com isso. Suas bochechas ficaram vermelhas como se tivesse ouvido uma confissão.
—Obrigado…
As mãos de Dohan, que estavam vasculhando fotos anteriores, pararam na última imagem dele com o uniforme do ensino médio. E graças a isso, uma pergunta que havia sido tacitamente enterrada em sua mente veio à tona de uma maneira um tanto cautelosa. Como se nunca devesse ser feita.
—Kang Hyewon. Naquela época, no ensino médio…
—Sim?
—Por que você desapareceu de repente?
—…
Ele sentiu que era tarde demais para perguntar, mas Dohan estava curioso sobre isso. O olhar de Hyewon passou pelo dele por um momento, tocou a borda do álbum e depois voltou. Depois desse breve silêncio, finalmente abriu a boca:
—Eu estava sentindo algumas dores.
—… Como assim dor? Você estava doente?
—Sim.
Hyewon, que era branco, mas não tinha uma palidez doentia, e tinha um corpo mais forte do que qualquer outra pessoa, não parecia corresponder à imagem que eu tinha das outras crianças que adoeciam com frequência. Menos para tê-lo feito desaparecer todo aquele tempo. Dohan franziu a testa e olhou de cima para baixo para Hyewon.
—Bem, você costumava ser um pouco magro. Quanta dor você setia?
—Um pouco. Bem, não, na verdade era muito.
As densas sobrancelhas de Dohan se moveram em diferentes ângulos em pouco tempo. Essas duas pessoas estiveram juntas por tantos anos que o álbum estava repleto e, mesmo assim, havia muitas dúvidas sobre ele que não tinham resposta.
—Muito? O que aconteceu com você? Você está bem agora?
Ele estava certo. Ele perguntou tarde demais.
Quando se encontraram novamente na universidade, foi estranho, mas ele não quis falar sobre isso naquele momento. Tinha medo de ouvir que ele se foi porque o odiava? Dohan negou com a cabeça diante do pensamento que lhe veio à mente e sorriu um pouco diante de como estava agindo de forma infantil novamente. Então, Dohan, que de repente se sentiu estranhamente desconfortável, folheou o álbum mais uma vez e pegou uma foto.
—Me dê essa.
—O quê?
Foi uma palavra que ele disse aleatoriamente para evitar o ambiente tão pesado. Mas, na verdade, assim que saiu de sua boca, ele realmente pensou que queria manter a foto com ele. Até agora, não tinha uma única foto com Kang Hyewon. Sempre tirava muitas selfies, mas não havia nenhuma deles dois juntos em seu telefone celular. Agora, Dohan queria uma.
—Você está feio aqui. Preciso dela para rir quando tiver um dia ruim.
—… Se quiser.
Dohan sorriu. Ele escolheu deliberadamente a imagem mais feia para guardá-la no bolso traseiro de sua calça.
—Você gostaria de comer alguma coisa para comemorar nosso primeiro dia de mudança?
—Sim. Já é um pouco tarde e não percebemos isso.
Dohan levantou o canto da boca e colocou a mão no bolso traseiro de sua calça até sentir o papel grudado em sua palma. Ter a foto de Hyewon, que havia descolorido o cabelo para o mesmo tom amarelo brilhante que ele, o deixou bastante feliz.
***
No estavam em um andar muito alto, mas a nova casa ainda parecia incrivelmente silenciosa de todas as direções. Além disso, Dohan não estava acostumado com o novo quarto e a disposição dos móveis recém-trazidos causou-lhe um suspiro mais pesado do que imaginava.
Sem contar a parede de cimento que estava a sua frente, ele agora estava cara a cara com Hyewon. Na verdade, eles estavam próximos o suficiente um do outro para que aquele idiota pudesse responder se gritasse seu nome ou dissesse que precisava dele. E se quisesse, se levantar da cama, ele poderia até invadir o quarto do médico e olhar para ele de verdade para contar um pouco sobre seus sentimentos… Mas nem tentou, claro. Para ser mais preciso, ele não tinha coragem de fazer isso.
Dohan sacudiu todos esses pensamentos bobos que enchiam sua cabeça e se concentrou em olhar fixamente o teto. Quando o silêncio retornou, dentro e fora dele, então ouviu-se o som dos cobertores e o rangido do colchão quando Hyewon se virava. Então, percebeu o ruído dele levantando-se da cama e colocando ambos os pés no chão para ir até o criado-mudo. Era como se não houvesse paredes os separando, nesse momento seu coração começou a bater com muita força mesmo com essa “coisinha insignificante”. Foi como se Dohan finalmente entendesse que estava com Hyewon sob o mesmo teto. como se seu coração estivesse tão ansioso quanto ele, sentiu a forma completamente agitada que batia contra seu peito em uma constante: Tum-tum, Tum-tum, Tum-tum. Droga! Será que foi pela cerveja que bebeu no jantar?
Dohan levantou a mão e esfregou o peito. Podia sentir seu coração batendo sob seus músculos espessos, então até soltou um longo suspiro ao ver que seu coração possivelmente estava prestes a sair do lugar.
Este era o primeiro dia em que Hyewon e ele haviam começado a viver na mesma casa. Desde o primeiro momento, preocupou-se com o que aconteceria no futuro dos dois e até se perguntou se seria capaz de sobreviver ao lado dele sem ficar louco com tanto sentimento guardado. Então, depois de se livrar do cobertor, ouviu o som de Hyewon voltando para a cama e como ele bocejou. Provavelmente bebeu um copo de água.
Foi uma noite longa porque não tinha um pingo de sono. Além disso, Dohan sentia como se estivesse flutuando no ar em vez de deitado na cama, então deu voltas e voltas repetidamente tentando encontrar a posição certa.
5 minutos.
10 minutos.
20 minutos.
30 minutos.
O tempo passou, mas os olhos de Dohan permaneceram bem abertos.
Será que Hyewon já adormeceu?
Porque, embora todos os sons tivessem desaparecido, o batimento de seu coração ainda parecia tão estrondoso que Dohan tocou seu peito pela segunda vez. Parecia até que estava dentro de sua cabeça! O pulso em seu ouvido era tão forte que ele se sentiu envergonhado, moveu o lábio inferior, fechou a boca e fechou também os olhos antes de perguntar:
—Você realmente já está dormindo…?
Com uma voz que nem mesmo ele ouviu.
Então, Dohan olhou lentamente para a parede e pensou no rosto de Hyewon sobre os lençóis brancos. Era uma beleza indiscutível, com cílios densos e ricos sobre um nariz alto e lábios incrivelmente bonitos. Ele o imaginou, dormindo como um anjo com uma bela face, e percebeu que esse rosto em sua mente não era sua imaginação, mas uma lembrança. Era o rosto de Kang Hyewon, que ele havia visto no hotel. Ele lembrou-se do erro daquele dia, da sensação de suas mãos e pernas e, de repente, a febre subiu por todo o seu corpo, fazendo-o abrir os olhos rapidamente. Seus mamilos estavam endurecidos… E foi tudo por lembrar-se do rosto adormecido de seu melhor amigo.
A camiseta, escondida sob o edredom, tornou-se tão desconfortável de usar que Dohan franzia a testa enquanto tentava acalmar o coração que continuava agindo de maneira incrivelmente estúpida o tempo todo. Nem um Ômega se comportaria assim depois de descobrir de um emparelhamento! Era patético! Ele pensou que o corpo, que havia sofrido por ter deixado de lado o hábito do sexo, não estava feliz por ter sido tão negligenciado, mas estava tão ansioso que agora explodia com um simples toque. A sensação do cobertor, o fato de Kang Hyewon estar dormindo atrás daquela parede e as roupas que revelavam cada um de seus contornos estavam se tornando um estímulo um tanto impressionante. Além disso, depois de perceber que estava apaixonado por Hyewon, pensar nele e se masturbar com seu rosto era um tabu porque se sentia como se fosse um grande pecado. Estava sendo tão descarado, tão travesso, tão necessitado que sentiu que já havia atingido o fundo do poço.
Era o primeiro dia. E ele não tinha vontade de aflorar o desejo sexual por um homem que estava dormindo profundamente no quarto ao lado, logo no primeiro dia! No entanto, sem se importar com o dilema de Dohan, a camiseta começou a roçar deliciosamente em seu peito e na sua cabeça, o rosto de Hyewon não parava de aparecer intermitentemente.
Dohan ficou vermelho brilhante.
Nervosamente, pressionou o cobertor sobre a cabeça e esticou-se completamente no colchão. Seus músculos fortes ficaram tensos ao máximo e as curvas de seus quadris se destacaram muito mais do que antes. Dohan afundou o rosto no travesseiro e suspirou. A nova capa parecia rígida e tinha um cheiro leve de novo. Então, fechou os olhos com força, ajeitou a cabeça um pouco melhor e enfiou as mãos completamente dentro das calças. Seus dedos grandes estavam incrivelmente quentes, mas não tão duros quanto o pênis que começara a endurecer debaixo dele. Além disso, aquele membro já ereto estava tão excitado que, embora sua mão estivesse um pouco febril, parecia fria perto dele.
Dohan respirou fundo e se inclinou um pouco mais.
—Ummm…
Afundou ainda mais o rosto no travesseiro, temendo que o hálito áspero que escapava pudesse atravessar pelas paredes. Enterrando também o nariz no travesseiro, ofegou e ofegou até que sua respiração se tornasse sufocante e seu corpo começou a se mover de maneira um tanto involuntária. Além disso, o som do edredom roçando contra ele ressoou de uma forma que parecia indecente.
—Oh, ummm…
Dohan constantemente tinha o rosto de Kang Hyewon em sua mente, então estava mordendo os lábios o tempo todo com medo de pronunciar seu nome por acidente. Em seguida, segurou a ponta de seu pênis com uma sensação de prazer tão intensa que pensou que definitivamente iria ejacular a qualquer momento.
—Ah, droga. Merda!
Seria porque era um prazer que estava recebendo após muito tempo, ou era porque a pessoa de seus delírios estava dormindo tranquilamente atrás da parede sem saber o quanto ele o desejava? Dohan não podia negar o fato de que aquela estranha sensação de imoralidade também vinha com uma sensação de prazer maior, e também não negava que quanto mais rápido suas mãos se moviam, mais intenso era o ritmo do som do tecido rígido roçando em sua pele.
Até o jantar estava tudo calmo e lindo. Foi um dia muito normal e agradável com seu melhor amigo de infância. Mas à noite, a vontade de fazer sexo com ele começou a transformá-lo em alguém completamente diferente.
Dohan agarrou a ponta de seus órgãos genitais com as pontas dos dedos e, enquanto esfregava rudemente a área em brasa, sua boca, que vinha tentando permanecer bem fechada todo esse tempo, abriu-se amplamente até que Dohan esticasse o pescoço e arqueasse os dedos dos pés na tentativa de suportar o prazer o máximo possível.
—Ah, ah, umm… Ah.
Os olhos imaginários de Hyewon estavam completamente fixos nos dele. Seu olhar, que parecia frio à primeira vista, estava aquecendo tanto que Dohan começou a sentir que definitivamente estava prestes a ejacular só de ter aquele rosto ligeiramente vermelho e aqueles lábios úmidos e abertos na sua frente…
—Kang Hyewon… Ah, Hyewon!
Dohan engoliu o nome de Kang Hyewon o máximo que pôde.
—Hyewon…
Ao mesmo tempo, Hyewon também não conseguia dormir pensando que Dohan estava no quarto ao lado.
Apesar de Hyewon raramente ter oscilações emocionais, ele não parecia capaz de controlar seu coração trêmulo ou a forma como se contorcia na cama. Talvez o álcool que bebera durante o jantar tivesse sido demais para ele, porque estava ansioso mesmo que Dohan estivesse tão quieto como se já estivesse dormindo profundamente. E mais uma vez, como um tolo, Hyewon sorriu de uma maneira que definitivamente não parecia nada com ele.
Até poucos dias atrás, quando ele disse que tinha se vinculado com alguém, o período que se seguiu foi um inferno total. Mas agora podia dizer que tudo ao seu redor eram risos e amor. E como estava tão, tão terrivelmente animado por estar com Dohan, supôs que ficaria acordado a noite toda e, em vez de lutar contra isso, Hyewon colocou seus fones de ouvido para ouvir algumas palestras médicas e fazer algumas anotações de pacientes que ele necessário. . . Mas, incrivelmente, ele também não conseguia se concentrar nisso.
Hyewon manteve os olhos na tela que mostrava o rosto de um médico bastante idoso que discutia o novo método cirúrgico para pacientes com câncer de mama e, em seguida, levou um momento para organizar seus pensamentos o suficiente para não escrever algo bobo. Mas quando recuperou sua concentração distraída e sentiu que já estava se acostumando com a voz meio entrecortada do homem, Hyewon de repente pareceu ouvir Dohan chamando-o pelo nome.
Como o tempo de estudo já havia passado, Hyewon tirou os fones de ouvido e se perguntou se talvez tivesse ouvido errado. Pausou o vídeo e tentou se concentrar calmamente em tudo ao seu redor: era um rangido de cobertores e o som de uma respiração irregular.
Hyewon levantou-se da cama, preocupado que Dohan pudesse estar doente como da última vez, ou talvez até mesmo tendo um pesadelo.
Mas quando estava prestes a sair do quarto para ir ao dele, então ouviu um pequeno: —Umm!— Diferente de um gemido de dor.
Hyewon duvidou de seus ouvidos e sentou-se cuidadosamente na cama novamente. Na madrugada tranquila, quando tudo era absorvido pelas paredes, cada um dos sons produzidos pelos pequenos movimentos de Dohan começou a ganhar vida como se ele estivesse na mesma cama, e ao perceber o significado do gemido que vinha do outro lado, ele cobriu a boca com a mão antes que pudesse ser notado.
—Ah, ah, ah… Ah!
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum. Todos os vasos sanguíneos do seu sistema começaram a bombear sangue diretamente para o coração. E como uma criança que foi pega fazendo algo errado, ele recuou sem descobrir a boca e ouviu atentamente o som que ainda vinha através da parede. Mas o som da colcha roçando na cama fez Hyewon pensar no lindo corpo do homem que ela já havia abraçado uma vez.
—Ah, ah…
Que tipo de expressão ele faria se abrisse cuidadosamente a porta, agarrasse o cobertor que certamente cobria o corpo de Dohan e o expusesse? Você ficaria com vergonha de ser pego em algo que seu melhor amigo nunca deveria ter descoberto?
Hyewon estendeu a mão e tocou a parede. Ele imaginou em sua mente o quão obscenamente aquela boca, que sempre levantava os cantos de uma forma alegre e brincalhona, seria esmagada quando empurrasse seu pênis dentro dela. E lembrando de Dohan, com vergonha de ofegar, com um corpo nu que se movia no ritmo do seu, Hyewon colocou a mão entre as pernas sem ter tempo para pensar no que estava fazendo.
“Dohan…”
Hyewon encostou-se na parede e cerrou os dentes para tentar não dizer o nome dele nem que fosse de brincadeira.