Pontos de sutura - Capítulo 31
Dohan e Hyewon acordaram com o som de um alarme vindo do quarto ao lado. Era o despertador do telefone celular que haviam deixado na cômoda e, embora logicamente tivessem que sair da cama para desligá-lo, nenhum dos dois queria se afastar das cobertas para ir até lá.
Dohan, que já estava acordado, enrolou-se no lençol e lutou para ficar mais um tempinho enterrado no travesseiro. Enquanto isso, Hyewon, que também já havia aberto os olhos, fingiu estar dormindo para não perder o calor que o corpo de Dohan lhe proporcionava. Com os braços envoltos na cintura de Dohan, as pernas entrelaçadas e as cabeças juntas, podia-se dizer que todos os seus sentidos estavam satisfeitos e sua alma plena, exceto claro pelos olhos cansados e a fadiga constante de alguém que trabalhava na área da saúde.
Dohan espreguiçou-se ao som do alarme, que voltou a incomodar, incomodar e incomodar, como se estivesse gritando para ele que já era o suficiente. No entanto, cada uma de suas juntas rangia como se ele fosse um esqueleto emergindo de um caixão e até seus dedos faziam barulho ao agarrar o lençol. Ir para a cama tarde por dois dias seguidos, com o corpo completamente dolorido e o ânus latejando, não estava fazendo nenhuma maravilha pelo seu físico.
—Ah!
O homem, que se levantou lentamente da cama, afastou o corpo de seu melhor amigo e deu-lhe deu alguns tapinhas na cabeça, como se o estivesse acalmando para que não acordasse. Suas nádegas doíam, seu corpo estava cheio de secreções pegajosas e ele estava terrivelmente cansado por causa do cara que o tinha penetrado como um animal até o final da tarde. E ainda assim, os cantos de seus lábios se levantaram imediatamente ao vê-lo. Porque só de pensar em Hyewon, dormindo ao seu lado a noite toda, com seus dedos entrelaçados aos seus e a cabeça contra seu peito, era difícil conter sua boa energia e seu maravilhoso humor renovado.
Na verdade, Dohan sentou-se na cama novamente e passou um bom tempo olhando para ele: Ele tinha cílios tão longos e bonitos que projetavam uma sombra marcante sobre suas bochechas e lábios que ainda pareciam mostrar um forte sinal de inflamação. Droga!, foi realmente fabuloso fazer sexo com ele. E com certeza tinha sido o mesmo para Kang Hyewon, porque tudo o que ele fez e a maneira como o segurou entre seus braços demostrava isso.
Dohan quase disse em voz alta: “Eu realmente gostou de você, Kang Hyewon”. Pensou que do contrário, não haveria forma de permitir que ele o tocasse como fez ou que ele se agarrasse a ele a noite toda como aqueles Ômegas que sempre encontrava no clube. E, principalmente, porque o rosto de Kang Hyewon, mesmo que na realidade fosse o mesmo de sempre, parecia dezenas de vezes mais bonito do que realmente era. Na verdade, milhares de vezes.
Estava escuro lá fora, e o relógio na parede já marcava 8:00 da noite. Ele tinha que se apressar se quisesse chegar ao trabalho na hora certa, então saiu da cama pela segunda vez e imediatamente agarrou o quadril dela antes que ele caísse de rosto. Ontem também sentiu muita dor nas costas durante todo o turno no bloco cirúrgico, mas agora, depois de horas e horas em várias posições diferentes, aparentemente sua coluna havia se desfeito como se fosse um biscoito de gengibre. Sem mencionar sua maldita bunda.
Dohan reclamou por um momento e depois olhou para Hyewon novamente. Ele não estava usando os óculos, então parecia um tipo de anjo gentil em vez de um homem que na verdade era bastante tirano e insensível na cama.
Ele não resistiu por muito tempo.
Dohan se aproximou novamente, estendeu os dedos em sua direção e passou-os lentamente da bochecha até um pouco abaixo da linha de seu queixo. Quando a testa de Hyewon se franziu devido ao toque, Dohan engoliu uma risadinha travessa e parou de perturbá-lo o suficiente para permitir que ele voltasse à sua expressão anterior. Não importava o que tivesse acontecido entre os dois, olhar para aquele rosto, dormindo tão pacificamente contra os travesseiros, afastou suas preocupações de tal maneira que ele se pegou suspirando como um adolescente apaixonado.
No final, Dohan pegou o pijama que estava espalhado pelo chão, segurou sua cintura novamente e foi rapidamente para o banheiro. Mas quando ele entrou e fechou a porta, Hyewon abriu os olhos novamente e levou a mão direto para o local onde o havia acariciado alguns segundos atrás. Era como se seus dedos ainda estivessem queimando. Como se ele estivesse ao seu lado, como se não tivesse ido embora para começar.
O som da água caindo do chuveiro podia ser ouvido perfeitamente através das paredes e, embora fosse noite, pensou que era como um daqueles momentos em que um casal saudava a manhã juntos antes de ir trabalhar. Claro, o relacionamento entre os dois não era de um casal, mas… de simples amigos que aparentemente também se encontravam para ter sexo casual.
Hyewon, que sentiu o calor de Dohan enquanto continuava a tocar o local onde ele havia deitado no colchão, fingiu estar dormindo novamente ao ouvir a porta do banheiro abrindo e fechando com uma batida. Se acordasse agora, essa calma seria quebrada e haveria desconforto entre os dois e palavras que ainda não haviam ensaiado teriam que ser ditas. Hyewon só queria sentir esse brilho um pouco mais antes que fosse tirado dele.
Cada vez que Dohan dava um passo, emitia um gemido ou um palavrão ocasional enquanto procurava sua maleta para ir trabalhar.
Ele ouviu o som do chaveiro, balançando. O som do desodorante e o som da tampa do gel contra a mesa, de modo que todas aquelas ações foram representadas em sua cabeça como se estivesse vendo de frente. Então ouviu o barulho da porta principal batendo contra o batente e no lugar por onde ele passou, o cheiro de sua pele ficou como uma lembrança.
***
Foi um dia infernal para Dohan, tanto fisicamente quanto mentalmente.
As cirurgias importantes não paravam de chegar, e depois de dormir com Hyewon por dois dias seguidos, todo o seu corpo estava infinitamente fraco, a ponto de sentir que poderia morrer no momento em que desse um passo em falso.
Dohan conseguiu sair da sala de operações apenas para desabar na ala de enfermagem no momento em que o alarme do seu relógio começou a tocar. Era hora de o sol nascer, e ele tinha agendado para não perder o momento. Na verdade, havia muitas vezes em que perdia a noção do tempo e não sabia se o sol estava nascendo ou se pondo depois de tanto tempo trancado na sala de cirurgia. Era só que, em pouco tempo, seria hora de Hyewon se levantar para ir trabalhar, e Dohan tinha pensado que seria bom encontrá-lo no saguão. Claro que seria um pouco desconfortável conversar, mas só de olhar para o rosto dele por um segundo, imaginou que os passos de volta para casa seriam muito mais leves.
De repente, Dohan até pensou que seria melhor permanecer como seu parceiro sexual do que confessar que estava apaixonado. Claro que não seria completamente satisfatório para ele, mas ainda assim era melhor do que pensar na possibilidade de perdê-lo. Além disso, não importava quantas vezes refletisse sobre isso, sentia que não conseguiria passar um dia sem ver o rosto firme de Kang Hyewon no trabalho, na rua ou a caminho de casa.
Depois de terminar o turno, Dohan trocou de roupa e caminhou lentamente pelos corredores do hospital em direção à sala de operações. Quando ele saísse, Hyewon entraria para trabalhar, e quando Dohan voltasse, Hyewon já teria ido embora para casa. Ele pensou que definitivamente seria difícil encontrar-se cara a cara com o médico se não o procurasse agora, então, tomando um grande fôlego, passou por sua sala e estendeu a mão. Em certo momento, fingiu estar agindo de forma completamente relaxada, mas de alguma forma, depois de misturar seu corpo com o homem três vezes, havia algo dentro dele que… Algo dentro dele que queria fazer as coisas entre os dois realmente darem certo.
Dohan consultou o relógio de pulso novamente, parou deliberadamente no meio do corredor e apoiou-se na grade das escadas para descansar. Ali, viu as pessoas entrando no hospital desde muito cedo de manhã. Médicos, enfermeiros e também muitos funcionários administrativos. Às 6h30, seus colegas, que estiveram de plantão durante toda a noite, iriam pedir café da manhã na cafeteria, e depois, uma longa fila se formaria na sala de coleta de sangue por volta das 7h. E assim, embora de forma um tanto abafada, logo começaria outro dia agitado no hospital.
Dohan, que não tinha intenção de ir para casa ainda, olhou tranquilamente para todas as pessoas no corredor e para as que entravam no elevador. Seu corpo estava pesado, mas de alguma forma, mesmo assim, ele se sentia tão fresco e renovado que até começou a sorrir. A única coisa que foi resolvida, na verdade, foi o desejo sexual que se desenvolveu a partir da marca de sua imaginação mas, de qualquer forma, ele não sabia por que se sentia tão terrivelmente feliz por ter acordado ao lado de Hyewon durante a noite. Tão animado…
Então, alguém deu um tapinha na bunda de Dohan enquanto ele ainda estava parado tranquilamente, meio apoiado na grade, e com um olhar um tanto perdido em seus pensamentos. Virando-se para trás, descobriu que era Choi Ki-joon, a quem não via há muito, muito tempo devido aos horários de trabalho não coincidirem.
—Ei e aí? Você vai ao meu casamento neste fim de semana, certo?
—Estou trabalhando.
—Nããão, você vai ter tempo. Além disso, o local do casamento é super perto do hospital. Vamos você tem que ir.
Agora que pensava nisso, tinha esquecido completamente que tinha recebido o convite para o casamento há muito tempo. Ele já tinha prometido que arranjaria tempo para isso.
—Leve o Dr. Kang com você.
—Por que… Você acha que vamos juntos?
—Vocês não são amigos?
—… Sim, mas…
Ele não sabia o que dizer, mas isso tinha conseguido deixá-lo muito nervoso.
—Além disso, se você for, o Kang também vai sem dar nenhuma desculpa.
—Tudo bem. Farei o possível.
—Então nos vemos no fim de semana, amigo.
Choi Ki-joon, que deu um tapinha na bunda de Dohan com a palma da mão exatamente como havia feito quando apareceu, foi em direção ao elevador que ficava do outro lado do corredor. A verdade é que, embora aquilo fosse um cumprimento especial entre os dois, desta vez conseguiu fazer Dohan sentir uma dor incrivelmente pontiaguda na bunda. Embora obviamente não pudesse reclamar, porque não havia maneira de dizer a ele o motivo pelo qual estava assim para começar.
—Um casamento, huh?
Dohan murmurou isso para si mesmo enquanto observava Choi Ki-joon se afastar. Na verdade, embora ele ainda tivesse os mesmos pensamentos de antes de descobrir que gostava de Hyewon, depois de perceber que estava perdidamente apaixonado por ele, sua cabeça pareceu um pouco… Complicada. Casamento, namoro, família – antes ele pensava que essas coisas estavam fora de seu alcance. No entanto, como filho pródigo de uma família rica, sempre imaginou que chegaria o dia em que estaria sob pressão para encontrar uma mulher adequada com quem se casar. E o mesmo aconteceria eventualmente com Hyewon. Mas mais do que temer por sua vida e o fim de sua liberdade, a ideia de Hyewon se casando com outra pessoa sempre conseguiu causar-lhe uma dor horrível no estômago que chegava a deixá-lo nauseado. Isso era mais vertiginoso do que quando via aquela anestesista grudada nele.
Kang Hyewon podia ser um homem que não estava exatamente interessado em relacionamentos amorosos para começar, mas mesmo assim, seu rosto era bonito e seu corpo sempre esteve bem treinado. Era inteligente, vinha de uma boa família e tinha um futuro promissor como médico cirurgião. O homem parecia estar completamente desinteressado em sexo a ponto de fazer Dohan duvidar seriamente que houvesse um problema com a função de seu pênis, mas ele já tinha experimentado três vezes nos últimos dias e confirmado que o membro de Hyewon estava funcionando incrivelmente bem para isso ser verdade. Ele era excelente, na verdade. E a ideia de que um dia ele poderia estar ao lado de uma mulher, como agora estava acontecendo com Choi Ki-joon, o fez se sentir um pouco miserável.
Estava claro que era um pensamento idiota, uma preocupação desnecessariamente prematura. Ele sabia disso em sua cabeça, mas… A verdade é que o repentino sentimento de medo e os pensamentos desagradáveis não pareciam querer desaparecer tão facilmente de sua mente, mesmo depois de tentar muito se livrar deles.
Merda. Em momentos como esse, ele realmente precisava ver o rosto de Kang Hyewon. Depois de fazê-lo, como se nunca em sua vida tivesse tido pensamentos tão inúteis, ele se sentiria mais relaxado e começaria a sorrir muito.
Dohan consultou seu relógio, suspirou e caminhou de volta para a sala de cirurgia geral. No entanto, ele não conseguiu entrar na sala tão facilmente quanto pensou, então acabou vagando pelo corredor várias vezes como se estivesse perdido. Ele veio até aqui pensando que seria maravilhoso ver o rosto do médico para recarregar suas energias, mas quando tentou entrar, pensamentos fatalistas inundaram sua mente pela terceira vez no dia. A principal preocupação era sua própria boca. Quer dizer, ele estava assustado com a possibilidade de dizer besteiras novamente por vergonha de seu último encontro, e estava preocupado em se lembrar da aparência dele durante o sexo o suficiente para perder o raciocínio.
E enquanto Dohan continuava andando pelo corredor, viu um dos estagiários, Marton, caminhando em sua direção com uma expressão cansada e o cabelo tão bagunçado que parecia que uma ratazana tinha feito seu ninho ali, mesmo que o dia tivesse acabado de começar.
E quando viu Dohan, o cumprimentou como se o conhecesse há muito tempo, embora na verdade fossem apenas dois estranhos.
—O Dr. Kang está aqui?
Dohan balançou a cabeça em resposta à pergunta, embora na verdade nem mesmo soubesse. Ele não havia se aproximado porque ainda não tinha coragem de bater à porta. Mas enquanto Marton continuava coçando a cabeça e batendo na madeira da entrada do escritório como se não soubesse onde estava a maçaneta, a voz de Hyewon se filtrou por cada uma das janelas, fazendo-o tremer. O estagiário abriu a porta do escritório e cumprimentou a pessoa lá dentro. Ele mencionou os nomes de vários pacientes e falou sobre um em particular que estava em estado grave. Enquanto ele estava fazendo isso, Dohan deu um passo para o lado apenas para poder ver o rosto de Hyewon. Ele espiou por cima do ombro do estagiário e olhou para dentro da sala até que os olhos escuros, com cílios longos e pálpebras duplas, pousaram graciosamente em Dohan e o encararam atentamente.
Dohan, olhando nos olhos de Hyewon, sorriu timidamente, levantou a mão e acenou acima da cabeça do estagiário. Hyewon ainda estava ouvindo o relatório do homem, mas seu olhar estava fixo em Dohan mais do que em qualquer outra coisa no mundo.
Dohan, que era brincalhão por natureza, moveu as mãos atrás de Marton. Ele fez chifrinhos com os dedos na cabeça do estagiário, esticou os braços e fingiu acariciar seus cabelos, que eram bem cacheados, antes de “mordê-los” como se fosse comê-los. Quando Hyewon olhou por cima do ombro do estagiário, sem mudar muito sua expressão, Dohan começou a fazer caretas engraçadas, algo infantil que até mesmo estudantes do ensino fundamental não fariam, como abrir os olhos deliberadamente e colocar a língua para fora. No final, Hyewon, sem saber o que fazer com ele, riu tão alto que por um momento, então Marton, que estava em pé na frente de Dohan, ficou assustado e atordoado. E diante do belo sorriso de Hyewon, Dohan cruzou os braços com uma expressão triunfante e sorriu também, como faria um general que ganhou a guerra. No entanto, apenas o estagiário, que interpretou mal a risada de Hyewon, ficou parado sem levantar a cabeça mesmo depois que o relatório acabou. O médico mandou a vítima, que não sabia de nada, de volta à sala de operações com uma palavra firme, fazendo-o tremer como se tivesse visto algo que não deveria. Então ele se inclinou e rapidamente desapareceu pela porta principal.
O garoto saiu assustado como se tivesse visto um fantasma.
—Não faça isso. Você assustou ele.
Fingindo ouvir atentamente Hyewon, Dohan enfiou as mãos nos bolsos e caminhou até ficar ao lado dele. Afinal, este era o famoso lugar onde Hyewon, o melhor cirurgião do mundo, ficava para perder tempo à tarde. Havia mais duas mesas além da de Hyewon, mas em vez de estarem vazias, estavam cheias de livros e documentos espalhados por todo lado, parecendo uma bagunça. Por outro lado, no canto mais distante, havia uma cama dobrável barata onde se podia tirar uma soneca, então parecia mais apropriado chamar de “sala de armazenamento” em vez de “sala dos médicos”.
Hyewon olhou ao redor da sala, empurrou a pilha de materiais em sua mesa para o lado e se sentou em sua cadeira com rodinhas. Dohan se acomodou ao lado dele, com as pernas cruzadas e os dedos dos pés se movendo enquanto olhava para Hyewon mais uma vez. Quando se encontraram cara a cara um momento antes, seu coração relaxou o suficiente para brincar como uma criança inocente que só queria se divertir com seu amigo. Agora, Hyewon estava com os olhos fix
Hyewon olhou ao redor da sala, empurrou a pilha de materiais em sua mesa para o lado e sentou-se em sua cadeira com rodinhas. Dohan se acomodou ao lado, com as pernas cruzadas e os dedos dos pés em movimento enquanto olhava para Hyewon mais uma vez. Quando se encontraram cara a cara um momento antes, seu coração relaxou o suficiente para brincar como uma criança inocente que só queria passar um bom momento com seu amigo. Agora, Hyewon tinha os olhos fixos no monitor e as mãos se movendo rapidamente pelo teclado, de modo que o som de seus longos e brancos dedos era a única coisa que preenchia o silêncio.
E como Hyewon nem sequer olhou para ele, Dohan se esticou e observou o monitor como uma criança que queria chamar sua atenção. Quando o rosto de Dohan apareceu repentinamente na frente do seu, Hyewon recuou por puro reflexo.
—O que você está fazendo? — Perguntou Dohan.
—Uma tese.
Dohan foi o primeiro a dizer que queria cuidar de suas ações quando estivesse ao lado dele e mesmo assim, estava tão perto de Hyewon que até dava um pouco de medo. E quando ele dirigiu sua atenção para o monitor cheio de escrita que definitivamente não podia entender, de repente percebeu que algo frio estava tocando um ponto preciso de seu pescoço até descer por sua clavícula. Surpreso com a sensação, ele se virou e descobriu que na verdade era o dedo de Hyewon.
—O que…?
—Você está com uma marca de chupão.
Diante das palavras de Hyewon, Dohan instantaneamente corou e puxou a gola de sua camisa para cima. No entanto, o botão de sua roupa, que ele segurava na mão, caiu sobre a mesa e girou até parecer um pião fora de controle.
Ambos ficaram com o rosto vermelho por causa disso.
Estavam tão perto que era difícil respirar e o hálito quente um do outro circulava entre eles como se estivessem roubando o oxigênio um do outro.
Dohan, que estava vermelho da orelha até a nuca, tossiu, puxou a gola de sua camisa para trás e olhou para baixo. Hyewon pressionou o botão, que ainda girava na mesa, com seu dedo indicador, e o parou rapidamente para que não fizesse mais barulho. Mas essa estranha corrente de ar ainda dificultava a respiração. Dohan pigarreou fazendo um som de “hmm hmmm” e então disse, tentando esconder sua voz trêmula:
—Você deveria… Fazer isso em um lugar que não fica assim tão visível.
—… Desculpe.
Diante das palavras de Dohan, uma cor rosa estranha surgiu no rosto pálido do médico até que ele não teve outra escolha senão esfregar o pescoço.
—Ei, eu… Choi Ki-joon me falou sobre o casamento dele então…
—Eu vou se você for.
—Se estiver ocupado, não precisa ir. Posso ir sozinho.
—Não. Eu vou.
Tudo estava tão confortável e caloroso há um momento, mas instantaneamente o ar na sala se tornou sufocante e desconfortável o suficiente para deixá-los parados.
—Então, ah… Acho que… Já vou para casa, certo? Trabalhe com moderação.
Ao ouvir as palavras de Dohan, Hyewon sorriu no meio do desconforto e disse — Ok.— Embora Hyewon fosse uma pessoa que não era “moderada” em nada que fazia. Seja trabalho, estudo ou até mesmo com Dohan. Era algo como seu comportamento natural.
Dohan saiu do escritório do amigo e, logo atrás dele, mesmo sem ter olhado em sua direção, Hyewon acenou gentilmente com a mão antes de baixá-la em completo silêncio.
E em pé, com as costas apoiadas no corredor fora do escritório, Dohan agarrou o peito que estava prestes a explodir, e respirou profundamente e agitadamente. Em seguida, escondendo seu rosto corado, ele correu de volta para casa e se preparou para tomar um banho bem frio e terrivelmente longo. Seu rosto quente e coração acelerado não conseguiam se acalmar. Ele fechou as cortinas blackout e deitou-se na cama no escuro para tentar descansar do trabalho, mas mesmo assim não conseguiu dormir. Estava frustrado porque sempre se comportava como um idiota quando estava na frente de Hyewon, então ele chutou o ar por um tempo e bateu a cabeça na parede várias vezes. E mesmo olhando para a luz do sol, que entrava pelos pequenos buracos que ainda não tinha tapado, o rosto de Kang Hyewon veio à sua mente e a forma como o homem sorriu para ele naquela manhã, até mesmo a luminária redonda no teto lembrava seu belo rosto! Isso foi então um sinal de que sua paixão era realmente muito séria.
Dohan, que havia estado girando e se revirando na cama, finalmente adormeceu profundamente três horas depois.
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Continua…