Pontos de sutura - Capítulo 32
Uma notificação soou em seu celular.
Ele fechou e abriu os olhos, sem saber se ainda estava cansado ou se simplesmente tinha finalmente dormido bem. Afinal, seu corpo ainda doía e seus olhos não se abriam facilmente.
Dohan, que não queria nem sair da cama, se espreguiçou por um momento e reclamou com o rosto afundado no cobertor. Mas enquanto o alarme do celular continuava tocando quase em seu ouvido, a porta se abriu e Hyewon entrou, com a mesma expressão facial que ele tinha visto no hospital algumas horas atrás.
Depois de desligar o alarme, Hyewon, que se sentou na cama, levantou o cobertor para descobri-lo um pouco abaixo do quadril e depois sussurrou:
—Dohan, acorde…
Na verdade, ele estava acordado desde o momento em que Hyewon entrou no quarto, mas Dohan ainda torceu o corpo como um gato que queria se espreguiçar ao sol por mais um minuto, fechou os olhos e não saiu da cama mesmo que o homem insistisse muito. E como optou por se alongar, torceu as costas, mexeu os braços e revelou completamente a parte superior de um corpo que tinha muitas marcas sexuais. Havia mordidas, chupões e alguns hematomas roxos intensos. Além disso, a calça do seu pijama estava tão enrolada devido a todos os seus movimentos desordenados que metade da pele de suas pernas e pés começou a aparecer nos lençóis.
O inchaço não desapareceu por vários dias, então ele notou que seus tornozelos ainda estavam machucados o suficiente para que ignorasse as outras marcas.
—Ummm…
Os dedos dos seus pés se curvaram quando mãos frias começaram a tocar seus calcanhares.
—O inchaço não está desaparecendo…
Hyewon massageou levemente os pés de Dohan e usou os dedos para entrelaçar com os dele. Dohan então conseguiu abrir os olhos diante da sensação tão fresca e levemente formigante que estava sentindo.
—Você está saindo do trabalho muito cedo, doutor…
—Eu já vou voltar. É que tinha algo importante para fazer.
A mão de Hyewon, massageando seus pés, parecia se mover com um tipo de ternura que ele não tinha visto antes.
—É bom mesmo tirar um descanso de vez em quando. Não gosto que você faça tantas horas extras…
—Eu gostaria que fosse tão simples…
Basicamente, todos no hospital viviam de uma maneira bastante complicada. Não havia muito pessoal disponível ou tempo livre, mas sim muitas emergências e muitos pacientes em estado grave.
—Eu também. Ahhh! Quero continuar dormindo.
Ele tinha dormido praticamente o dia todo, então não era surpresa que seus cabelos avermelhados estivessem espalhados por todo o seu rosto.
—Vamos jantar, certo? Vamos comer um pouco e depois eu volto para o trabalho.
Quando Dohan se levantou e finalmente se sentou na cama, Hyewon pressionou suavemente a ponta dos seus cabelos bagunçados com os dedos até conseguir fazê-los ficarem quietos atrás das orelhas Dohan. E diante do movimento de Hyewon com as mãos, algo que ele deve ter feito sem pensar, Dohan inclinou a cabeça para baixo e corou tão intensamente que começou a parecer mais uma maçã madura do que um ser humano. Mas ao vê-lo com a boca fechada e a cabeça inclinada na direção das cobertas, Hyewon se levantou e acariciou seu ombro com as pontas dos dedos como se quisesse zombar daquela reação. Era fofo e divertido, como uma criança, então inconscientemente ele sentiu vontade de incomodar o enfermeiro.
Quando Hyewon saiu do quarto, Dohan, que ainda estava sentado na cama, levantou os olhos e se atreveu a olhar fixamente na direção da porta. Se ele tinha que voltar para ohospital, porque veio para casa em primeiro lugar? Agora que ele pensava sobre isso, certamente não conseguia entender. O homem não precisava de roupas limpas porque ele e Dohan tendiam a manter um conjunto de calças, camiseta e cuecas extras no vestiário. As três refeições do dia eram fornecidas no hospital e também havia serviço de café quente a cada hora, então não havia necessidade de voltar tão cedo. Era mais eficiente tirar um cochilo de 5 minutos no escritório do que caminhar 20 minutos para dormir 2 e depois sair novamente.
Dohan franziu a testa diante da situação que não estava entendendo.
Depois de um banho rápido, ele saiu do quarto com o cabelo molhado e uma camiseta úmida já que de qualquer maneira teria que trocar de roupa para ir trabalhar. Então, finalmente, ele viu como Hyewon havia arrumado a sala de jantar:
—… O que é isso?
—Comprei no caminho para casa.
Sobre a mesa que estava no meio da sala, havia tanta comida deliciosa que ele definitivamente não esperava encontrar em sua casa. Quer dizer, foi bom ver a sala de jantar com comida bem preparada depois de tantos jantares no hospital servidos em pratos descartáveis.
—Onde você comprou tudo isso?
—No supermercado que fica a uma quadra do apartamento.
—Por quê? É que… Você está tão ocupado. A gente podia comer no refeitório do hospital e pronto, sabe?
—Você disse que não gostava mais de ir lá.
Ele achava que certamente tinha dito algo assim quando jantaram juntos no hospital na semana passada. Dohan disse que queria comer comida caseira pelo menos uma vez na vida porque sentia que as guarnições da cafeteria não eram exatamente saborosas.
Mas foram apenas algumas palavras que ele jogou casualmente no ar, então não achou que ele fosse dar tanta importância.Principalmente porque, para ser honesto, Dohan nem gostava de comida caseira o suficiente para brigar para conseguir um pouco. Ele estava simplesmente ficando cansado da rotina diária de comer no hospital e depois dormir o dia todo em casa. Dohan deu de ombros e umedeceu os lábios antes de se sentar à mesa e depois de esperar que ele começasse a comer primeiro, Hyewon pegou a colher e começou a se servir um pouco de cada prato sem dizer uma palavra sobre isso.
Bem, definitivamente era muito diferente da comida do hospital que eles comiam todos os dias. Além disso, fosse pelo sabor ou pelo pensamento de que Kang Hyewon lembrou e se preocupou com suas palavras para fazê-lo feliz, seus olhos se arregalaram como se estivesse provando a coisa mais deliciosa do universo inteiro.
Dohan olhou para Hyewon enquanto comia e depois mostrou um grande sorriso como se realmente não pudesse evitar.
—Você veio até aqui só para comer comigo.
—Não…
—Claro que sim! Por que não admite que foi exatamente isso que você fez?
Dohan, que não pôde esconder seu sorriso, fez uma pergunta para Hyewon com um tom de brincadeira. Não havia como a resposta voltar como um ataque em sua direção, mas então Hyewon fez uma pausa por um momento e depois deu uma resposta bastante firme:
—Eu estava sentindo muito a sua falta.
—…!
Quando a atmosfera de repente ficou tensa, Dohan engoliu tudo o que tinha na boca e tremeluziu.
***
Dohan suspirou quando o terno, que havia estado pendurado no armário por mais de três meses, foi retirado para que ele o vestisse.
A verdade é que ele parecia muito elegante e bonito. Seu característico cabelo castanho avermelhado estava cuidadosamente penteado para trás com gel, e sua pele bronzeada destacava-se ainda mais porque ele vestia aquele terno cinza escuro de tecido escocês e uma bela gravata de seda lisa. Seu rosto, que já era bonito, estava ainda mais radiante ultimamente porque ele estava tão feliz que parecia ter uma tonelada de brilho sobre si. E isso definitivamente rende-lhe pontos.
Depois de terminar com isso, Dohan, que se olhou no espelho com uma expressão bastante solene, voltou para o closet e começou a tirar agora as roupas que Hyewon usaria para a festa. Foi porque estava claro que se Dohan não cuidasse disso, provavelmente ele usaria aquele terno descuidado e horrível que tinha usado da última vez no funeral do chefe da oncologia.
Hoje era o dia do casamento de Kim Na-young, e de seu colega de trabalho e amigo, Ki-joon. Ele não podia ignorar isso porque durante a última semana, ele tinha sido perseguido em todo lugar pelo homem que disse:”que Dohan definitivamente tinha que comparecer, não importa o que acontecesse”.
Dohan, depois de pegar o terno azul-marinho de três peças de Hyewon, mais uma vez passou um tempo considerável diante do espelho para ajustar até os menores detalhes que não conseguiu ver à primeira vista. Claro, ele queria parecer perfeito mais para Kang Hyewon do que para seus amigos e colegas que provavelmente iriam ao casamento. Afinal, Choi Ki-joon era um colega de trabalho muito próximo e Kim Na-young era sua colega da universidade. Em outras palavras, o casamento deles seria realmente um lugar para todos do hospital darem uma pausa e ao mesmo tempo também seria uma espécie de reencontro para recordar os dias de sua juventude.
Dohan, que sempre se importou muito com a opinião dos outros, é claro que não ia chegar parecendo menos do que incrível. Mas agora, ele queria mostrar a Hyewon que estava se arrumando apenas para ele. Era uma espécie de forma de chamar sua atenção e, em outras palavras, de se apresentar bem para a pessoa que ele gostava.
Depois de fechar o botão do seu terno e colocar um casaco justo, ele pentear os cabelos mais uma vez, aplicou perfume e foi para o local do encontro:
—Dohan Oppa! Faz tanto tempo.
—Im Dohan, você veio!
—Dohan-ah, é difícil ver seu rosto ultimamente.
—Oi, Im Dohan.
Sempre foi barulhento ao redor de Dohan, que havia chegado cedo ao local do casamento. Eram todas pessoas com quem ele costumava se dar bem na universidade e também todas com quem ele falava quando começou a trabalhar no hospital central. Ele havia chegado à cerimônia lado a lado com Hyewon, mas de repente, por causa da multidão, Dohan se afastou dele de tal maneira que eles nem conseguiram dizer nada um ao outro.
Nos bastidores do grupo de amigos, Hyewon deu um passo para trás para olhar um pouco melhor para o brilhante e perfeito Dohan, cercado e amado por todas as pessoas na festa. O Dohan refletido nos olhos de Hyewon sempre brilhou como uma linda chama, mas hoje, era tão forte que também havia atraído os outros.
—Meu amigo! Faz muito tempo. Você ficou ainda mais lindo.
—Hahaha. Obrigado. Você continua tão linda como sempre.
—Não pensávamos que você fosse vir. É muito difícil marcar um encontro contigo.
—Você deveria voltar para o hospital principal conosco.
—Deveríamos agarrá-lo pelos pés e arrastá-lo seu maldito.
Sem hesitar, eles o tocavam, batiam em suas costas, riam e não paravam de falar sobre cada coisinha que lhes vinha à mente. Enquanto isso, Dohan sorria, colocava os braços sobre os ombros deles, aplaudia quando algo lhe parecia muito engraçado e, é claro, conversava com cada pessoa que lhe dirigia a palavra. Ele estava a apenas um passo de distância deles, mas Hyewon sentia como se estivessem a dez milhas de distância.
Há pouco tempo, antes de dar um passo neste salão de casamento, estavam ombro a ombro, então ele pensou que até mesmo poderia segurar sua mão com apenas um pequeno passo em sua direção. Ele poderia… Aproximar-se para beijá-lo na frente de todos e arrastá-lo para a cama. Então não haveria mais nada daquelas roupas que o faziam sentir ciúmes e não haveria mais ninguém além deles dois.
Mas à medida que o rosto de Hyewon ficava mais frio e sombrio, Dohan de repente sorriu e olhou para trás para encontrá-lo. Ele fez contato visual com ele e o segurou pelo braço antes que o homem escapasse novamente:
—Venha comigo.
A distância que parecia tão grande se transformou novamente em 0.
Hyewon, que tinha sido agarrado pela mão de Doohan, foi puxado para perto dele sem poder fazer nada para evitar, então, logicamente, acabou sentado ao seu lado no canto mais afastado do salão de casamento. Aparentemente, ele estava tentando evitar as pessoas, mas elas sempre vinham até ele para falar, cumprimentar ou tirar uma foto com ele. Isso porque Dohan sempre foi uma pessoa incrivelmente sociável. E como, no pouco tempo em que ele sentou para beber água, quatro ou cinco pessoas vieram até sua mesa e todas o tocaram de alguma forma, então Hyewon estendeu a mão com cuidado e colocou seu braço sobre o ombro de Dohan como um gesto para protegê-lo do frio. E quando os dedos de Hyewon o tocaram de repente, Dohan, que estava rindo e conversando com as pessoas, finalmente o olhou e perguntou:
—O que está fazendo?
—Não estou fazendo nada.
—Relaxe. Só vamos esperar um pouco, até que tirem a foto e vamos tomar um café ou algo assim, certo? Só você e eu.
—Certo…
A mão de Hyewon, que estava sobre o ombro de Dohan, deslizou naturalmente para as costas dele até parar em sua cintura. E tremendo e sentindo arrepios com o aparentemente insignificante gesto daquele homem, ele franziu a testa novamente e olhou diretamente nos olhos de Hyewon. O homem não gostava de lugares lotados e também não era fã de passar o tempo conversando com mais alguém. Dohan supôs que por causa disso ele não parecia tão animado quanto esperava que parecesse.
“Mesmo assim, ele está muito bonito. Dá vontade de deixá-lo aqui por mais tempo só para poder tirar muitas fotos desse homem.” Pensou.
Dohan, que também estava um pouco cansado depois de seu turno no hospital, olhou para Hyewon, quase encolhido por estar em um lugar que não lhe caía bem, e riu com o pensamento que lhe passou pela mente. Ele estava preocupado com o homem, mas ao vê-lo bem vestido, tão bonito e tão inatingível, fez com que ele quisesse exibi-lo um pouco mais antes de voltar a trancá-lo em casa. Era difícil um terno azul marinho escuro ficar tão perfeito em alguém como ficou nele.
Na verdade, Dohan estava olhando para Hyewon com o queixo apoiado no braço que ele colocou sobre a mesa. O rosto do médico quase estava sendo perfurado por seus olhos, mas na verdade ninguém achou estranho. Para ser completamente sincero, os dois sempre foram assim um com o outro. Eles eram os únicos que não perceberam.
E mesmo que ele pensasse e pensasse e depois pensasse novamente, ele chegou à conclusão de que era um rosto pelo qual ele não poderia evitar se apaixonar. E ao contrário de sua personalidade contundente, Hyewon tinha um rostinho que parecia ter sido cuidadosamente desenhado com um pincel muito fino e colorido com aquarelas da melhor qualidade. Claro, tal delicadeza estava bem escondida sob uma personalidade agressiva. E como um rio que fluía sob o espesso gelo congelado no auge do inverno, esta parte não se revelava facilmente para ninguém além dele.
Mas enquanto Dohan observava calmamente o rosto de Hyewon, a pessoa em questão parecia ficar incrivelmente inquieta com isso. Foi porque ele não conseguia entender por que Dohan o estava observando assim, nem por que parecia ter esquecido até de piscar. E sem saber dos pensamentos insidiosos de Dohan sobre o quanto ele amava o rosto dele, Hyewon começou a se sentir aterrorizado de que Dohan estivesse desconfortável pelo fato de tê-lo tocado no ombro.
—Por quê?
—Por quê, o que?
—Por que você está me olhando assim?
—… Ah, bem, é que… há algo de errado em te olhar? Você fica desconfortável se eu te olho assim?
—Não, de jeito nenhum.
Diante da pergunta de Hyewon, Dohan recuperou o sentido de repente, tencionou o queixo e finalmente se apressou em endireitar sua postura como se estivesse tentando agir da maneira mais casual do mundo. Então Dohan respondeu:
—É que seus óculos estão sujos. Eu estava pensando em como te dizer.
Quando Dohan estendeu a mão para Hyewon, ele tirou os óculos e os colocou na palma da mão dele enquanto procurava um paninho que pudesse usar para limpar as impressões digitais do vidro. Se era algo super comum Hyewon massagear os pés de Dohan na cama, também seria normal Dohan se preocupar com os óculos de Kang Hyewon. O pulcro Hyewon sempre estava negligenciando essa parte.
—Quero dizer, você precisa cuidar bem de seus olhos.
—Obrigado.
—Não toque mais nos óculos com as mãos.
—Não é minha intenção tocá-los.
—Eu sei, eu sei que é um hábito horrível. Mas olha só isso! Como você vê se está cheio de sujeira?
Dohan, que estava envergonhado, repreendeu Hyewon repetidamente enquanto limpava seus óculos. Mas mesmo assim, na verdade, ele se sentia bem. Foi como se finalmente tivessem capturado seu pequeno momento comum e trivial, mesmo no meio de tanta gente e barulho.
Normalmente, havia momentos em que ele achava difícil ser uma pessoa agradável, sempre maravilhosa e brilhante como se não pudesse ficar zangado com ninguém ou estar de mau humor. E era especialmente ruim quando havia pessoas do escritório principal que conheciam muito bem a situação familiar em que ele estava envolvido. Então, Dohan, que estava inconscientemente nervoso o tempo todo, sentiu sua mente se acalmar diante da leve discussão que teve com Hyewon por algo tão bobo quanto seus óculos sujos. Ele até riu.
—Venha cá…
Dohan colocou gentilmente os óculos limpos nele, fazendo com que as hastes deslizassem sobre suas orelhas brancas e sob seu cabelo perfeitamente penteado. Mas o toque suave na ponta de suas orelhas, tocando a ponta dos seus dedos, foi tão suave e estranhamente íntimo que o rosto de Dohan corou instantaneamente.
—Ei…
—Ah!
Dohan, cujo coração estava batendo novamente, bateu na testa de Hyewon com a palma da mão porque não sabia mais o que fazer para cortar a atmosfera. E o pior é que, sem oferecer qualquer resistência, Hyewon permitiu que Dohan o fizesse tão forte quanto quisesse e quantas vezes quisesse. Foi como uma brincadeira infantil, igual ao que faria um adolescente virgem antes de um beijo.
—Oh, desculpe. Eu exagerei.
—Não, está tudo bem. Está tudo bem.
Quando Hyewon segurou a mão que gentilmente esfregava sua testa, então se tornou um breve jogo em que eles se dava tapinhas um no outro. Foi tão bobo que Dohan sorriu, mostrando uma expressão de dentes brancos perfeitos e olhos que se curvavam para se tornar mais estreitos. Hyewon também sorriu.
—Dohan Oppa!
Uma mulher cumprimentou calorosamente Dohan da entrada, se aproximou quase correndo e o chamou com uma voz que podia ser ouvida perfeitamente de qualquer lugar.
—Ah, oi.
Dohan acenou suavemente com a mão e Hyewon, que estava ao seu lado, abaixou um pouco a cabeça.
—Olha só para você. Que gato! Ainda solteiro ou já tem alguém por aí?
—Acho que já é um estado permanente.
Ele se lembrava perfeitamente dela, porque ela era uma aluna do terceiro ano que estudava na sala ao lado. Rose, que estava particularmente interessada nos casos amorosos de outras pessoas mesmo quando estava na escola, parecia estar ainda muito interessada na vida dos outros para deixá-la de lado.
—Que desperdício.
E então, começaram a se aproximar mais pessoas novamente. Eles tinham se sentado no canto para evitar o barulho e multidão, mas mais uma vez, as pessoas se reuniram ao redor de Dohan como se já fosse um hábito. O homem não podia deixar de ser brilhante, mesmo já começando a se cansar de tanta atenção exagerada.
—Oppa, posso te apresentar a um Ômega um dia desses? Ele é realmente perfeito para você.
—Lee Jangmi Lee, não invente por que você quer apresentá-lo a alguém quando ele provavelmente já tem mil pessoas na lista de espera?
—Bem, porque ele é bonito?
—Talvez alguns não saibam, mas Im Dohan era incrivelmente famoso em outros departamentos da universidade além do nosso. Todos os ômegas queriam tê-lo.
—Todos sabiam perfeitamente quem ele era. Até os professores.
Dohan sorriu diante das palavras de seus colegas e manteve a mesma expressão de sempre.
—Qual é cara, você deveria dizer que sim. Ele é um colega de trabalho. É muito bonito, alto, super amigável. Acho que vocês ficariam perfeitos juntos.
Sua cabeça estava latejando, mas Dohan não perdeu o sorriso diante da pessoa tão entrometida que tentou arranjá-lo com um Ômega desconhecido. Na verdade, foi Hyewon quem pareceu estar incrivelmente irritado com isso. Seu rosto, que já era muito frio, endureceu tanto que seu queixo, moderadamente delineado, ficou tão firme como se estivesse trincado os dentes.
—Hahaha, de qualquer forma… Vou ter que dizer que não.
—Como assim não?
—Não estou mais conhecendo pessoas novas. E a verdade é que não planejo sair com ninguém por muito, muito tempo. Assim como estou e com as pessoas com quem estou, me sinto bem.”
Diante das palavras de Dohan, Hyewon olhou para trás da cabeça dele como se realmente não soubesse para onde direcionar o olhar. O fato de Hye-won não ter sido incluído na frase “Não vou conhecer ninguém novo” o animou o suficiente para começar a suspirar.
—Serio? Que bom pra você. A verdade é que até me surpreende que você não queira.
Os dois, sem muitas palavras para dizer naquela situação, expressaram seu pesar mordendo os lábios. E naquele momento, antes que ele pudesse dizer qualquer outra palavra para se defender, as luzes do salão se atenuaram e a música de fundo ficou consideravelmente mais alta.
Graças ao início da cerimônia, as pessoas que haviam deixado Dohan nervoso voltaram aos seus assentos, um por um, para poder ver e tirar fotos dos noivos. Kim Na-young, que sempre parecia cansada e mal-humorada, brilhou lindamente no papel da noiva. E o homem que costumava correr de um lado para o outro no hospital com uma expressão de morte, agora tinha um sorriso de orelha a orelha que contagiava os outros. O sabor da felicidade parecia emanar completamente de cada parte do corpo dos que se amavam e haviam decidido se tornar companheiros de vida para sempre. Havia um brilho poderoso ao seu redor.
Dohan, que estava aplaudindo Na-young e Ki-joon, viu Hyewon fazendo exatamente o mesmo do assento ao seu lado. Quanto tempo Hyewon vai permanecer ao meu lado? Seja como amigo ou parceiro sexual. E mesmo que ele gostasse tanto, por que não conseguia ser sincero com seus próprios sentimentos e dizer que o amava? Seria porque era um Alfa? Ou porque ainda pensava que um Beta nunca o atingiria? Se tivesse percebido o que sentia no início do fundamental ou do ensino médio, as coisas teriam sido diferentes? Assim como Ki-joon e Na-young, poderíamos Hyewon estar no altar algum dia? Os olhos de Dohan vagaram naquela direção. Honestamente, os dois nunca foram amigos normais. No fundamental, no ensino médio, na universidade e até no hospital, as pessoas ao redor de Hyewon e Dohan brincavam e diziam coisas como: “Eles estão namorando”, “são como agulha e linha” ou “estão grudados como chiclete”. Às vezes, eles ficavam irritados e, em outras ocasiões, até riam disso. Mas ele achava que estavam certos de qualquer maneira. Ele não sabia, mas o que os olhos dos outros viam estava correto. Sempre pareceu que eles estavam em uma história de amor unilateral. Eles nunca foram apenas amigos e sempre se entreolharam com emoções que não eram apenas amizade.
Mas era tão comum para eles que não davam tanta importância.
Dohan olhou alternadamente para o rosto sorridente de Ki-joon e o rosto de Hyewon, ele queria que Hyewon sorrisse assim por causa dele. Seu rosto estava vermelho, sua boca estava seca e seu estômago começou a sentir-se muito quente. Dohan parou de aplaudir e estendeu a mão para se cobrir completamente. Por alguma razão, não queria que ninguém visse a expressão que estava fazendo agora. Especialmente Hyewon. Foi uma sorte que o personagem principal de hoje não fosse ele e que as luzes estivessem quase apagadas.
Ele definitivamente gostava muito mais de Hyewon do que imaginava. Dohan pensou isso quando olhou para Ki-joon, para si mesmo e para Hyewon, ocupando o lugar de Na-young no corredor nupcial.
Havia lágrimas em seus olhos, mas ele conseguiu limpá-las antes que alguém percebesse. Depois que a linda cerimônia, com a missa celebrada por um padre bastante idoso, terminou, começou o momento de tirar fotos dos noivos. Todos estavam os parabenizando com palavras bonitas e abraços cheios de amor e bons desejos, mas Dohan ainda estava absorto em seus pensamentos e, além disso, Hyewon não era do tipo que dizia essas coisas em primeiro lugar, então nenhum dos dois saiu do lugar.
—Hey! Venha cá, seu idiota! Vamos tirar uma foto com todos do hospital!
Dohan, que foi pego por Ki-joon, levantou-se da cadeira e se moveu de um lado para o outro conforme a vontade de seu colega. Ele havia reservado um lugar logo atrás dos noivos e, em seguida, começou a gritar e rir para que todos ficassem bem posicionados e mostrassem seus melhores sorrisos felizes.
Seus colegas começaram a se alinhar à esquerda e à direita, empurrando e movendo-se para que todos saíssem na foto, então Dohan, que estava parado em um ângulo estranho, perdeu o equilíbrio e tropeçou como se fosse cair para frente a qualquer momento. E ao ver Dohan, cambaleando e prestes a cair de rosto no arranjo de flores, Hyewon rodeou sua cintura com um braço, colocou a outra mão em seu peito e o puxou de volta para si o suficiente para ficar cara a cara com ele. Claro, foi o que ele precisava para recuperar o equilíbrio e respirar muito mais aliviado.
—1, 2 e 3! Pronto!
Ao ouvir as palavras retumbantes do fotógrafo, Dohan olhou para frente, incapaz de se livrar dos braços de Hyewon em volta de sua cintura, e Hyewon também se endireitou, embora evidentemente parecesse que não sabia o que havia acontecido. Foi tão rápido que os rostos dos dois homens, parados no meio, entre os numerosos convidados, ficaram vermelhos como um tomate bem maduro. Afinal, a foto final apareceu com Dohan e Hyewon, juntos, com os braços em volta de sua cintura e contra seu peito como se fossem os noivos em vez de seus companheiros de trabalho. Eles até pareciam mais apaixonados do que eles! Deve ter sido a sessão de fotos comemorativas mais tensa de todos os tempos.
—Obrigado! O amor está no ar.
Assim que as palavras do fotógrafo terminaram, Dohan e Hyewon rapidamente se afastaram um do outro como se tivessem recebido um choque elétrico. Naturalmente, ele deu um tapinha no ombro de Ki-joon e o parabenizou mais uma vez. Tentando não demonstrar sua vontade de enfiar a cabeça em um buraco.
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Continua….