Pontos de sutura - Capítulo 37
Dohan, que ouviu tantas repreensões que seus ouvidos doíam, fez um bico e seguiu para a sala de cirurgia acompanhado por Hyewon. Quando Dohan se sentou na cama de canto, Hyewon pegou a gaze embebida em desinfetante hospitalar e uma pinça kelly do balde de aço inoxidável que já estava preparado em cima de sua mesa. Então, com muito cuidado, ele limpou os coágulos de sangue nos lábios machucados de Dohan.
—Ai, arde.
—Fique quieto.
Dohan olhou para Hyewon todo esse tempo enquanto ele o segurava pelo queixo. O homem tinha um olhar preocupado e cílios longos e perfeitos que não paravam de roçar nos óculos. No entanto, as bochechas vermelhas eram o que mais se destacava. Dohan o observou em silêncio por um momento e então, deixando-se guiar por seus pensamentos, ergueu a mão e decidiu acariciar lentamente seu rosto.
—Olha como ele deixou você. Todos os Alfas são uns idiotas.
Dohan disse isso como se ele não fosse um Alfa.
A pele de Hyewon era tão fina e branca que ele estava muito preocupado que os hematomas ficassem visíveis e que além disso, durassem mais do que alguns dias para sumir. Os lábios de Dohan se contraíram ao pensar em vê-lo machucado assim todos os dias no trabalho, então ele até grunhiu sem perceber e apertou ainda mais os dedos que ainda estavam no rosto do outro. Enquanto isso, as mãos de Hyewon, que estava surpreso com o toque tão repentino de Dohan, ficaram tão tensas que começou a ser doloroso para ele trabalhar ao redor de sua boca. Ele franziu a testa:
—Ok, chega. Está doendo.
—Não seja covarde.
—É sério, deixe assim. Além disso, vou parecer um bad boy. Vão me dar descontos no bar e tudo mais.
Hyewon balançou a cabeça e soltou uma pequena risada com isso. Era uma prova de que a piada leve de Dohan tornou a distância entre os dois mais casual. Então, Dohan moveu o dorso da mão contra a boca e esfregou o lado que estava machucado para ver se ainda estava sangrando. No entanto, após a ação de Dohan de tocar a ferida que já havia sido desinfetada, Hyewon agarrou seu pulso e o repreendeu.
—Não faça isso.
—Relaxe. Mais do que isso… Vamos lá, me dê sua mão também. Vamos.
Dohan estendeu a mão de Hyewon e a segurou contra a dele. Havia um ferimento incrivelmente inchado que ia desde o pulso, passava pelo dorso e terminava nos dedos dele.
—Eu já sabia. Você não sabe dar bons socos.
Dohan pegou a pinça da mão de Hyewon e começou a desinfetar as feridas no dorso da mão do homem. Ele franziu a testa como se realmente doesse muito o que estava fazendo.
—Você não deveria ter agido assim, só se machucou.
As palavras de Dohan pareceram apenas reclamações insatisfeitas, mas por dentro estavam cheias de nada além de arrependimento. No momento em que aquele… Esse desgraçado deu um soco na bochecha de Hyewon, um fogo explodiu em seu peito que o fez agir imprudentemente. Era como se as faíscas de uma fogueira se transformassem em um incêndio florestal. A raiva realmente queimou instantaneamente e depois se espalhou. Na verdade, ele até tinha pensado seriamente em chutar a cara daquele bastardo.
Dohan segurou a mão de Hyewon e fez uma careta.
Suas bochechas também eram importantes, mas como ele era cirurgião, suas mãos eram algo que ele deveria valorizar mais do que qualquer outra coisa no mundo, então não era exagero dizer que seu coração doía ao vê-lo assim. Além disso, embora fosse uma ferida que poderia ser curada perfeitamente apenas com pomada, Dohan a enfaixou habilmente e também a envolveu com gaze, deixando a mão de Hyewon um pouco inútil. Hyewon então moveu seus longos dedos para ver se ainda poderia trabalhar.
—Obrigado por vir me ajudar…
—É porque ele te bateu. Se fosse outra pessoa, talvez eu tivesse ido para casa.
Dohan segurou seu queixo e o virou para a direita e para a esquerda, da mesma forma que Hyewon fez com ele pela primeira vez. Talvez fosse porque seu rosto parecia particularmente pálido, mas a parte que levou o soco realmente estava terrível. Tanto que Dohan ficou irritado novamente só de lembrar do que aconteceu.
—Aquele idiota, desgraçado. Batia como um velho, mas de qualquer forma ele ainda feriu seu rosto.
—É verdade. Como um velho de 30 anos, musculoso e bravo.
—Não doeu.
—Então por que ficou choramingando com seu pai?
Enquanto ria da pretensão de Dohan, seu rosto começou a ficar tão vermelho quanto sua bochecha.
—Para que ele tivesse pena de mim e não fosse tão duro. Agora cale a boca.
Enquanto Dohan segurava seu queixo, ainda se gabando de uma briga que não doeu, Hyewon também segurou seu rosto para ver se havia algo mais que precisasse ser tratado. No entanto, Dohan, que foi pego pelo queixo de repente, fez um som bobo como “Hã?” e ficou completamente quieto. Hyewon pegou a pomada da mão de Dohan, colocou um pouco nas pontas dos dedos e pressionou suavemente a parte ferida dos lábios do outro em pequenos toques.
Dohan engoliu em seco.
O som foi tão alto que ecoou na sala, mas ninguém disse nada.
Ficou claro que ele estava apenas aplicando remédio, mas de alguma forma, seu coração começou a reagir… E também seu pau. Maldita coisa traiçoeira. Quando eu disse para se levantar no clube, você não fez isso mesmo que eu implorasse, mas em um momento tão difícil, essa porra fica duru. Isso é perfeito! Dohan secretamente recuou um pouco. No entanto, quando fez isso, sua cintura dobrou e seu rosto se aproximou alguns centímetros mais do de Hyewon. E… Quando o rosto de Dohan, que de alguma forma estava vermelho como uma cereja, se aproximou um pouco mais dele, Hyewon o abraçou e o beijou inconscientemente.
Graças à pomada, seus lábios, que já eram macios, se tornaram ainda mais acessíveis. Havia um sabor amargo na boca e uma sensação que não combinava em nada com sua saliva, mas ele não se importava nem um pouco. Hyewon endireitou o pescoço e lentamente moveu seu corpo em direção ao de Dohan. Empurrando e empurrando até que suas costas batessem na parede e ele não tivesse mais para onde ir.
Além disso, quando a mão de Hyewon, envolta em muitos curativos, se apoiou ao seu lado, então Dohan, que estava hipnotizado pelo nariz de Hyewon tocando o seu, com hálito quente nos lábios e pálpebras trêmulas, suspirou e decidiu que também iria participar, mordendo sua língua com grande entusiasmo. Ele também teve que admitir que a sala inteira parecia estar girando. Além disso, como Hyewon o beijou primeiro, ele se perguntou o que exatamente estava acontecendo e depois disso, até começou a se emocionar pensando no grande passo que estavam dando. De onde ele tirou essa coragem para fazer isso? Ou será que simplesmente se deixou levar pela atmosfera tão sensível que havia se estabelecido entre os dois? Ele não fazia ideia. Mas o ponto agora era que Hyewon tinha envolvido sua mão ilesa ao redor da cintura dele como se não quisesse que ele escapasse e parecia querer Dohan de uma maneira cada vez mais íntima. Por causa da briga, Dohan havia evitado olhá-lo e falar com ele e havia esquecido o quanto sentia falta do seu cheiro, do seu toque e até do seu calor. As lágrimas brotaram novamente, mas Hyewon era alguém que já estava acostumado a chorar.
—Ei… Não chore… Não… Apenas venha aqui.
Dohan, que não conseguia parar de beijá-lo enquanto falava, abraçou as costas de Hyewon para tentar acomodá-lo um pouco melhor contra ele. Porém, as costas do homem não cabiam bem entre seus braços, então ele começou a se perguntar se Hye-won sempre pareceu tão largo ou era apenas por causa da posição em que estavam agora. Era como um gato enorme. Enquanto Dohan lutava contra isso e contra a excitação, Hyewon parecia desejar tanto seus lábios que era como se o homem tivesse esquecido que ainda estavam em um quarto de hospital e em plena luz do dia. Com a ponta da língua, Hyewon tateou seus dentes e então passou pelas membranas mucosas das bochechas dele tão lentamente que até Dohan, que sentiu uma sensação de formigamento, teve que tocar aquela parte:
—Hum…
Ele soltou um gemido baixo.
Era um beijo com a pessoa que ele tanto amava depois de muito tempo sem tocá-la. E a verdade era que parecia mais do que perfeito. Suficientemente quente para preencher o vazio destas últimas semanas. Algo que começou cuidadoso e suave, mas gradualmente se tornou maduro e apaixonado. Eles se desejavam como se fossem se devorar e, na tranquila sala do escritório em tempo integral, apenas começou a se ouvir um toque úmido e a sentir uma excitação acompanhada de respirações ofegantes.
Dohan, que agora estava deitado na cama com o peso de Hyewon apoiado contra o seu, misturou sua língua com a dele e começou a tocá-lo como se realmente tivessem esquecido onde estavam. Então, quando a parte inferior do seu torso quente tocou o corpo do outro, Dohan, sem perceber, envolveu suas pernas em torno da cintura de Hyewon e o abraçou com ainda mais força para continuar chupando sua boca.
Foi então que:
—Ugh…!
Dohan soltou um gemido breve diante da dor repentina em seu rosto e até arqueou as sobrancelhas. Hyewon, alertado pelo som, deu um pulo e se sentou ao lado.
—Desculpe…
Hyewon tocou os lábios, que estavam encharcados de pomada e saliva, e se desculpou com um rosto bastante vermelho. O beijo que começou com ternura e carinho logo se transformou em uma mistura de luxúria e paixão que fez os lábios de Dohan se abrirem novamente. Dohan passou os dedos pela boca para ver como estava agora e encontrou um pouco de sangue rosa misturado com a saliva e pomada, nem sabia se era dele ou de Hyewon.
Os dois homens não disseram nada por um momento, mas seus rostos ficaram da mesma cor quente. Já fazia muito tempo que eles tinham se olhado assim, então talvez fosse por isso? Ou foi pela adrenalina? Nem Dohan nem Hyewon falaram sobre o que acabara de acontecer, apenas cobriram os lábios brilhantes com as costas das mãos e verificaram se não haviam se machucado muito.
Depois de um longo silêncio, Dohan se levantou. A emoção do beijo ainda não havia diminuído e sua aparência estava longe de ser digna. Hyewon o observou, então, quando seus olhos se encontraram, eles rapidamente olharam para outra direção e fingiram que havia algo mais importante na parede ou no teto e começaram a fingir que estavam ocupados. Dohan correu para arrumar suas roupas desarrumadas e Hyewon voltou a organizar os materiais da tese que ele derrubou quando o empurrou contra a parede.
Dohan, que estava prestes a sair da sala sem dizer uma palavra, agarrou a maçaneta da porta por um momento e parou, depois fechou com uma voz arrepiante e disse:
—Vamos conversar mais tarde. Não aqui.
O cheiro da pele de Dohan encheu a pequena sala do escritório, que tinha menos do que dois metros quadrados e estava cheia de pilhas de papel e desinfetante. Hyewon mordeu o lábio, onde o calor e a respiração de Dohan haviam permanecido até pouco tempo atrás, e virou as costas para a porta para esconder seu rosto ardente. Seus lábios formigavam mais do que as bochechas que foram atingidas.
***
Dohan, que saiu apressadamente da sala de cirurgia, como se estivesse sendo perseguido por um ladrão, dirigiu-se à saída de emergência, encostou as costas na porta de ferro e respirou fundo por um momento que pareceu uma eternidade. Na verdade, ele fez isso muitas vezes na tentativa de se acalmar, mas mesmo assim seu coração batia tão forte como se fosse explodir a qualquer momento e isso, por sua vez, fez com que um calor horrível subisse à sua cabeça. Seu rosto ficou vermelho como uma maçã madura e seus lábios ligeiramente inchados mostravam que ainda tinham o toque e o aroma de Hyewon bem presentes em sua pele.
Dohan cobriu o rosto com as mãos e desceu rapidamente as escadas da saída de emergência, quase caindo de cara várias vezes.
Park Eun-soo, que ouviu sobre a confusão na sala de emergência, subiu correndo as escadas exatamente pela mesma área, então, inadvertidamente encontrou-se cara a cara com Dohan. Os dois quase se chocaram. E como se o homem estivesse bêbado, seus olhos estavam meio abertos e seu rosto parecia tão vermelho brilhante que ela até pensou que ele estava doente. Eun-soo, sem saber exatamente o que dizer, inclinou-se para cumprimentá-lo, mas ele simplesmente saiu correndo sem olhar para ela uma única vez. Eun-soo dirigiu o olhar para o mesmo lugar, arqueou as sobrancelhas e fez uma expressão verdadeiramente perplexa. Como se estivesse suspeitando de algo…
—….?
Enquanto isso, Dohan, que não podia correr no corredor do hospital, trincou os dentes e caminhou com a mesma urgência que alguém faria se quisesse ir ao banheiro. Então, quando finalmente chegou a um lugar mais tranquilo, correu para casa e, como se estivesse fazendo exercício, deu três voltas no complexo de apartamentos antes de abrir a porta. Mas mesmo assim, descobriu que seu coração não sabia quando se acalmar. Estava batendo tão forte que pensou que poderia desmaiar ou até sofrer um ataque cardíaco de verdade. Ele estava tonto, seus lábios estavam secos e ele não conseguia voltar ao normal ou se concentrar.
Dohan tirou uma lata de cerveja da geladeira e bebeu de um só gole. Porém, o calor e a sede não diminuíram mesmo depois disso, então ele bebeu outra lata. Depois, amassou a lata, jogou-a por aí e olhou para o teto sem se importar se estava com os olhos um pouco desfocados.
—Louco.
Sim, era completamente insano.
—Isso é uma locura Kang Hyewon. O que…? Me diga, por que você fez isso? O que deu em você?
Dohan, relembrando o que havia acontecido na sala de cirurgia, começou a tocar os lábios com um par de dedos completamente trêmulos. A ferida tinha se aberto novamente, então agora ele sentia uma dor aguda toda vez que falava, mas na verdade descobriu que não se importava nem um pouco. Contrário ao que se esperava, Dohan esfregou a boca com mais força, apertou e depois mordeu sem medo de começar a doer. Deus, ele lembrava da textura dos lençóis da cama naquele quarto, dos cílios trêmulos de Hyewon, do cheiro, da temperatura do corpo dele, do peso, da firmeza dos lábios molhados em sua pele e da forma como suas línguas se enroscaram. Além do mais, até suas lágrimas começaram a voltar à sua mente a cada respiração.
—Por que… Por que você me beijou?
Hyewon não era o tipo de pessoa que vivia ao seu bel-prazer, como Dohan. Ele não era um homem que agiria impulsivamente conforme o desejo de ser ousado e, além de tudo, Dohan podia jurar que a mão que o abraçava pela cintura e os lábios que buscavam os seus não pareciam apenas estar tentando se reconciliar. Eram compreensivos e apaixonados. Até mesmo amorosos. Além do mais, depois disso, Hyewon ficou com uma expressão bastante… Tímida. Como se estivesse constrangido por aquele incidente ter acontecido em uma situação em que não deveria ter acontecido nada desde o início.
Dohan, com os olhos embaçados, voltou para o quarto, cambaleando e refletindo sobre as sensações que ficaram nos lábios após o acontecido. E quando finalmente deitou na cama, agarrou o travesseiro e moveu seu corpo de um lado para o outro em um movimento que não correspondia em nada com alguém de sua idade. Com apenas um beijo, ele se sentiu como um adolescente que acabara de se confessar, então na verdade não conseguiu dormir por muito, muito tempo depois disso.
***
A luz do sensor se acendeu antes mesmo de ele abrir a porta de entrada. Em uma noite tranquila, completamente silenciosa e quente, Hyewon voltou para casa mais uma vez.
Assim que entrou, sentiu um cheiro estranho na ponta do nariz, mas logo descobriu que vinha da mesa cheia de latas de cerveja amassadas e vazias. Ele não disse nada. Sua bochecha, que fora golpeada de manhã, estava tão inchada que começou a parecer um balão de água, então, preocupado que o mesmo pudesse ter acontecido com o rosto de Dohan, Hyewon voltou para casa, subiu as escadas e abriu cuidadosamente a porta do quarto dele. Ele olhou lá dentro, pela fresta, e pensou:
“E se ele estiver acordado?”
Mas no final, ele sorriu ao descobrir que na verdade Dohan estava roncando.
Ao se aproximar, percebeu que ele até havia adormecido enquanto ouvia música porque uma música em inglês começou a vazar pelo fone que estava fora de seu ouvido. Além disso, embora a tela do telefone também estivesse bem iluminada, exibindo um vídeo de um show de rock, sua cabeça estava tão enterrada sob o edredom que ele se perguntou como ainda respirava.
Ele sentou suavemente ao lado de Dohan e tirou os fones dele. Depois colocou-os sobre a mesa, colocou o celular lá também, o centralizou um pouco mais e até se deu ao luxo de colocar uma almofada embaixo dos pés dele para deixá-los mais elevados. Depois, quando a cama, que estava um pouco bagunçada, foi arrumada o suficiente para não parecer um ninho de ratos, Hyewon olhou atentamente para o rosto de Dohan, como se aproveitasse o fato de que ele não estava ouvindo ou olhando para ele precisamente naquele momento.
Talvez fosse por causa do que fizeram antes, mas os lábios de Dohan pareciam tão inchados quanto certamente estava sua bochecha. E olhando para sua boca vermelha e carnuda, a verdade é que o beijo na sala do hospital lhe veio à mente sem que ele pudesse fazer nada para evitar.
Hyewon suspirou, e naquele momento decidiu acariciar suavemente os lábios de Dohan usando os dedos. Era bem possível que ele tivesse ficado muito surpreso com o beijo que ele lhe deu no hospital, então, depois que Dohan saiu apressadamente da sala, Hyewon realmente se arrependeu e desejou nunca ter feito isso em primeiro lugar. Acontece que este era um momento íntimo demais para simplesmente deixar passar. Muito sexy para não fazer nenhum movimento.
Os dedos de Hyewon, que haviam tocado suavemente os lábios de Dohan, deslizaram pela sua mandíbula reta e passaram pelo seu nariz, incrivelmente afilado e bonito. Suas sobrancelhas escuras se franziram ligeiramente pelo toque frio da pele e graças a isso, as rugas pareceram começar a se formar no meio até que Hyewon, sorrindo para ele, começou a acariciá-lo suavemente com as pontas dos dedos até que seu lindo rosto se tornasse suave e tranquilizado novamente. Depois, ele esfregou as sobrancelhas escuras, como se estivesse brincando com elas, e penteou o cabelo para a direita para que ficassem lisos e arrumados como sempre. Ele passou a ponta das unhas sobre os pequenos sinais e segundos depois, apenas desceu até o queixo de Dohan e se perdeu em seu pescoço.
Novamente, Hyewon parecia não conseguir tirar os olhos daqueles lábios.
Hyewon olhou para Dohan em silêncio e lentamente abaixou o rosto sobre o dele. O cabelo, emaranhado por ter suportado um dia realmente longo, roçou suas bochechas e nariz e finalmente se espalhou completamente pelo rosto de Dohan, fazendo cócegas nele.
Os lábios vermelhos de Hyewon tocaram os dele. Foi um contato muito breve, na verdade. Uma coisinha insignificante.
—Boa noite.
Como um gato de rua atravessando o limiar, os passos suaves de Hyewon foram ouvidos novamente no quarto, um após o outro, e então a porta que ele deixara bem aberta o tempo todo foi fechada firmemente com um pequeno “Click”.
Mas quando Hyewon desapareceu, a mão de Dohan, que estava sobre a cama, se fechou até formar um punho. Na verdade, ele fez tanta força nos dedos que as veias nas costas de sua mão saltaram, fazendo parecer como se estivessem pulsando. No início, ele realmente ficou confuso sobre quem era a pessoa que acabara de tocar seu rosto e roubar-lhe um beijo. Mas mesmo que o calor de sua presença na cama tenha desaparecido, o cheiro de seu melhor amigo permaneceu no quarto, enchendo seus pulmões. Mesmo sem abrir os olhos, ele podia sentir o olhar do homem sobre ele e a maneira como Hyewon estava suspirando.
Dohan se cobriu com o cobertor até a cabeça e começou a ouvir o irritante som dos batimentos em seus ouvidos. “Tum-tum, tum-tum, tum-tum.” Como se não apenas seu cérebro, mas a casa inteira estivesse prestes a desmoronar. Além disso, o calor fez seu peito sufocar e ele sentiu que não conseguia respirar a menos que abrisse uma janela e se abanasse com as mãos.
Mas o ruim disso era que por causa de Hyewon, que deixou apenas dúvidas e tremores em seu corpo, Dohan ficou ACORDADO a NOITE INTEIRA, com os olhos bem abertos e as mãos na boca.
Mesmo assim, era como se a cerca chamada “Amizade” não pudesse cair facilmente, e Dohan apenas pairasse ao redor dela como uma ovelha mansa movendo-se de acordo com a vontade de um pastor.
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Continua…