Pontos de sutura - Capítulo 45
Dohan e Byung-jun voltaram do chuveiro para a pensão e lideraram o grupo de amigos para ver se havia algum restaurante bom para jantar.
As palavras sobre estar com fome não foram vazias, então todos comeram uma refeição bastante elaborada e farta. Mesmo Dohan, que tinha comido carne antes de iniciar a viagem, comeu mais do que o habitual até ficar terrivelmente satisfeito e até reclamou de estar muito cheio.
Depois, eles caminharam lentamente pelo calçadão em direção aos dormitórios enquanto falavam sobre o hospital, como colegas de trabalho normais e, às vezes, sobre histórias antigas da época da universidade. Sentiam uma incrível sensação de calma porque o som das ondas podia ser ouvido muito mais alto do que os constantes sons eletrônicos e os rangidos metálicos produzidos pelas máquinas da cidade.
Dohan virou-se, olhou para o grupo e começou a andar para trás enquanto falava sobre o quão maravilhoso era o lugar. Mas assim que Hyewon disse para ele olhar para frente para não tropeçar, Dohan bateu em uma pedra e vacilou um pouco enquanto agitava os braços como se fosse um pássaro. Byung-jun e Mi-hee seguraram o estômago e riram.
—Se você cair vai quebrar o quadril.
—Hey, ainda não chegamos a esse ponto.
—Se você tem constantemente cãibras nas pernas não pode dizer que é jovem!
—Fique em pé por um dia inteiro e me diga se não terá malditas cãibras!
—Ele está certo! Minhas pernas também estão horríveis, olhem só…
Diante das palavras de Dohan, Mi-hee levantou as pernas, usando shorts curto, e as mostrou ao grupo. Como ela disse, estavam tão inchadas que até parecia que ela tinha uma doença crônica.
—Além disso, embora seja bom fazer uma viagem como essa de vez em quando, não deixa vocês ansiosos? Como se tivessem que ir ao hospital imediatamente ou algo estivesse acontecendo.
—Sim, tem razão.
—Parece que estamos sendo muito negligentes.
Todos concordaram ao mesmo tempo.
Era impossível dizer onde o mar terminava e o céu começava. Na superfície da água escura, apenas a espuma criada pelas ondas batendo nas rochas era visível e de vez em quando, era possível ouvir as pessoas sentadas na praia cantando canções e às vezes, rindo alegremente ou gritando alto. Eles já tinham passado pelo dormitório, mas nenhum deles parou de caminhar ao longo da costa.
Então, os fogos de artifício chamaram a atenção de Dohan, que caminhava mais devagar para poder ver o farol. Eram fogos de artifício e foguetes pequenos sendo queimados por um grupo de adolescentes reunidos na praia. Não era nada especial, mas ele achou divertido e percebeu que havia parado de apreciar essas pequenas coisas desde que se tornou um adulto ocupado com o trabalho. Dohan cruzou os braços e também ficou parado.
—Vamos fazer isso?
—Os fogos de artifício?
—Sim, por que não?
—Vamos fazer, vamos fazer!
Depois de muito esforço, eles chegaram a um acordo unânime de soltar fogos na beira da praia antes de dormir. E mesmo sabendo que talvez fosse um pouco infantil, Dohan simplesmente sorriu como uma criança diante das lembranças que finalmente encontrou depois de tanto tempo sem se divertir.
Mi-hee e Eun-soo, que se seguraram pelas mãos assim que as palavras acabaram, tiraram as sandálias e caminharam por toda a praia até encontrar um lugar para se acomodarem. A areia, que havia fervido como o inferno durante o dia, adquiriu um frescor moderado conforme o sol se punha, então já não queimava.
Mi-hee, sentando-se na areia e usando os sapatos como almofada, instigou Byung-jun:
—Kim Byung-jun tem que comprar os fogos de artifício!
Afinal, Eun-soo pagou pela acomodação e Mi-hee pagou pela comida, então a flecha foi apontada diretamente para Byung-jun, que era um convidado não tão convidado.
—Se quiser, eu vou com você.
—Sério?
—Claro.
Quando Dohan se levantou e sacudiu a areia das calças, Mi-hee olhou para Kang Hyewon como se estivesse pedindo para ele também acompanhá-los. Sentindo o olhar em seu rosto, Hyewon virou a cabeça para o mar e agiu como se nada estivesse acontecendo. Ele estava grato pelo desejo delas de ajudá-lo, mas pensou que não queria ser impulsionado por outras intenções além das suas. Claro, não queria dizer que Eun-soo ou Mi-hee o estavam obrigando, mas Hyewon, que já tinha dificuldades com toda essa coisa de amor, preferia ir um pouco mais devagar.
—Quero comprar alguns pacotes de máscaras e tratamentos faciais na farmácia.
—Você pode trazer alguns canudos?
—Tudo bem.
Então, Dohan olhou para Hyewon, que estava olhando para o mar distante, e esperou que ele dissesse algo. Mas nada aconteceu.
—… Não vou demorar.
E quando só restaram os três na praia, as duas mulheres deram tapinhas nas costas de Hyewon e disseram algo que soou como “Nós vamos embora amanhã…”
Hyewon suspirou. Como disseram, amanhã à tarde eles estariam voltando para a cidade e isso significava que ele precisava organizar sua mente. Ou se confessava de uma vez ou desistia para sempre. E certamente, este lugar era muito romântico para ser desperdiçado sem fazer nada.
***
Quando Byung-jun e Dohan chegaram à loja de conveniência, pegaram salsa, tomates, pão para sanduíches e depois foram olhar a prateleira com todos os pacotes de “máscaras faciais” para reparação de pele sensível. Na verdade, era porque Dohan tinha notado que o nariz e os cantos dos olhos de Hyewon estavam completamente vermelhos e ele estava com medo de que o calor subisse vigorosamente durante a noite e sua pele descamasse no dia seguinte.
Byung-jun, segurando uma caixa de cervejas, ficou ao lado de Dohan e ouviu as instruções da atendente:
—Sim, isso mesmo. Essas máscaras contêm principalmente aloe vera e ingredientes naturais para acalmar a pele irritada, então se você colocar na geladeira e depois aplicar na pele durante toda a noite, o calor será um pouco menor quando acordar.
—Você é o único que se preocupa com a aparência durante as férias.
—Eu não me importo com minha aparência.
—Então, quem? Ah, certo. Seu namorado. Sim. Eu sabia que vocês tinham alguma coisa desde que ele deu um soco naquele cara na sala de emergência por sua causa. Aliás, nossas enfermeiras ainda falam sobre isso.
—Haha, o quê? Isso não… É só que a pele dele tem sido muito sensível desde pequeno. No verão começa a descamar e eu não quero que ele assuste os pacientes depois.
—Sim, você está certo. O Dr. Kang tem que se cuidar, mas de qualquer forma ele não faz nada disso.
—Exato!
—Mas é divertido cuidar do Robodoc. Ele é a personificação completa das palavras “não cooperação” e “cabeça oca”. Você sabe, inteligente para a medicina, mas um completo idiota para todo o resto.
Diante das palavras de Byung-jun, Dohan começou a rir. Aqueles que tiveram Hyewon como companheiro na faculdade ou em seus estágios clínicos diziam abertamente que ele tinha uma aparência bonita e uma inteligência perfeita, mas não parecia ter uma boa atitude para sobreviver.
—Era assim na escola também.
—Fiquei muito surpreso que vocês dois fossem amigos há tanto tempo. Vocês têm personalidades opostas.
—Não é tão diferente assim. Na verdade, temos algumas semelhanças.
—Hmm… Você está certo. Eu não percebi no começo, mas quanto mais eu olhava, mais eu via que vocês dois eram um tanto parecidos.
—Mesmo?
—Sim, porque ambos agem como idiotas na maior parte do tempo.
—Ei!
—É brincadeira, uma piada. Mas, desde que vi que se importam muito um com o outro secretamente, soube que algo sério estava acontecendo entre vocês dois. Não importa se você admite ou não, estou apenas dizendo o que vejo.
—….Certo.
Embora, na verdade, tenha sido muito estranho ouvir como pareciam aos olhos de outras pessoas.
—Você leva comida para ele todos os dias e elimina qualquer situação desconfortável para que ele possa se concentrar no trabalho. Além disso, o Kang Hyewon também afasta todas as coisas que podem te fazer sentir mal. É um pouco engraçado quando você olha para isso estando de fora.
—Vou dizer de novo. Se não for eu, quem mais vai cuidar daquele bastardo descuidado?
—Sim, eu apoio você nisso.
—E como Kim Byung-jun também é incrivelmente lamentável, eu suponho que vou ter que cuidar das suas costas de vez em quando.
Então, Dohan suspirou. Ele pegou outro pacote de máscaras e os colocou no balcão enquanto tirava sua carteira. Embora, é claro, tenha sido Kim Byung-jun quem fez todos os cálculos de quanto eles deveriam pagar.
Byung-jun disse novamente:
—Hyewon pode sobreviver essa noite por puro milagre.
—O que você quer dizer?
—Estou falando sobre a comida. Da ideia de comer caranguejo. Se ele apenas tivesse dito que tinha alergia a frutos do mar, todos teríamos concordado que mudar o menu era importante. Mas o Dr. Kang não disse nada. Você disse para irmos comer carne, mas pensamos que estava apenas nos provocando, então não demos muita importância. Acho que se Eun-soo não tivesse falado diretamente, ainda estaríamos discutindo sobre o menu e não teríamos resolvido nada.
Diante da conversa tão inesperada, Dohan parou por um momento e olhou para Byung-jun. O asfalto, que estava sob o sol abrasador o tempo todo, começou a emitir calor sob seus pés, então, mesmo com uma brisa marinha fresca sobre suas cabeças,o calor parecia incrivelmente difícil de controlar. Especialmente nesta nova direção onde ele parecia estar sendo acusado de alguma coisa.
—O que estou dizendo é que vocês complicam muito tudo. Se algo é importante, deveriam ser honestos e dizer sem tantas voltas. Se apenas disserem, será fácil. Por que diabos vocês agem de forma tão fechada então?
—… Eu não sei.
Uma resposta um tanto decepcionante escapou dos lábios de Dohan.
—Não deveria ser um segredo que Hyewon é alérgico a frutos do mar.
—Eu simplesmente não sei. Talvez Hyewon não queira revelar, então não posso dizer. Se eu falar sobre isso com outras pessoas talvez ele fique bravo ou pense que as pessoas vão incomodá-lo por ser tão sensível.
Mas de novo, o homem estava certo. Não havia razão para isso ser um segredo. Se nunca falassem sobre isso, então Kang Hyewon teria sido levado à sala de emergência por anafilaxia várias vezes ou talvez já teria morrido. É só que, como Hyewon não queria falar sobre isso, ele pensou que também não seria correto ser o primeiro a mencionar.
— Eun-soo disse isso na frente de todo mundo e nada aconteceu, então… Você já perguntou a Hyewon? Sabe, tipo, ‘É estranho para você se eu mencionar isso?’ Ou ‘Está tudo bem se eu contar aos outros?’ Entende o que quero dizer.”
—Sim…
Sim, desde quando parei de perguntar a Hyewon sobre coisas relativamente simples? Com base nas informações limitadas que tinha, ele julgou unilateralmente os sentimentos do outro e tomou suas próprias decisões. Ele sempre estava agindo com base no que achava que o machucaria ou incomodaria, mas na verdade, não podia ter certeza disso e não tinha o direito de presumir coisas que ainda não havia perguntado.
—Você não está em posição de falar por Kang Hyewon, Dohan-ah.
—Eu sei.
—É como eu com Mi-hee. Ela é minha melhor amiga no hospital, então às vezes penso que a conheço o suficiente para entender como ela reagirá em algumas situações. Na sala de emergência, entrou um homem que tinha um dildo preso na bunda. Eram 6h50 da manhã e ela me bloqueou porque eu mandei uma foto para ela ver o tamanho daquela coisa. —Quando Byung-jun disse isso, Dohan riu. No entanto, ele continuou sua conversa: —E eu pensei que seria constrangedor nos enfrentarmos cara a cara, mas nos demos bem mesmo depois disso, então pensei que ela realmente interpretou isso como uma piada.
—Byung-jun… Você já teve uma briga com Mi-hee ao ponto de pensar que talvez vocês não fossem se falar mais?
—Você não ouviu sobre o dildo?
—Não, sério. Eu… Estou falando de brigar com ela ao ponto de Kim Mi-hee simplesmente ir embora e não aparecer na sua frente por um bom tempo.
—Um… Isso não aconteceu comigo. Mas acho que se acontecesse, eu iria até os confins da terra e a alcançaria para que ela me dissesse exatamente o que aconteceu. Mesmo que eu ache que já sei a história. Eu perguntaria ‘O que te incomodou?’ ou ‘Tem algo que eu possa fazer?’ E se não, pelo menos tentaria dizer a ela que a amo e que, mesmo que briguemos, estou ali para ela porque me importo. Às vezes você precisa ser sincero primeiro para que a outra pessoa também seja.
—Que intenso. Acho que os amantes são assim.
Na atmosfera desconfortavelmente pesada, Byung-jun riu alto com a piada de Dohan.
Você não saberá a menos que pergunte.
Im Dohan não era Kang Hyewon e Kang Hyewon não era Im Dohan. Além disso, em sua mente, ele estava incrivelmente ciente de que todos os mal-entendidos entre os dois tinham suas raízes em julgamentos unilaterais e problemas de diálogo. Por suposições e também porque tinha medo do que a outra pessoa poderia dizer se descobrisse algumas coisas que pensava que nunca deveria contar em primeiro lugar. De repente, ele lembrou das palavras que compartilhou com Hyewon debaixo do guarda-sol e como disse que desta vez seria paciente. Ele pensou que talvez tudo o que precisava fazer era ir até ele, perguntar novamente e ouvi-lo. Dizer seus sentimentos, o que não queria que acontecesse depois disso e porque pensou que isso iria acontecer. Deveria dizer claramente que estava morto de medo só de imaginar que Hyewon poderia ir embora novamente, assim como no colégio.
Dohan caminhou todo esse tempo olhando para as costas de Hyewon, que podiam ser vistas ao longe. Ao lado dele estavam as costas pequenas e redondas de Mi-hee e Eun-soo e todos aqueles guarda-sol que compraram na tentativa de não se queimarem durante a tarde.
—Eu acho que você deveria…
Pluft!
Mas antes que Byung-jun terminasse de falar, o som de um mergulho foi ouvido na beira da praia. Aparentemente, os estudantes que estavam brincando com os fogos de artifício alguns minutos antes, agora haviam tirado suas camisetas para se jogar no mar. Talvez porque apostaram que sabiam nadar ou porque não estavam pensando direito por serem jovens. E embora fosse algo que poderia passar despercebido, Byung-jun e Dohan ficaram olhando naquela direção com expressões completamente sérias em seus rostos. Claro, ao vê-los em pé e olhando para o mar em vez de caminhar com eles, Mi-hee correu na direção deles e perguntou:
—O que há de errado?
—Os estudantes que estavam aqui há pouco acabaram de se aventurar a nadar. Não… Talvez não seja nada, mas é muito tarde e o mar está mais agressivo do que quando chegamos.
—Veja tudo o que eles compraram.
Garrafas de soju e latas de cerveja, que não estavam lá antes de Dohan e Byung-jun irem até a loja de conveniência, estavam todas jogadas na areia ou flutuando na beira da água. E mesmo na escuridão, os rostos do grupo que gritava para encorajar os dois nadadores improvisados pareciam ser de crianças.
—Devem ter uns 19 anos…
—Temos que tirá-los de lá.
Era uma espécie de doença da profissão deles.
Byung-jun e Dohan olharam para Mi-hee, que correu em direção a eles e se aproximou para repreendê-los por estarem agindo tão descuidadamente em uma praia à noite. E enquanto se aproximavam pela areia, descobriram que não eram apenas uma ou duas garrafas de álcool, mas sim 10 garrafas e um monte de latas que estavam nas mãos e jogadas aos pés dos jovens que certamente eram do ensino médio.
—Vão lá e digam aos que estão nadando que saiam agora! Já está de noite. Não podem simplesmente beber e decidir nadar como bem entendem.
Byung-jun gritou. Não é que ele fosse um santo ou que pudesse falar sobre o quão perigoso era beber porque, mesmo agora, Byung-jun e Dohan eram um par de bêbados. Byung-jun não tinha sido um modelo de estudante quando estava na escola e Dohan não podia nem contar as cartas de “má conduta” que recebeu por faltar às aulas para ir a uma boate. No entanto, Byung-jun e Dohan falaram porque estavam preocupados com o quão perigoso era aquilo. E diante das palavras de Byung, as expressões dos garotos se enrugaram imediatamente e até um dos jovens que entrou no mar correu de volta para a praia e pegou a camiseta que tinha tirado.
—Está bom, já chega. Todos vamos embora.
—Onde está o Hansol?
—Hansol?
A garota, que tinha estado olhando para Byung-jun e Dohan desde o início, observou o garoto que saiu sozinho do mar e perguntou por alguém que aparentemente se chamava Hansol. Então, toda a multidão gritou seu nome e olhou na direção da água para ver se ele estava por ali. Por um breve momento, uma pequena cabeça se elevou sobre as ondas do mar e depois afundou novamente.
Hyewon e Eun-soo caminharam em direção a eles, percebendo que não era algo que pudesse ser resolvido rapidamente. E foi muito pior quando viram os rostos das crianças cheios de surpresa e medo.
Dohan tinha tirado os sapatos e a camiseta e corrido para o mar sem pensar muito. Ele podia ouvir Byung-jun chamando seu nome ao fundo de sua mente, mas na verdade não houve nenhuma hesitação em sua ação de se jogar no mar. Byung-jun era um médico que poderia fornecer primeiros socorros melhor do que qualquer um naquela situação. Eun-soo e Mi-hee estavam muito longe do local e Kang Hyewon era um péssimo nadador. Naquele breve momento, Dohan mergulhou e decidiu que ele era o único que poderia agir agora para mudar o prognóstico.
E seu julgamento não estava errado.
Quando Mi-hee chegou correndo, Byung-jun ligou para o 911, pegaram as toalhas que os garotos tinham na beira da praia e as estenderam para quando tirassem o rapaz da água. Enquanto isso, Hyewon se preparou para responder imediatamente quando Dohan e Hansol retornassem do mar, e olhou ansiosamente para o mar em busca de algum sinal de movimento.
—Kang Hyewon!
Hyewon virou seu rosto para Eun-soo, que o chamava como se pudesse perceber o quanto ele estava ansioso naquele momento. Suas mãos tremiam e suas pernas não paravam quietas, então ele virou o rosto para o mar, onde Dohan tinha desaparecido, e começou a caminhar como se fosse um leão enjaulado. Na verdade, ele não conseguia ver nada sobre a água. Ele não conseguia notar nem um pequeno movimento ou a indicação de alguém na água.
—Já faz muito tempo.
—Kang Hyewon, se acalme.
—Não, não. Eu tenho que ir atrás dele.
—Kang!
Como se Hyewon tivesse um ataque, ele tentou pular na água para procurar Dohan, então Eun-soo o agarrou usando as duas mãos. No entanto, comparado com Hyewon, Eun-soo, que era muito menor que ele, não foi suficiente para detê-lo.
—Kang!
Kim Mi-hee, que tinha estado olhando para Byung-jun, notou o que estava acontecendo na frente e se juntou para parar Hyewon antes que ele fizesse alguma loucura. De qualquer forma, o homem continuou avançando.
—Eu tenho que ir atrás do Dohan!
Estavam diante de um mar escuro onde não se distinguiam nem o fim da água nem o início do céu. Eun-soo o segurou pelo braço com mais força quando o rosto de Hyewon ficou branco ao perceber como as ondas pareceram ficar excepcionalmente altas e depois se assustaram ao mesmo tempo com o som das sirenes da Guarda Costeira que vinham da outra direção.
—Kang, Kang por favor. Você é um médico importante também. Se Dohan voltar com o menino, você precisa ajudá-lo. Você não pode… não pode ir lá e se afogar.
Hyewon, que tinha o rosto contorcido como se o mundo estivesse desabando diante dele e o olhar completamente fixo no mar, gritou o nome de Dohan com todas as suas forças na tentativa de fazê-lo ouvir. Tinha medo do que poderia acontecer com ele e além disso, havia uma grande sensação de arrependimento e desespero que Hyewon não conseguia controlar e que inundava tanto seu peito ao ponto de ser muito doloroso.
—Byung-jun!!! O que você está fazendo, droga!? Me ajude!
Uma voz familiar atingiu Hyewon como um estrondo alto. Ao longe, mas de um modo já visível, Dohan tinha começado a sair do mar com o estudante do sexo masculino completamente inconsciente em suas costas. Byung-jun, que estava esperando no local de onde Dohan correu, também o visualizou e se dirigiu a ele sem esperar muito.
—Dohan! Eu realmente pensei que você não voltaria. Seu maluco. Nem mesmo disse o que ia fazer.
Ao ver Dohan com o garoto em suas costas, Mi-hee também perdeu toda a força em suas pernas e desabou na areia. Eun-soo, que era a mais sensata dos três, acariciou o ombro de Hyewon algumas vezes como se dissesse que tudo estava bem e se aproximou de Dohan para ver se podia ajudar em algo. Byung-jun já estava verificando as vias aéreas do menino, levantando sua cabeça e fazendo compressões torácicas a intervalos regulares para fazê-lo respirar. E como era evidente que algo terrível havia acontecido na praia, um grupo de pessoas, que também estavam por perto, se aproximaram para ver e falar sobre tudo o que aconteceu.
Depois de alguns minutos, os paramédicos correram com uma maca e falaram com Byung-jun antes de colocá-lo na ambulância para acompanhá-los ao hospital.
Dohan então se deitou na areia para tentar se acalmar, mas Mi-hee simplesmente decidiu lhe dar um bom chute na barriga.
(MEU DEUS!! Mulher, tu terminou de matar o coitado (≧▽≦))
—Você me assustou, idiota.
—Ah, ah, desculpe.
Na verdade, ele não pensou muito antes de se jogar na água como um herói. No entanto, assim que pegou o afogado, suas pernas, que passaram o dia todo coloridas, começaram a ficar tão desajeitadas que ele foi arrastado pelas ondas algumas vezes. Ele realmente esteve perto da morte, mas pensou que poderia pular essa parte por enquanto.
Dohan cuspiu algumas vezes e se levantou sentindo que não tinha mais tanta areia na boca. Graças à situação extremamente tensa que acabara de experimentar, seu coração batia forte como se estivesse em seus ouvidos e até sua respiração parecia estar tão agitada que dificultava pensar com clareza. Mas, Dohan afastou o cabelo que pingava sobre seu rosto e caminhou até o único homem que não havia se aproximado para falar com ele.
O rosto de Hyewon, parado como se estivesse pregado na areia, era uma lousa completamente em branco. Ele estava tão pálido que Dohan nem percebeu o momento em que o segurou pelas mãos para verificar se estava bem.
—Kang Hyewon…
Mas Hyewon não olhou para Dohan nem mesmo com isso. Era como se o choque do momento o tivesse transformado em um casco vazio. Dohan gritou o nome de Hyewon mais uma vez:
—Hyewon-ah!
Diante do chamado de Dohan, Hyewon levantou lentamente a mão. Dedos mais pálidos que o rosto do homem tocaram sua bochecha, então ele percebeu o quão gelado estava.
—Kang Hyewon, meu Deus, por que você está tremendo assim?
—Dohan.
—Hyewon?
As lágrimas jorraram dos olhos de Hyewon enquanto ele pronunciava o nome de Dohan. Na verdade, elas estavam fluindo tanto que parecia que ele realmente não poderia parar mesmo que quisesse.
—Ei…
—Dohan…
Hyewon apertou a mão de Dohan, que segurava a dele, e o abraçou enquanto apoiava a testa do homem em seu peito. Ele soltou um suspiro trêmulo, como se não conseguisse respirar corretamente, e deixou que Dohan o abraçasse, o movesse e o apoiasse contra ele como se fosse um bonequinho. No entanto, antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa, o corpo de Kang Hyewon simplesmente desabou.
°
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Continua….