Pontos de sutura - Capítulo 47
—Então, você pode me contar sobre os caras com quem você já namorou?
—Se eu me lembrar de algum, claro que sim.
—Park Woo-young?
—… Droga, quem?
—Classe 3. Você saiu com ele durante as férias de primavera do segundo ano. Ele era baixinho e tinha sinais aqui.
Os dedos de Hyewon tocaram as sobrancelhas e as maçãs do rosto de Dohan. No entanto, suas mãos estavam tão frias que, assim que o tocaram, a palavra “frio” saiu da boca de Dohan, então ele se desculpou. Na verdade, não era exagero dizer que ele estava tão gelado quanto os instrumentos da sala de cirurgia ou como o próprio quirófano.
Dohan segurou sua mão entre as suas e sorriu para ele:
—Não me lembro.
—Então, Kim Jin-ho? Aquele da banda marcial.
—Não invente. Como você lembra o maldito nome dele?
—Era um estudante do primeiro ano.
—Ah…
—Um que era mais alto que você.
—… Um. É… O cara que descoloriu o cabelo?
—Você também saiu com Choi Ha-kyung, do Departamento de Administração de Empresas.
—Bem, obviamente você sabe mais sobre eles do que eu, então é melhor você me contar.
—Acho que você realmente gostou dele. Por causa dele, você até perdeu uma palestra só para acompanhá-lo a… Acho que a um bar ou algo assim.
—Ah… Bem, a verdade é que acho que só saímos um dia, então…
—Deve se lembrar. Foi quando você cortou a mão.
—Eu cortei a mão?
—…
Dohan, que estava sentado no sofá do apartamento, começou a rir diante do olhar penetrante de Hyewon em seu rosto. Falar sobre suas aventuras, soltando um nome desconhecido após o outro, algo que começou por volta do meio-dia, não parecia iria terminar tão facilmente como ele havia pensado quando aceitou. Até mesmo Hyewon suspirou profundamente e reconsiderou.
—Quem era In-cheol Yoon?
Ah, ele.
Finalmente, apareceu um nome que ele se lembrava. De fato, era alguém que não conseguia esquecer facilmente porque, quando Dohan disse para ele parar de procurá-lo, o homem veio ao hospital por vários dias, chorou e jurou que definitivamente morreria se ele o abandonasse. De fato, graças a ele, começaram a circular rumores no hospital de que Dohan era um maldito bedboy.
—Bem…
Mas como o nome daquele indivíduo surgiu, Dohan percebeu algo que eles tinham em comum.
—Ele se parecia com você de perfil. Embora sua personalidade fosse exatamente o oposto.
—…O quê?
—Quero dizer… Tinha a mesma forma dos olhos. Ah, e também tinha as mãos frias.
Porém, depois de confessar isso, Dohan começou a falar lentamente. Como se estivesse tentando mudar de assunto enquanto se deitava sobre as coxas de Hyewon. A verdade é que até agora só pensava que se tratava de um jogo para passar o tempo, mas descobriu que não era bem assim. Ele estava procurando algo nesses homens que o lembrasse de Hyewon. Mesmo que fosse a menor e mais insignificante parte, como cílios longos, olhos pequenos, óculos, falta de expressão fácil ou mãos frias.
Dohan, que se acomodou nas pernas de Hyewon, percebeu o significado de suas próprias palavras bastante tarde. Não importava quantas vezes ele as repetisse, tudo que conseguia lembrar era um “Estive com eles porque se pareciam com você”. E já que isso era praticamente uma confissão de amor, Dohan, que estava corado como uma cereja, manteve a boca fechada e olhou imediatamente para o lado. Até mesmo Hyewon, que constantemente revelava nomes desconhecidos, fez o mesmo e coçou a cabeça como se não soubesse o que fazer. Era tão desconfortável que Dohan, deitado no sofá e encarando o rosto de seu companheiro, virou-se, fingiu bocejar e até fechou um pouco os olhos.
A televisão, que nenhum dos dois estava assistindo, continuava a fazer barulho, e as pás de plástico do ventilador ocasionalmente faziam “clique-clique” sobre suas cabeças. Afinal, era uma tarde preguiçosa de final de verão, então não havia mais nada para fazer ou uma desculpa para sair dessa.
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Cada vez que Hyewon exalava, a bainha de sua camiseta inchava ligeiramente e roçava o nariz de Dohan sem que ele percebesse. E é claro, em cada um desses momentos, no instante em que ele respirava, Dohan conseguia sentir o perfume de Hyewon. O cheiro familiar de sua pele, o aroma do amaciante de roupas que comprava na promoção e até o sabonete que usava para tomar banho.
Dohan, com o rosto vermelho como se estivesse bêbado, levantou-se para tentar esconder o quanto estava envergonhado.
—Não importa. Agora não consigo lembrar de nenhum deles sem sentir vontade de vomitar.
—…Vontade de vomitar?
—Bem… Tudo começou desde que fiz sexo naquele hotel com você.
—Sério?
—Sim, depois que dormimos juntos, me vinculei a você no meu psicológico ou algo assim. De repente, todos os ômegas com quem eu costumava sair me fazem querer vomitar e meu pênis não… Bem, já é tarde. Deveríamos ir dormir.
Como se estivesse cansado das perguntas de Hyewon, Dohan, balançando a cabeça, parecia tão envergonhado que só conseguiu tapar a boca dele com as duas mãos para fazê-lo parar de falar sobre isso. No entanto, Hyewon apenas olhou para Dohan com os olhos bem abertos.
—Você se ligou a mim?
—…
—Vamos, Dohan.
—…
—Dohan-ah, por que você não me disse?
—Não é que eu… não é que eu deliberadamente quisesse esconder isso. Acho que só estava um pouco envergonhado naquele momento. Não sabia o que te dizer, quer dizer, não é algo que você espera de uma conversa casual.
A testa de Hyewon estava levemente franzida agora.
—Faz muito sentido… —Foi só então que Hyewon começou a juntar as peças do quebra-cabeça sobre seus comportamentos. Começando pelo medicamento para disfunção erétil, o gesto que ele mostrou quando se misturaram pela primeira vez no hotel, e o motivo pelo qual ele mordia o pescoço dele durante o sexo. —Acho que… Isso foi porque nós nos amamos por muito tempo. Mas, como não conseguimos ver além do título de ‘amigos’ e de alfa e beta, todos os efeitos colaterais de sermos covardes começaram a aparecer.
—…
—Por favor, me conte mais sobre isso.
Diante das palavras de Hyewon, Dohan ficou corado não só em seu rosto, mas em toda a pele exposta. Ele estava tão vermelho que parecia quase roxo. Envergonhado por tudo o que tinha acontecido, ele esfregou o rosto com as costas da mão e tentou se afundar em sua própria pele. Mas Hyewon apenas o segurou e sorriu para ele de uma maneira realmente bonita. Era a mais bela de todas as expressões que ele já tinha visto no rosto do homem. Um sorriso radiante, como se estivesse cheio do brilho do sol de verão. Mas isso só fez com que Dohan se escondesse um pouco mais no sofá.
—Qual é a sensação que se tem com um vínculo?
—Eu não sei direito.
—Dohan-ah.
Dohan, que tinha estado evitando responder todo esse tempo, olhou para um ponto em suas mãos e fingiu estar completamente concentrado nisso para evitar falar sobre outra coisa.
—Por favor?
—Qual é a sensação…? Bem… Eu simplesmente não quero que outros feromônios Ômega me toquem. Isso me deixa enjoado e… Só me sinto bem com você e… Só reajo com você e essas coisas.
A voz de Dohan diminuiu gradualmente e se tornou muito semelhante a um sussurro. Dohan, envergonhado ao ponto de querer se esconder em um buraco de rato, ficou ainda mais vermelho, até mesmo as orelhas finas dele ficaram rubras e ele se encolheu ainda mais. Hyewon olhou para o topo da cabeça de Dohan e sorriu, então o abraçou para tentar tê-lo um pouco mais perto de seu peito, e quando um dedo frio tocou as costas de Dohan, que já tinha uma temperatura corporal alta, ele tremeu tão forte que se alguém que não soubesse quem ele era o visse agora, iria achar que o homem nunca antes tinha estado em um relacionamento.
—É bom imaginar. Gosto de ver você assim, mesmo…
—Gosta de me ver assim!? Quer dizer, estritamente falando, não é um estado normal do meu corpo. Você é médico, deveria saber…
—Só assim eu não precisei te ver com outros Ômegas.
—É como minha punição.
Dohan suspirou diante das palavras inesperadas de Hyewon. Tudo era seu karma. Afinal ele cometeu o crime de assediar Ômegas apenas porque gostava de Kang Hyewon, mas não conseguia admitir, e o crime de manter Hyewon ao seu lado com uma ideia tola de serem apenas amigos.
—Kang Hyewon.
—Sim?
—Já que você é um Beta e eu sou um Alfa… Provavelmente nunca poderemos nos vincular adequadamente.
—Eu sei.
—Mas… Não me importo com isso, entendeu? Mesmo que você seja um Ômega, um Alfa, ou um Beta, isso não faz a menor diferença. Só quero que saiba que eu te amo exatamente assim como você é.
—…
—Então não pense nisso.
—…
—Kang Hyewon, por que você não me responde?
Dohan franziu a testa com seriedade, mas também estava um pouco irritado. Quer dizer, agora ele estava sendo incrivelmente sincero e por isso precisava de uma reação igual. Mas, mesmo depois de esperar por muito tempo, Hyewon não respondeu. Além disso, Dohan, que estava preocupado se ele estava processando algo estranho em sua cabeça, ou em silêncio porque estava emocionado, apenas se aproximou um pouco mais na tentativa de preencher a curiosidade de uma reação às palavras que acabara de dizer que o amava.
—… Bem, eu só estava dizendo…
No entanto, Dohan, que estava se sentindo como se todo o seu corpo estivesse prestes a explodir de frustração por causa do homem que nunca lhe respondeu, ficou tenso ao sentir cada parte de suas costas sendo tocadas. Além disso, embora as pontas de seus dedos ainda estivessem frias, a mão que o acariciava era infinitamente suave e cheia de carinho. Muito romântica, até. Tanto que Dohan, que tinha endurecido seu corpo da primeira vez, agora tinha relaxado significativamente. Suficiente para colocar sua testa no ombro de Hyewon.
—Por que suas mãos estão sempre tão frias?
—Te incomoda?
—Não, é refrescante, então é bom.
Mas como não tinha recebido uma resposta, Dohan hesitou. Os dois ainda estavam acostumados a evitar um ao outro, então poderia dizer que a única diferença era que agora ele sentia e entendia o que antes ignorava. Por exemplo, embora não pudesse ver o rosto de Hyewon, o leve tremor de seus ombros e o som de seus batimentos cardíacos no pescoço deixavam claro que ele estava gostando bastante.
Dohan, sentindo o leve eco em seu peito, fechou os olhos ligeiramente e suspirou. Pensou que não estava mal apenas apoiar-se um ao outro e sentir a respiração, o calor e a pele da outra pessoa. Afinal, era romântico estar assim se fosse com a pessoa que você ama. Porém, ao pensar nisso, uma mão gelada tocou a lateral de Dohan, que estava desfrutando de sua companhia o suficiente para começar a ficar um pouco sonolento.
—Hey, isso está muito frio.
A mão de Hyewon estava se enfiando por baixo de sua roupa. E embora Dohan parecesse reclamar enquanto falava, ele não a afastou nem uma vez. Os dedos se moveram, percorreram alguns sulcos e linhas e assim que subiram o suficiente para chegar ao seu peito, Hyewon o segurou de tal forma que Dohan estremeceu de tão frio que estava. Não importa o que ele fizesse, parecia realmente difícil igualar suas temperaturas, então Dohan soltou um longo suspiro por cima do ombro e disse:
—Ah… Isso é tão estranho…
Hyewon agarrou os peitos de Dohan e pressionou as pontas dos dedos contra um mamilo que já começava a se destacar por baixo da camisa. Claro, quando a mão gelada tocou sua pele, ele sentiu um arrepio tão intenso que até as aréolas, que tremiam pelo contato, ficaram mais inchadas e os mamilos ficaram terrivelmente eretos que ele até se envergonhou de como estavam. Dohan franzia o cenho.
—Ummm….
Hyewon virou a cabeça em direção a aparência de Dohan e começou a morder suavemente a ponta da orelha dele. Num instante, o homem já estava tremendo em seus braços e se movendo de acordo com as expectativas de Hyewon que continuava acariciando seu peito.
—Mas de qualquer forma, nós temos um vínculo, não temos?
Diante das palavras de Hyewon, Dohan sorriu.
—Mas é só algo psicológico. É um vínculo falso…
—Mas ainda assim, é um vínculo…
—Umm… Pode-se dizer que sim… De uma forma estranha, mas… É isso aí.
Diante da resposta de Dohan, que estava ofegante, Hyewon finalmente chegou ao ponto que queria:
—… Dohan, posso te tocar mais do que isso?
—Maldito infeliz. Se eu não quisesse que você me tocasse mais do que isso, não teria deixado que começasse para começar.
Dohan soltou as mãos que abraçavam Hyewon pelo pescoço e as usou para agarrar o pulso dele. À primeira vista, o homem parecia pálido e magro, mas o braço que ele estava segurando entre sua mão era forte e seu esqueleto bastante robusto. Dohan aproximou os dedos do seu corpo e deixou que aquelas palmas se estampassem na parte de cima de seu abdômen. Dessa forma, as mãos de Hyewon pareciam correr perfeitamente por dentro de sua roupa e apertar o suficiente sua carne para revelar o contorno de seus músculos e até começar a esticar o tecido.
—Ah… Por favor.
Quando Dohan empurrou suavemente seus quadris para trás e inclinou a cintura, Hyewon se inclinou sobre seu corpo até fazê-lo desmoronar no sofá sem poder fazer nada para detê-lo, contrariando a força que se esperava de um Alfa.
De repente, as mãos ásperas desceram pelo corpo de Dohan e, quando os dedos, que estavam se movendo com bastante familiaridade, de maneira torpe e impaciente, se meteram entre suas pernas, Dohan levantou suavemente a cintura e inclinou a cabeça em uma direção em que pudesse ver o rosto de Hyewon. E diante daquele gesto tão lindo de aceitação, Hyewon finalmente deslizou sua mão nas calças de Dohan só para agarrar aquela carne que já parecia estar queimando.
—Umm…
A narração do antigo documentário que Kang Hyewon havia colocado na televisão e o som das roupas se movendo eram as únicas coisas que pareciam preencher a sala de estar.
—Dohan-ah…
—Hyewon…
—Posso te beijar?
—É sério isso?
Diante da pergunta de Hyewon, Dohan fez uma terrível expressão de raiva e o agarrou pelo pescoço até que a camisa azul clara e arrumada de Hyewon começou a se amassar entre suas mãos. Então, suas testas bateram uma na outra com força suficiente para fazer um som de “pam”, mas, de qualquer maneira, ficou claro que Dohan não se importou com isso nem um pouco. Mesmo que tenha sido mais como uma cabeçada do que um beijo.
Dohan encostou seus lábios nos de Hyewon e deixou a ponta afiada de seu nariz tocá-lo para se aprofundar um pouco mais em suas ações. E um pouco hesitante sobre se isso deveria ser chamado de “gesto de amor” ou não, Hyewon sorriu e começou a gargalhar. Nos últimos dias, ele estava frequentemente fazendo isso tantas vezes que até as enfermeiras da sala de cirurgia pareciam surpreendidas.
—Hyewon…
Assim que seus lábios se separaram um pouco dos dele, fluiu um breve suspiro que soou bastante encantador.
—Mais, por favor. Mais….
—Vai ser um prazer.
°
°
Continua….