Um bandido em cima de um bandido - Capítulo 01
Capítulo 01
“Kim Jung-woo.”
A mão do homem tocou levemente o crachá no lado esquerdo do peito.
“Você parece bem. Quanto custa uma noite com você?
Mais uma vez.
“Você já dormiu com um homem? Devo mostrar a você?”
A piada grosseira fez com que todos na sala caíssem na gargalhada. O Oásis sempre atraiu uma grande variedade de pessoas. Costumava ser um bar próspero, mas quando caiu nas mãos de alguns bandidos, a qualidade se perdeu e o número de clientes diminuiu significativamente.
Soo-hyun trabalhava como garçom no Oásis há um ano e sua aparência notável frequentemente atraía avanços dos clientes. A maioria eram mulheres, mas ocasionalmente os homens tomavam iniciativas. Claro, se você fosse bonito, poderia ter quem quisesse. Mas quando você olha para caras assim, seus rostos são terríveis.
Exatamente como esse cara.
O homem de camisa roxa examinou o corpo de Soo-hyun com um olhar bêbado e errante.
“Obrigado pelo elogio.”
Soo-hyun respondeu sem sinceridade enquanto a mão do homem se movia em direção às suas nádegas desta vez. Ele colocou a garrafa que carregava sobre a mesa e fingiu sorrir. Quando estava prestes a recuar, o homem abriu a carteira. Entre as notas na carteira, haviam várias notas de dez mil won.
Soo-hyun sentiu uma onda de excitação. Haviam clientes que davam gorjetas generosas, mas…
Com olhos esperançosos, ele observou o homem tirar um cartão de visitas em vez de uma nota.
“Se precisar de alguma coisa, entre em contato comigo.”
O olhar de Soo-hyun pousou no cartão de visita. A palavra “Entretenimento” estava escrita nele. Era uma empresa da qual nunca tinha ouvido falar antes. Parecia que todos administravam agências de entretenimento. Droga.
Depois de trocar acenos educados e receber o cartão de visita com um sorriso, Soo-hyun saiu. Ele não pôde evitar dar um tapinha nas próprias nádegas novamente.
“Dê uma olhada.”
“Sim.”
Quando ele fechou a porta e saiu, Soo-hyun amassou o cartão de visita na mão e o jogou na lata de lixo. Ele se aproximou para anotar o próximo pedido, mas o final do corredor estava barulhento. Quando se virou, uma garota saiu correndo com uma expressão assustada no rosto, seguida pelo gerente e um segurança. A voz do cliente bêbado ecoou por todo o corredor.
Ele estava procurando por uma garota, fazendo um estardalhaço por causa disso. Qual é o problema se ele ficou um pouco sensível? A menina que havia saído da sala pegou um cigarro no balcão e reclamou com a senhora. Hoje, o cansaço parecia dominá-la. Ela deveria ter tirado uma soneca durante o dia. Isso tudo porque ela teve um sonho estranho.
Arrastando seu corpo pesado, Soo-hyun continuou a se mover sem parar. Alguém o empurrou para o lado enquanto passava. O cara de camisa roxa que tocou nas nádegas e lhe entregou o cartão de visita estava tropeçando. Ele parecia estar ainda mais bêbado agora.
Enquanto observava o homem entrar no banheiro, Soo-hyun olhou ao redor. Parecia que toda a atenção da equipe estava voltada para dentro, provavelmente por causa do cliente problemático. Quando ele caminhou em direção ao banheiro com passos casuais e cautelosamente abriu a porta, o homem que acabara de terminar seu trabalho estava puxando as calças na frente do mictório. Aparentemente, ele estava bêbado demais para fechar o zíper corretamente e continuou bagunçando tudo, murmurando maldições baixinho. Eventualmente, ele desistiu. Então ele avistou Soo-hyun, franziu a testa e logo gesticulou para ele.
“Venha aqui e feche o zíper.”
Sua pronúncia estava arrastada e suas palavras foram sumindo. Soo-hyun, que estava olhando para os olhos desfocados do homem, se aproximou e fechou o zíper da calça. A propósito, ele estava usando roupas íntimas caras. Depois de apertar os botões, Soo-hyun deu um passo para trás, e o homem fez gestos incompreensíveis e murmurou como se estivesse falando dormindo.
“Obrigado. Eu deveria te dar uma gorjeta… Uma gorjeta…”
O homem abriu a jaqueta, remexeu no bolso interno, mas depois cambaleou. Soo-hyun o apoiou e sorriu.
“Não há necessidade de gorjeta. Senhor.”
“Não, não. Eu quero dar a você.
“Vamos, senhor. Vou apenas aceitar sua gratidão.”
Soo-hyun o ajudou a sair do banheiro. Talvez ele nunca tenha pretendido dar uma gorjeta em primeiro lugar. Se pretendesse, ele teria feito isso quando tocou as nádegas de Soo-hyun. Soo-hyun gentilmente guiou o homem para longe do banheiro.
“Não é por esse caminho. Você precisa ir por aqui. Bem aqui.”
Ao abrir a porta, a cena dentro da sala era caótica. Todos estavam bêbados e fazendo uma bagunça. Soo-hyun empurrou o homem para dentro da sala e fechou rapidamente a porta, com alguém parado atrás dele. Foi alguém que Soo-hyun conhecia e que o apresentou a esse trabalho. Ele lançou um olhar desconfiado para Soo-hyun, então Soo-hyun apenas deu de ombros e se virou. Na última sala, o gerente ainda atendia o cliente.
Soo-hyun foi até o banheiro como se nada tivesse acontecido e tirou a carteira do homem de dentro do colete. Quando a abriu, viu que ela estava cheia de notas de dez mil won bem arrumadas. Havia facilmente mais de cem mil won. Soo-hyun colocou o dinheiro no bolso e notou uma foto de família que parecia pacífica.
A criança na foto não se parecia em nada com o homem e era muito fofa.
Droga. Ele não tem vergonha de ter filhos?
Soo-hyun bateu levemente no rosto de buldogue do homem na foto com o dedo.
“Se você tocou na bunda de outra pessoa, deveria pagar por isso.”
Ele abriu a tampa do vaso sanitário e jogou a carteira do homem dentro. Depois de fechar a tampa e sair do banheiro, a pessoa que estava atrás dele bloqueou seu caminho. Sua expressão era hostil. Soo-hyun casualmente abriu a torneira e lavou as mãos. A pessoa estendeu a mão.
“Me dê isto.”
“O quê?”
“A carteira que você acabou de pegar.”
Soo-hyun enxugou as mãos molhadas no ar e estendeu as duas, mostrando que não havia nada.
“Nada aqui.” disse descaradamente.
Mas a pessoa continuou com a mão estendida. Soo-hyun o evitou habilmente e tirou um maço de dinheiro do bolso de trás. A expressão da pessoa se distorceu. A partir daí, Soo-hyun tirou duas notas de cinquenta mil won e colocou-as no bolso com seu crachá, como se estivesse dando uma gorjeta.
“O silêncio é a condição.”
“Ei, você!”
Para evitar que a pessoa tentasse pegar o resto do dinheiro, Soo-hyun enfiou-o nas calças. Sorrindo para a virilha protuberante, Soo-hyun disse: “Pegue. Mas eu espalharei rumores por toda parte de que tocou no meu embrulho.”
A pessoa fez uma cara incrédula. Soo-hyun riu zombando. Finja que você não sabe. Por que você está se envolvendo nos negócios de outra pessoa? A pessoa o seguiu, reclamando o tempo todo. Por que você está assim? Eu disse para você não tocar no dinheiro do cliente. Se você for pego, o chefe saberá o que fazer. Por que você não consegue se recompor…
Independentemente de suas reclamações, Soo-hyun entrou no camarim e fechou a porta. Estava quieto lá fora. Ele tirou a roupa, colocando o dinheiro no bolso interno do suéter. Ele verificou a hora. Eram quatro da manhã. Era mais cedo do que o horário habitual de saída, mas ele havia avisado ao gerente com antecedência, para que o patrão entendesse. Além disso, hoje não foi um dia especial? Na verdade, foi estranho usar a palavra “especial”.
Quando ele subiu as escadas subterrâneas e emergiu acima do solo, pôde respirar livremente. Estava um pouco frio para uma madrugada de outubro. Ele caminhou, abrindo o zíper do suéter, e as ruas estavam relativamente vazias. Ele chamou um táxi que estava nas proximidades, o motorista parecia cansado, sonolento.
“Para Hongje-dong.”
O táxi, que já circulava há algum tempo, parou em frente a um mercado 24 horas. Dentro do mercado, Soo-hyun comprou uma maçã, uma pêra, soju, bacchus e a marca de cigarros que sua mãe gostava. Depois de pagar, ele caminhou um pouco. Quando chegou à esquina do bairro, um beco íngreme apareceu.
Ao subir o morro, encontrou pessoas que pareciam estar indo para o trabalho de manhã cedo. Para Soo-hyun, era o momento em que o trabalho terminava, mas para outra pessoa, era o início do dia. Ele passou por eles e chegou à porta azul dentro do muro. Ele esticou o pescoço e espiou dentro.
Felizmente, não viu a proprietária. Ele não queria que ela saísse correndo e criasse confusão por causa do aluguel atrasado. Ele silenciou seus passos, com medo de que ela pudesse sair de repente. Subindo as escadas com cuidado, chegou à sala da cobertura. Na frente de seu quarto, um homem estava parado fumando um cigarro.
Quando Soo-hyun o reconheceu em um instante, ele suspirou e murmurou uma maldição baixinho.
Ele está cobrando o aluguel a esta hora. Como é diligente.
Quando Soo-hyun se aproximou da porta, o homem o seguiu e ficou ali parado. Ele inseriu a chave, tentando abrir a porta, mas a fechadura estava rígida e não girava facilmente. Ele a tirou e soprou antes de inserir novamente, mas o homem puxou conversa.
“Soo-hyun.”
Chamando seu nome verdadeiro, que outras pessoas não sabiam.
“Vamos conversar. Não estou aqui por dinheiro.”
Soo-hyun se virou. Se o homem do agiota não estivesse aqui por dinheiro, para que ele poderia estar aqui? O homem era um dos capangas de Kim Chang-nam, um notório agiota e, não importava para onde Soo-hyun fugisse, ele sempre conseguia encontrá-lo.
O homem veio atrás dele. Além disso, apesar de pagar uma quantia substancial de dinheiro, os juros continuaram a acumular, e a dívida não baixava nem um centavo.
E hoje, a pessoa que veio ver Soo-hyun era seu subordinado, Do-kki. Ele ganhou o apelido de “Do-kki”, o que significa que cortaria seu pulso com um machado se você não pagasse. Soo-hyun ocasionalmente ficava curioso para saber quantos pulsos ele realmente havia cortado.
“Se não é por dinheiro, pelo o que então? Rins, talvez?”
Do-kki falou com indiferença, exalando fumaça de cigarro. Soo-hyun riu, abriu o zíper da jaqueta e levantou a camisa, revelando cicatrizes na barriga e nas laterais.
“Mas o que nós podemos fazer? Alguém pegou algumas peças há algum tempo.”
Do-kki tirou uma carteira do bolso e o entregou um pedaço de papel dobrado.
“Hyung-nim tem um trabalho para você.”
Soo-hyun ergueu uma sobrancelha.
“Droga. Agora os agiotas estão até criando ofertas de emprego?”
“Foi o que o chefe ordenou.”
Parecia superficial, uma oportunidade de emprego facilitada por um agiota. Ele não precisava ler nas entrelinhas para perceber problemas. Sem se preocupar em responder, ele se virou para sair para seu apartamento. Mas Do-kki amassou o papel e o enfiou na jaqueta de Soo-hyun.
“Escute, se você fizer isso bem, receberá metade do seu principal de volta.”
A mão que girava a chave fez uma pausa. Ele tinha ouvido mal? Ele virou a cabeça e olhou para o homem.
“Que tipo de trabalho?”
“Eu te conto quando você chegar lá.”
Soo-hyun permaneceu em silêncio, olhando para o envelope que segurava.
“Então eu vou. Diga a sua mãe que eu disse olá.”
Droga. Ele praguejou enquanto olhava para Do-kki, mas ele apenas se virou, desaparecendo nas sombras. Soo-hyun, deixado sozinho, abriu a porta e entrou. A mobília modesta o saudou. Quando ele tirou os sapatos e caminhou no chão frio, sentiu ainda mais frio. Ele considerou que talvez estivesse mais quente lá fora.
Soo-hyun colocou os itens que comprou no mercado no balcão da cozinha e enfiou a mão no bolso para pegar a nota que havia recebido antes. O papel amassado tinha apenas um número de telefone rabiscado.
Continua…
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Créditos:
→Tradução: Camii
→Revisão: Lysss